Memórias gustativas

FONTE

“O que a memória ama fica eterno” Adélia Prado

A comida nunca foi um dos meus prazeres e, quando criança, dei muito trabalho a minha família para estar bem alimenta.

Pensando na influência das emoções evocadas pelos alimentos como motivadoras para a escolha de alimento, fiz uma viagem no tempo

Dentre minhas memórias alimentares na infância, é incrível pois eu era muito pequena, mas me lembro que a mistura de farinha de mesa torrada e açúcar, muito usada, no século XX, por grávidas para afastar a azia, atraía – me. Tinha uma tia grávida, segunda esposa do meu tio, que morava na mesma casa, que fazia este uso cotidianamente, e eu implicante a saboreava.

Minha mãe fazia muitas vitaminas com receio de que ficasse desnutrida. Das frutas gostava muito de fruta de conde, preferida da minha mãe,  goiaba que colhia da árvore do quintal, banana e maça que nunca faltaram na fruteira.

No período natalino daquela época, as frutas secas, damasco e figo eram accessíveis  no preço e muito utilizadas, Para meu paladar  são as melhores até hoje.

Meu prato predileto era  arroz, feijão, bife e batatas. Como tradição portuguesa, todas as refeições eram  acompanhadas de  pão;   doce apreciado era o arroz doce com canela e compota caseira de laranja da terra preparadas pela minha avó e também pela minha mãe. Ambas me cercavam com suas preocupações por eu ser bem magrinha.

Na puberdade (1955), o pão com batatas fritas, considerado incomum no Brasil, era uma composição preferida. Hoje,  a batata frita acompanha a maioria dos sanduíches comerciais.

Atualmente, gosto de comer macarrão com farofa. Não me lembro quando comecei  a  considerar esta mistura como prazerosa, mas comumente aos domingos havia macarrão e frango assado. Quem sabe a farofa do recheio tenha sido a motivação?

Neste rememorar, pode se perceber a relação entre a comida e a minha memória afetiva; tudo que citei acima ainda faz parte das minhas preferências alimentares, exceto a farinha torrada com açúcar.

É que a memória é contrária ao tempo. Enquanto o tempo leva a vida embora como vento, a memória traz de volta o que realmente importa, eternizando momentos. ” Adélia Prado

Conte, nos comentários, se este tema lhe traz algumas  lembranças.

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

Comments

  • toninhobira
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    Pois bem Norma, quando comecei a ler e vi a farinha com açúcar, lembrei de uma mistura muito usada nos anos 60 pela Minas Gerais interior, conhecida como *jacuba* que era farinha no café. Aos domingos o doce de arroz era sagrado. Mas o que mais me leva ao passado é o famoso frango com quiabo aos domingos, que minha mãe fazia. Eu trago comigo o gosto doce dos doces de mamão verde ralado, ou espelhado que era em tiras, bem como o doce da casca de laranja. Eram prato simples e muitas hortaliças que é uma marca da gastronomia mineira.. Eu era menino bom de boca, mas era magrinho. A memoria tem sabor, cheiro e por elas viajamos e adoçamos nossos dias, A lembrança do fogão a lenha sempre aceso com alguma coisa para degustar, vem me aquecer nas saudades das saudades de um tempo de menino feliz e livre.
    Grato por levar-me numa viagem gustativa.
    Semana esteja linda e leve.
    Bjs e paz Norma.

  • chica
    Responder

    Norma adorei te ler e sabe sou a Maria da Farofa,,, Gosto dela e muito, com tudo. Mas nunca experimentei com macarraão! Das minhas gustativas memórias da minha mãe, o cheirinho do suco de uva fervendo para fazer o sagu que nunca mais comi tão bom quanto o era o dela. Das bolachinhas de Natal que ela fazia, um gostinho especial! Tantas coisas boas a lembrar… Adorei iniciar cedinho aqui com esse tema! beijos, lindo dia!@ chica

  • Rosélia Bezerra
    Responder

    Boa tarde de serenidade, querida amiga Norma!
    Também gosto de comer desde criança, nunca tive problema Col nenhum tipo de imenso.
    Era um tormento pela desidrose que tive, não poder saborear as delícias em família como bacalhau e outros que diziam serem temos.
    Entretanto, do Natal tenho boas lembranças inesquecíveis, como o vinho doce suave, a aletria, as castanhas portuguesas, o abacaxi molhado no vinho (que cheirinho delicioso!), o arroz doce com canela,.
    No cotidiano, o bolinho de fubá frito envolto no açúcar e canela, o doce de mamão espelhado e ralado da minha avó Celina, o mingau de fubá feito na lenha na cozinha velha (ficava com gostinho de lenha até…).
    Eu e meu pai éramos parceiros nos ossos das galinhas, como pescoço , pé e costela, moela e fígado.
    O quiabo era feito para nós dois também, com carne seca.
    Cozido completo era dia de festa para nós dois, com paio, todos legumes e o pirão e, por falar em pirão, do peixe, era reservado para mim a cabeça ,(pelo fosfato para polir minha inteligência, dizia o padrinho) e as ovas.
    De tudo eu eu lembro e as memórias são muito ternas para meu coração.
    Mais tarde, as tias fizeram o que eu amava comer, angu ou polenta..Broa de fubá de milho, jiló… Hum!
    Tenho um gosto por comidas simples, caseiras e me ponho logo a fazer algo novo que vejo.
    Muito boa reminiscência fiz aqui.
    Muito obrigada pela possibilidade.
    Tenha um entardecer abençoado!
    Beijinhos

  • Verena
    Responder

    Olá Norma
    Como dizia o meu tio: “Sou um bom garfo”…rs
    Adoro comer bem.
    Sou uma formiguinha e a sobremesa não pode faltar.
    A torta de morangos, que mamãe fazia, acompanhada com creme Chantilly sonho com ela até hoje. Já tentei fazer mas não fica igual.
    Adorei o tema da sua postagem.
    Linda tarde.
    Beijinhos
    Verena.

  • Calu
    Responder

    Minha amiga,
    tuas memórias gustativas vieram de encontro às minhas e deram-se o braço, pois sim, eu também fui uma chata para comer, como se diz.
    Minha mãe me entupia de vitaminas de frutas e mingaus que eu aceitava melhor que refeições tradicionais, exceto, o imbatível: feijão com arroz, bife e batatas fritas,rs… O que eu rejeitava em sólidos, virava líquido no liquidificador. Na adolescência comecei a melhorar o repertório por conta das delícias de forno que meu avô fazia, principalmente nas festas em família. Já, quanto aos doces, eu não tinha amuos, me deliciava sem peja.

    Adorei esse passeio pelas delícias da memória.
    Bjsss,
    Carmen

  • Pensamentos Valem Ouro
    Responder

    Olá, minha querida!
    Vi-me longe aqui enquanto lia tuas memórias, são tão lindas e trouxeram-me memórias boníssimas!

    Minha mãe conta que eu dava trabalho para comer… Não desconfio muito. srsr.

    Beijinho para ti!

  • Ailime
    Responder

    Bom dia Norma,
    Lindas recordações de memórias afetivas ligadas à alimentação e que ficam para sempre.
    Recordo e utilizo principalmente temperos que minha Vó materna usava e alguns pratos que tanto a minha mãe como minha avó confecionavam.
    São sabores e lembranças que me marcaram.
    Beijinhos,
    Ailime

  • RUDYNALVA CORREIA SOARES
    Responder

    Norma!
    Nossas memórias gustativas fazem parte desde da infância e ela que nos levará aos hábitos alimentares na vida adulta.
    Boa crônica.
    cheirinhos
    Rudy

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