Poetando

   

 POEMA DA TARDE CHUVOSA

 

“Solene, se inunda a tarde,

com tão abundante chuva,

e o ar transpira o odor

da terra molhada,

enquanto me mantém recluso

no oco da solidão escolhida.

Agitam-se afoitos relâmpagos

por entre venezianas, frestas,

e desvãos da alma,

escorrendo pela folha

o árido poema.

Ponho-me quieto,

respeitoso, perante lampejos

e lembranças de tempestades,

tantas, ao longo do caminho.

Discreto, um fio d’água

desce pela vidraça,

numa lágrima possível.

Do telhado, grossos veios

transformam-se no chão

em loucos bailarinos,

que engraçados, dançam

num perfeito ritmo.

A chuva agora aumenta,

mas logo se aquieta,

vai se afinando, lentamente.

Como mágica, uma poeira d’água

se transluz e enfeita a tarde

num perfeito mini arco-íris,

entre o telhado e a janela.

Toda a solenidade se dispersa.

A tarde volta a sorrir.”

Sávio Roberto Moreira Gomes

 

Comments

  • chica
    Responder

    Lindo poema que passa pela chuva, pelo cinza e chega às cores …beijos,lindo domingo,chica

  • Valéria
    Responder

    Oi Norma!
    Uma metamorfose de palavras, humores e sentimentos… Belo poema!
    Beijos e ótima semana!

  • Savio Gomes
    Responder

    Oi, Norma!
    Somos colegas de profissão!
    Obrigado pela publicação do meu modesto poema.
    De vez em quando, dou uma passada por aqui e me deleito com os posts de muito bom gosto.
    Um fraterno abraço!

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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