Canção das mulheres

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Somos seres humanos e é inerente a nossa natureza o afeto. No entanto,  os afetos , nem sempre, correspondem ao que necessitamos . Encontrei nas palavras da escritora Lya Luft, quase uma oração a aceitação à condição da mulher como um simples SER HUMANO.

Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.
Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.
Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.
Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.
Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.
Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.
Que o outro sinta quanto me dói a idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco — em lugar de voltar logo à sua vida, não porque lá está a sua verdade mas talvez seu medo ou sua culpa.
Que se começo a chorar sem motivo depois de um dia daqueles, o outro não desconfie logo que é culpa dele, ou que não o amo mais.
Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo “Olha que estou tendo muita paciência com você!”
Que se me entusiasmo por alguma coisa o outro não a diminua, nem me chame de ingênua, nem queira fechar essa porta necessária que se abre para mim, por mais tola que lhe pareça.
Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.
Que quando levanto de madrugada e ando pela casa, o outro não venha logo atrás de mim reclamando: “Mas que chateação essa sua mania, volta pra cama!”
Que se eu peço um segundo drinque no restaurante o outro não comente logo: “Pôxa, mais um?”
Que se eu eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.
Que o outro — filho, amigo, amante, marido — não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.
Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa
uma mulher“. Lya Luft

 

BOA SEMANA

Norma

Comments

  • chica
    Responder

    Que lindo,Norma!Adoro a Lya, sempre escrevendo muito bem!!beijos,linda semana,chica

  • Vanessa
    Responder

    Ah !! ser mulher é ter toda a inconstância dentro de um coração só.
    ^^
    lindo texto da Lya.
    Uma semana maravilhosa p vc
    (amei a imagem das tulipas rs)
    beijos mil ****

  • Élys
    Responder

    Um belo texto da Lia Luft que é , de fato, quase uma oração …Gostei muito.
    Beijos.

  • Anne Lieri
    Responder

    Norma,que maravilhoso texto que fala com tanta propriedade das mulheres!Me identifiquei!bjs e boa semana!

  • Valéria
    Responder

    Oi Norma!
    Lindo oração, mas uma incondicionalidade quase impraticável.rss
    Ahhhh, seria tão bom poder vivenciar isso sempre!
    Beijinhos e uma iluminada semana!

  • Luzia
    Responder

    Que bela “coincidência” encontrar flores e um texto com esta mensagem…
    Passei para dar um abraço e convidá-la a me visitar…
    Grande abraço!
    Luzia

  • Toninho
    Responder

    Tenho lido varias postagens com textos da Lia Luft e posso dizer que gosto do que ela expressa,este está perfeito para analise do outro e quando este é uma mulher,há que se repensar e em todos os conceitos estereotipados e ultrapassados.
    Otima postagem Norma.

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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