Poetando com
Fernando Pessoa
“Viajar? Para viajar basta existir. Vou de dia para dia, como de estação para estação, no comboio do meu corpo, ou do meu destino, debruçado sobre as ruas e as praças, sobre os gestos e os rostos, sempre iguais e sempre diferentes, como, afinal, as
paisagens são.
Se imagino, vejo. Que mais faço eu se viajo? Só a fraqueza extrema da imaginação justifica que se tenha que deslocar para sentir.
Qualquer estrada, esta mesma estrada de Entepfuhl, te levará até ao fim do mundo”. Mas o fim do mundo, desde que o mundo se consumou dando-lhe a volta, é o mesmo Entepfuhl de onde se partiu. Na realidade, o fim do mundo, como o principio, é o nosso conceito do mundo. É em nós que as paisagens tem paisagem. Por isso, se as imagino, as crio; se as crio, são; se são, vejo-as como ás outras. Para que viajar? Em Madrid, em Berlim, na Pérsia, na China, nos Pólos ambos, onde estaria eu senão em mim mesmo, e no tipo e gênero das minhas sensações?
A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos, não é o que vemos, senão o que somos.”
Norma Emiliano
Comments
chica
Maravilhosa poesia e Pessoa é assim sempre! bjs,chica
Gracita
Bom dia Norma
Que delicia acordar e viajar nos belos versos desta soberba poesia
Que o seu domingo seja feliz
Beijos perfumados
Calu
Viajamos nas cantatas deste poema viajor de si para além de nós; reflexos do que expectamos, imagens de nós mesmos(as).A cada dia sua viagem.
Aplausos Norma!
Belo poema!
Bjos,
Calu
Toninho
Que lindo esta visão de Pessoa.
Isto mostra uma influencia no Pequeno Príncipe no seu longe é um lugar que não existe. Viajar e se colocar onde quer que queira.
Bonita escolha Norma.
Carinhoso abraço de muita paz e luz.
Beijo
Lúcia Soares
Que texto lindo! Obrigada por compartilhar. Preciso ler mais Fernando Pessoa, descobrir mais quem foi esse grande pensador moderno. Amei.
Beijo, Norma.