A escolha profissional e a família

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“É na família que a criança se estrutura, se constitui e se constrói como pessoa” ( Bock et al (1995)

 

Diferentes referenciais teóricos apontam que a influência da família no processo de escolha profissional dos filhos ocorre continuamente nos processos de interações desde a infância.

A década de 50 marca o interesse sobre a influência da família na elaboração do projeto de vida do jovem quando foi introduzido o conceito de Desenvolvimento Vocacional em oposição ao estudo das características individuais defendidas anteriormente. Na atualidade, teóricos de diferentes países e diferentes abordagens ((HARTUNG et al, 2005; SCHULENBERG et al, 1984;  WHISTON e KELLER, 2004) se detêm no estudo da influência da família no processo de escolha profissional.

Na literatura brasileira tem ocorrido um crescente número de estudos sobre esta influência,  especialmente do momento da escolha profissional do jovem. (LUCCHIARI, 1997; LEVENFUS 1997; VIAMONTE, 2012; BARDAGI e HUTZ, 2006). A contemporaneidade mostra-se desafiante com suas características de fluidez, velocidade, consumismo, exigindo a constante tomada de decisão em todos os domínios da vida. Entretanto,  a família continua sendo espaço para a construção da identidade e o cerne da sociedade. Os pais são fonte de apoio ou pressão, de informação profissional, de modelos, bem como de oportunidades dos filhos escolherem a profissão.  Ao nascer, o indivíduo já se constitui como um “antigo futuro sujeito”, uma vez que a história familiar passada contribui para construir as representações que o jovem faz de suas possibilidades profissionais.

Novas configurações familiares e outras denominações surgiram, determinando novos padrões de relacionamento e filiação. Contudo, ainda depende-se desse conceito de família para identificação da existência do Eu e  o processo de maturação do indivíduo no projeto de carreiras está inevitavelmente, ligado às transformações ocorridas em sua família e nas estruturas sociais e econômicas.

Os filhos estabelecem conceitos e valores acerca das profissões de acordo com o que é falado pela família e observado nas interações cotidianas. É  no grupo familiar que o jovem constrói a coesão interna e encontra proteção externa. Autores (LEVENFUS e NUNES, 2010) apontam que a vivencia de um casamento falido gera inseguranças na tomada de decisões e medo de escolha errada, impulsividade ou adiamento da decisão profissional e que as perdas dos pais por morte provoca dispersão psíquica, estando esta retida na resolução do luto (perda de interesse e a inibição) e também na prevalência de lembranças negativas do morto, o que pode predispor ao luto patológico ou à melancolia.

Enfim, a literatura demonstra que a família exerce influência considerável sobre a escolha profissional de seus adolescentes, mesmo que estas não sejam conscientemente reconhecidas.

Referências

LEVENFUS, R. S.

Comments

  • chica
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    A família, querendo ou não, reconhecendo ou não é importante para a decisão, dando exemplo, ou firmeza na liberdade de escolha! bjs, chica

  • Marilene
    Responder

    A liberdade de escolha é fundamental. Nem sempre os filhos abraçam a profissão dos pais. Mas é certo que sempre serão influenciados pela vivência familiar. Bjs.

  • Ailime
    Responder

    Boa noite Norma,
    Muito interessante o seu artigo.
    Penso que actualmente isso se verifica com maior notoriedade.
    Pelas profissões que meus filhos escolheram a nossa influencia terá sido inconsciente ou diminuta, uma vez que seguiram rumos muito diferentes dos nossos e demos completa liberdade de escolha. Seguiram vocações que se começaram a manifestar ainda na infância;))!!
    Beijinhos e bom fim de semana.

  • Toninho
    Responder

    Norma é muito interessante esta sua abordagem sobre este processo de construção de uma escolha profissional e a família como elemento influenciador. A referencia aos anos 50 é interessante analisando em termos de Brasil o crescimento que se instalara pós Segunda Guerra com surgimento de várias profissões e oportunidades de crescimento. Nota-se que as cadeiras de exatas passam a ter um um glamour como a área de medicina e do direito. Na vida feminina impera ali uma tendencia de influenciar as moças no sentido de lecionar ser uma normalista e não raros casos de famílias que influenciavam suas moças aos conventos. A tendencia ali de ser como nossos pais era forte e prevalecia. Vale salientar que no tempo esta influencia foi perdendo espaço ao tempo que os jovens passaram a chegar na fase cada vez mais jovens e possivelmente sem uma vocação consolidada e pouco influenciado pela família moderna “do deixa que ele escolhe” e assim podemos encontrar jovens perdidos num tiroteio. De frente para uma decisão e movido de medo de não fazer a escolha certa, donde cresceu as palestras de vocações no sentido de bussola para estes. Enfim é complexo esta influência no que ela é capaz de exercer. Mas em regra geral pode sim a profissão dos familiares influenciar nos novos, desde que haja sucesso nestas profissões dos familiares.
    Um bom assunto Norma para ser bem destrinchado com especialistas assim como voce para mostrar a evolução deste processo.
    Muito bom.
    Abraços.
    Bjs.

  • Norma Emiliano
    Responder

    Oi Toninho. Minha monografia versou sobre esta temática, aqui trouxe um pequeno recorte como chamada a importância desta temática.

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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