Dois são dois; três é bem diferente

 

Retrospectiva-  IV Encontro Fluminense de Terapia Familiar-  Ecos do  IX Congresso

Dois são dois; três é bem diferente: do subsistema casal à inauguração da nova família.

Lucia Helena Barros Vinagre

 

A Terapia do Casal como ritual de passagem na transição para a paternidade. Com a transição para a paternidade o casal se torna um grupo de três, o que os transforma em sistema permanente e que constitui uma transição-chave no ciclo-vital. Os eventos e transições normativas no ciclo vital como o nascimento de um filho são assinalados como rituais. As negociações que ocorrem durante a preparação para este ritual de ciclo de vida podem ser oportunidades para uma mudança de segunda ordem, e podem ser vistos como o drama visível e condensado das transições de ciclo de vida que assinalam. Os rituais neste momento da vida de um casal podem reduzir a ansiedade em relação à mudança e tornam a mudança manejável, na medida em que os membros do casal a vivenciam como parte de seu sistema e não como uma ameaça a ele. Isto contribui como identidade do casal, para o seu senso de si mesmo através do tempo, facilitando a elaboração de papéis, fronteiras e regras. Podem também ajudar na resolução do conflito conforme os rituais incorporam elementos contraditórios dos membros do casal.  O projeto de ter um filho assinala transições normativas de ciclo de vida possibilitando a mudança individual e mudanças no relacionamento. Passar de casal para família não possui mapas existentes que atendam as expectativas dos membros do casal. É necessário neste espaço da terapia do casal utilizar, se há apoio contextual da família de origem, eventos e processos individuais e familiares dolorosos para chegar a um equilíbrio entre serem como os outros e serem diferentes dos outros. A identidade e o senso de competência familiar incluem reflexões de sistemas mais amplos com os quais interagem para propiciar incorporar imagens mais positivas como também promover o desenvolvimento do relacionamento. Este processo terapêutico como ritual de passagem facilita a transição dos membros do casal, pois trabalha a abertura das fronteiras e cria novas opções de relacionamento, pois apesar de parecer uma transição natural para o casal pode criar disfunção no relacionamento conjugal.

Fonte: Livro de resumo do IX Congresso de Terapia Familiar/2010

Comments

  • josé cláudio – Cacá
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    Hoje, mais do que antes (devido ao grande crescimento populacional e a loucura urbana) acho que essa terapia deveria ser encarada pelos casais como uma obrigação, um compromisso de ambos. Às vezes tenho a sensação que a mioria está tendo filhos apenas para cumprir uma função biológica sem levar muito em conta os desdobramentos de se ter filhos. Basta observarmos o que vem ocorrendo nos lares. Pais impacientes, despreparados. Muitos consideram filhos como estorvos, uma espécie de mal necessário. Muito bom, Norma! Abração. paz e bem.

  • Nilce
    Responder

    Oi Norma

    Realmente a passagem da vida de um casal para família pode causar transtornos que por muitas vezes são consideradas normais.
    Coneço muitos que sofreram com ciúmes, a ausência e dedicação em relação ao filho, o que não é aceito pelo outro.
    Há que haver uma boa preparação para ambos.
    Texto muito inteligente e bem elaborado.
    Parabéns e obrigada.

    Bjs no coração!

    Nilce

  • Ana Karla – Misturação Misturão
    Responder

    Passando para aprender e refletir.
    Bom dia Norma!
    Xeros

  • Beth Q.
    Responder

    Amiga Norma!
    Pelo jeito você está de férias, mas o blog não.
    E este texto é bem interessante mesmo para ler e refletir, principalmente para quem está começando a formar sua família agora.
    Boas férias e um beijo carioca

  • Manuela Freitas
    Responder

    Olá Norma,
    Estou a apreciar estes posts sobre o casal, realmente no mundo actual em que se vive de forma tão aérea há certos factos, que deviam merecer uma grande reflexão, como o caso de um casal ter um filho!
    Beijo,
    Manú

  • Toninhobira
    Responder

    Interessante abordagem sobre esta as vezes devastadora transição, realmente há casos terriveis de concepçao de disputa de espaço, como se a transição estivesse a selar um esfriamento na relação por desvio de atenção. Muitos casais se perdem nesta ponte e realmente afogam. Quem sabe nestes cursos preparatorios de noivos (preparados pelas igrejas) ainda poderemos ver/ter a presença de um profissional da Terapia Familiar?. Meu abraço de paz e luz.

  • Socorro Melo
    Responder

    Olá, Norma!

    Muito interessante. Mudança sempre traz transtorno, e por isso se faz necessária uma preparação. Os casais vivenciam uma alteração ímpar, com a chegada dos filhos, e isso deve ser bem delineado, para que a família “se origine” num ambiente harmonioso.

    Legal esse texto.

    Beijos
    Socorro Melo

  • Liliane Carvalho
    Responder

    quando engravidei pela primeira vez fiz acompanhamento psicológico porque fiquei muito mexida com a responsabilidade de ser mãe.
    foi ótimo tanto para mim, quanto para o meu marido.
    concordo com o Cacá, os casais poderiam se preparar mais para serem pais.
    beijo.

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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