Paradoxo da resiliência

resiliencia 4

 

“O horizonte inclina-se para frente oferecendo-lhe

espaço para dar novos passos rumo à mudança.”

Angelou

 

 

Sinto-me profundamente angustiada. Sou uma perdedora, não consegui manter meu casamento, meu mundo está esfacelado. Com essas palavras, Cíntia começou nosso diálogo.

 Há momentos da trajetória da vida que conseguir fazer uma retrospectiva amplia o olhar sobre o si mesmo e sobre as possibilidades para enfrentar obstáculos. Neste sentido, pedi-lhe que falasse sobre as suas primeiras dificuldades.

Quando eu tinha 14 anos, meu pai estava desempregado e não podia me manter no colégio particular. Em função disto, meu tio conseguiu que eu fosse matriculada num colegial vinculado à universidade pública, que era um dos melhores da época.

Toda animada, mas temerosa, comecei o curso; rapidamente percebi o meu desnível na turma em relação à grade, bem como ao status social. Foi um ano extremamente doloroso, pois não conseguia acompanhar as diversas matérias e nem os assuntos do grupo sobre viagens, festas, moda, entre outros.

Contudo, meu primo, que lá também estudava, deu- me apoio e enfrentei o ano que terminou sem que eu conseguisse notas para passar. Então, solicitei aos meus pais que conseguissem durante as férias uma professora para me ajudar a rever algumas matérias. Assim foi feito.

 A partir daí venci as dificuldades curriculares e tirei boas notas nos demais anos, Fortalecida no aprendizado, comecei a lidar melhor com as diferenças, valorizando meu curso de piano, minhas festinhas de bairro, inserindo novos assuntos com colegas que já me acolhiam.

 Ao contar esses fatos, seus olhos começam a irradiar vivacidade. Outros obstáculos foram relatados, sendo articulados às suas conquistas ao vencê-los, proporcionando-lhe a chance de reconhecer seus recursos pessoais, seus enfrentamentos e sucessos anteriores à situação que se encontrava.

 Fortalecida com as articulações realizadas, pôde então falar com mais tranqüilidade do seu casamento que findara e perceber que não poderia sozinha investir no relacionamento. Seu marido não aceitara qualquer proposta de rever o que estava ocorrendo e que, ao longo do tempo, os levara ao distanciamento físico e emocional. Diante deste entendimento, decidiu que faria sua terapia individual para reconduzir sua trajetória de vida.

 Enfim, “os piores momentos também podem se tornar os melhores” (Wolin, 1993).

Norma Emiliano

 

Comments

  • Adao Braga
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    somos, a maioria, criados para lidar com matemática, gramatica, geografia, física, outras línguas… e pouca educação emocional, pouca orientação de como reagir, de como enfrentar nossos dilemas que nascem em situações adversas.

    As emoções são as que mais facilmente nos leva a sentir-se como descrito “Sinto-me profundamente angustiada. Sou uma perdedora, não consegui manter meu casamento, meu mundo está esfacelado”

    Somos uma sociedade orientada ao pragmatismo. Dizem logo: deixa isto de lado, como se, fosse assim, rápido e fácil lidar com o que corrói por dentro!

  • chica
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    A famosa volta por cima que sempre podemos dar. Lindo texto! beijos,chica e ótima semana!

  • Yasmine Lemos
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    tem que ser forte todo dia o tempo todo…mundo cruel.
    beijo!

  • Lúcia Soares
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    É, Norma. Mata-se um leão a cada dia, com certeza! A vida não é nem um pouco uma página de facebook (só pra citar um meio onde, parece, todos são felizes, realizados, o tempo todo).
    Beijo!

  • Norma Emiliano
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    Oi Lúcia
    A vida é em si maravilhosa eu vivo encantada com as belezas do planeta terra, no entanto vivenciamos momentos bons e ruins. Viver é um constante ultrapassar obstáculos.

  • Toninho
    Responder

    Uma boa semana Norma plena de paz,alegria,saúde e muita luz.
    As vezes é preciso muito pouco para iniciar o processo da ignição que gera a explosão.
    Que sejamos este emaranhado de alternâncias, mas que nunca nos percamos da sementinha da esperança, que nos permite criar possibilidades.
    Um carinhoso abraço amiga.
    Bjo.

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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