Desafio

A Vanessa, blog Pensamentos valem ouro, fez este desafio instigante.

Minha língua materna é o português, que para mim é sempre desafiante. Neste nosso Brasil com tantas variações regionais, quando em contato com seus nativos estranha-se determinados vocábulos. São muitos os fatores, que não me cabe, nesta postagem relacionar, que exercem suas influências às diversidades.

Os sotaques das regionais me encantam, e, curiosamente, nem  sei bem os motivos, criei um sotaque diferente de onde nasci, Rio Janeiro. Sou como se pode dizer, “carioca da gema”. Mas o que considero importante é a comunicação. Como escritora e poetisa cuido de não ter muitos erros gramaticais, rs,rs, e gosto de ser objetiva e concisa nas ideias que pretendo transmitir.

Como terapeuta observei, ao longo do tempo, como as palavras têm uma caráter subjetivo; isto foi significativo para a escuta atenta dos meus clientes.

No livro A insustentável leveza do ser, Milan Kundera, apresenta, neste lindo romance, vários aspectos das influências etmológicas e subjetivas significativas nas interações interpessoais, que posso exemplificar nesta  sua frase: “Nenhum ser humano pode oferecer ao outro o idílio. Só o animal pode.”p.247.

Enfim, encontrei na poesia uma forma de expressão mais livre e em suas asas vou lançando idéias, sentimentos, encantos, vivências e  devaneios.

No meu último livro de poesia No Traçado das paletas (2021) ouso traçar um percurso através do meu  arco-iris existencial.

Concluo compartilhando o lindo poema de Manuel de barros

  A LÍNGUA MÃE
  
 Não sinto o mesmo gosto nas palavras:
 oiseau e pássaro.
 Embora elas tenham o mesmo sentido.
 Será pelo gosto que vem de mãe? de língua mãe?
 Seria porque eu não tenha amor pela língua
 de Flaubert?
  
 Mas eu tenho.
 (Faço este registro porque tenho a estupefação
 de não sentir com a mesma riqueza as
 palavras oiseau e pássaro)
 Penso que seja porque a palavra pássaro em
 mim repercute a infância
 E oiseau não repercute.
 Penso que a palavra pássaro carrega até hoje
 nela o menino que ia de tarde pra
 debaixo das árvores a ouvir os pássaros.
 Nas folhas daquelas árvores não tinha oiseaux
 Só tinha pássaros.
 E o que me ocorre sobre língua mãe.
  
       [De O Fazedor de Amanhecer, 2001

Gratidão Vanessa por esta oportunidade de refletir sobre este tema de forma amplificada.

Grata por sua presença sempre bem-vinda

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Comments

  • Ailime
    Responder

    Bom dia Norma,
    Magnífica a sua introdução sobre a Língua Mãe e maravilhoso o poema de Manuel de Barros. Também aprecio imenso os regionalismos com seus sotaques característicos!
    Excelente a sua participação no Desafio de Vanessa.
    Beijinhos e ótimo dia.
    Ailime

  • toninhobira
    Responder

    Muito interessante sua reflexão e participação com as ilustrações poéticas. Manoel traduziu bem a língua que comunica. Boa lembrança de Kundera bem colocado sobre nossas interações pela vida.
    Gostei.
    Beijo e paz amiga.

  • Verena Niederberger
    Responder

    Cumpristes com maestria o desafio de Vanessa, Norma.
    Ótima escolha do poema de Manoel de Barros.
    Perfeito quando o poeta diz:
    Nas folhas daquelas árvores não tinha oiseaux
    Só tinha pássaros.
    E o que me ocorre sobre língua mãe.
    Parabéns pela participação.
    Um beijinho carinhoso
    Verena.

  • chica
    Responder

    Norma, tua reflexão ficou ótima e adoro ver e ouvir os sotaques, as gírias, os modos de cada um falar.
    Muito legal e ver Manoel de Barros aqui coroou muito bem!
    beijos, tudo de bom,chica

  • Olinda Melo
    Responder

    Olá, Norma

    A língua com as suas subjectividades e regionalismos, o que implica outros vocábulos e pronúncias direntes, é algo que nos desafia a cada passo.
    O poema de Manuel Barros mostra bem que a língua-mãe é bebida
    com o leite materno. Assim, acompanha-nos a vida inteira.

    Bela participação. Gostei muito.

    Beijos
    Olinda

  • Anete
    Responder

    Muito boa a sua participação, Norma. Tudo expressando o quanto a nossa língua é querida, rica e curiosa. Eita Brasil grande e com tanta variedade! Aqui em Brasília é uma “salada” de sotaques e de vocabulários, já que tem gente de todos os recantos, regiões. Rsss…
    Bjs

  • roseliadosreisbezerra
    Responder

    “Encontrei na poesia uma forma de expressão mais livre e em suas asas vou lançando idéias, sentimentos, encantos, vivências e devaneios.”

    Aqui, também encontrei minha trajetória com a Língua Mãe.
    Excelente participação!
    Tenha dias abençoados!
    Beijinhos

  • Majo Dutra
    Responder

    Uma participação excelente, Norma.

    Tenha dias amenos e agradáveis. Abraços.
    ~~~~~~~~~~

  • Pensamentos Valem Ouro
    Responder

    Que incrível Norma! Chorei aqui, não me contive! Seu relato sobre a Língua está sensacional, fala sobre a realidade de quem a utiliza diariamente e sabe a importância que ela tem!

    Citar Manuel de Barros fechou com chave de ouro! Para mim, ele é o dono da palavra. srsr

    Finalizo agradecendo sua participação. Está ficando lindo demais o resultado deste desafio e isto se dá devido a vocês que aceitaram a reflexão!

    Estou muito feliz! Obrigada pelo carinho.

  • Pensamentos Valem Ouro
    Responder

    Olá, Norma! Já está la no blog a postagem resultado de nosso desafio!
    Um grande abraço!

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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