Reinventar o amor
Há momentos que é importante poder olhar por outra janela
Em terapia de casais, é freqüente a queixa de que não reconhecem mais o amor que os uniu. Será que é natural o cotidiano de casal esfriar a relação e diminuir a atenção entre os parceiros?
As diversas fases da vida do casal trazem tarefas, absorvem os parceiros, enraízam hábitos, as novidades são abandonadas e o amor se transforma em tédio. Como entender este processo?
O indivíduo tem a tendência de naturalizar as situações gerando automatismo de suas ações e, assim, vai tornando-se insensível. O estranhamento desaparece. Esta naturalização ocorre como mecanismo de defesa pela necessidade do homem de sentir-se seguro. De outra forma, as diferenças pessoais atuam com muita freqüência como disputas pessoais causando conflitos e mágoas. Estas mágoas, muitas vezes, agravam-se, quando o indivíduo percebe os demais como extensão de si mesmo; as diferenças entre as pessoas, desta forma, não são reconhecidas. Somam-se a estes fatores o incentivo da sociedade atual ao individualismo e à busca do prazer momentâneo, dificultando o fortalecimento e valorização dos vínculos. Ao surgir um obstáculo na relação, ocorre o desvio da atenção e a mudança do objeto de amor.
Há como reverter este processo?
Por seu dinamismo, os relacionamentos necessitam de reajustes constantes. Assim sendo, a naturalização exacerbada precisa ser rompida e para tal é necessário refletir-se sobre como lidar com o que está a sua volta. O auto-conhecimento e diálogo são essenciais e as diferenças entre as pessoas precisam ser reconhecidas e respeitadas. O cultivo bilateral dos vínculos amorosos e sociais enraíza a cumplicidade e o companheirismo; a relação não pode ser uma via de mão única. Ambos precisam estar lado a lado. Enfim, o cuidado diário das relações é uma peça fundamental desta engrenagem. Nas palavras dos poetas “entregue-se ao momento, deite-se de costas, reveja o céu e deixe- se ir.” Enfim, cuide bem do seu AMOR.
Norma Emiliano
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