Balanço

 

Entre Perdas e Ganhos

Ao retornarmos as nossas histórias e ampliarmos nossa visão observamos que as perdas e os ganhos fazem parte de um mesmo processo e que não há como escalarmos o crescimento pessoal sem passarmos por momentos de renuncias e sofrimentos.

Normalmente, considera- se que o desenvolvimento pessoal flui naturalmente e que estamos sempre conscientes de tudo que nos acontece. No entanto, as interações primárias e, principalmente, a confortável simbiose mãe-filho deixam marcas profundas que nos acompanham e nos limitam.

O indivíduo aprende a amar e ser amado, a se relacionar consigo mesmo e com o mundo com e em suas primeiras interações. Assim, no desenrolar do tempo atravessa várias etapas do seu ciclo evolutivo, sendo acompanhado de perdas importantes ao seu crescimento pessoal. A primeira perda é a da percepção de que “não somos uno com nossa mãe”.  Através do elo- mãe-filho nos sentimos seres completos. Contudo, é no processo de separação-individuação que caminhamos ao encontro da nossa identidade.

 A estrutura psicológica do ser humano se forma até os cinco anos e ao longo da vida, na sucessão das perdas, inevitáveis ao crescimento, ele se defronta com a sua incompletude emocional, pois a primeira perda se repete. Assim, em cada estágio de separação há tarefas que devem ser realizadas, mas a forma de enfrentar às perdas está relacionada ao contexto de valores, a filosofia de vida e a religiosidade.

 Nem sempre conseguimos entender que os momentos de dificuldades que enfrentamos são necessários para alcançarmos um ponto a mais na nossa escala de crescimento. Na dor não vislumbramos os ganhos. Não percebemos que para poder alcançar, por exemplo, a maturidade, tivemos que perder juventude, entretanto pudemos experienciar outros potenciais que, em momentos anteriores não nos eram disponíveis.

Poder olhar para trás e ter saudades, boas recordações é saudável, mas fixar o olhar no tempo passado e não poder usufruir o tempo presente é uma maneira de negar a continuidade da vida; é se tornar velho (fora de uso) mesmo que o tempo cronológico não seja compatível. Portanto, é entre perdas e ganhos que vamos construindo nossa estrada, abrindo novos horizontes. É necessário que possamos reconhecer a dor e, também, saibamos que ela faz parte do movimento constante da vida que se desenrola entre o nascimento e a morte.

Norma Emiliano

Em sua restrospectiva histórica como avalia as perdas e os ganhos?

 

Comments

  • chica
    Responder

    Lindo texto,Norma! O importante é saber contemplar nossa vida, olhar pra trás e saber até rir das bobagens que fizemos, de nossos erros, pois de uma certa forma,nos fizeram chegar onde estamos. Fixar-se lá no passado, nunca… beijos,chica

  • Socorro Melo
    Responder

    Oi, Norma!

    Os ganhos nos atraem, as perdas, causam medo. De fato, só reconhecemos os benefícios das perdas, quando se passa algum tempo, do ocorrido.
    E penso, sinceramente, que nosso crescimento interior, passa, inevitavelmente, pela dor, pelas dificulfdades e pelas perdas.

    Grande abraço
    Socorro Melo

  • Gina
    Responder

    Por mais difícil que seja o momento que estejamos atravessando, um dia a gente vai agradecer ter passado por ele e ter superado. Se a gente tirar algum proveito, já terá valido a pena.
    Bjs.

  • josé cláudio – Cacá
    Responder

    Faço isso diuturnamente; seja refletindo, observando, mas especialmente escrevendo, minha terapia mais saudável. O que eu pensava ser apenas um gosto pessoal (escrever) funciona como tratamento, depurações, avaliações, superações (na medida do possível). Abraços, Norma. Paz e bem.

  • Toninhobira
    Responder

    Sim Norma muito bem enredado sobre esta contabilidade da vida. Há que prosseguir, há que se refletir, olhar no retrovisor e seguir adiante. Bem se parece com a definição de historia na sua visao futura, vivendo o presente e tendo o passado como uma referencia. Se não me falha a memoria o Cacá um dia escreveu algo sobre esta situação de balança nesta vida. Como diz na musica : Nada de entregar o jogo no primeiro tempo, afinal aprendemos tanto… Abraço meu.Sempre admirando e seguindo.Muita paz e luz.Bju de paz.

  • Luzia
    Responder

    Perdas, para mim, normalmente ou é um alerta sobre minha postura sobre o que se foi (oportunidade em repensar minhas aitudes) ou é encerramento necessário, comum e até mesmo natural.
    Ganhos: consequencia natural de trabalho árduo e consciente;
    Grande abraço,

  • Nilce
    Responder

    Oi Norma

    Não sou muito de reviver o ruim do passado. Raramente penso nisso. Mas dele tenho muito mais coisas boas do que ruim, porque tento deixá-las longe de mim.
    Quando perdoo é de coração, e então excerto do meu passado.
    Vivo o hoje intensamente, mas compreendo que precisei passar por tudo que passei para me transformar no que sou hoje.
    Todas as experiências tem um lado de cresciento e desenvolvimento para o ser humano.

    Bjs no coração!

    Nilce

  • Glorinha Leão
    Responder

    Acho Norma, que somos um somatório de tudo o que nos aconteceu na vida. Eu não sou grata às coisas ruins que me aconteceram não. Acho que poderia ter passado sem elas…como não sou religiosa acho uma bobagem essa coisa de se agradecer pelos sofrimentos pq nos fizeram crescer…bem, não há como não tê-los passado, eles existiram e ponto. O que fazemos com isso, durante a nossa vida, são outros quinhentos…Penso como o Cacá: escrever pra mim é também terapia, catarse. Não que não precisasse de uma. Preciso, e como! Mas escrever tem sido uma auto ajuda e tanto no meu conhecimento interno. Acho tudo faz parte do imenso processo que é viver, e que, enquanto estamos respirando, continua, num aprendizado constante, até nosso último suspiro. Ótimo tema! Adoro refletir sobre essas coisas da vida! beijos,

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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