Cada dia… Beth

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Uma narração pode ter uma diversidade de interpretação, pois a visão de cada pessoa é singular.   Quem escreve se remete as suas memórias de vida,  de sonhos, de expectativas,  de desejos e/ou frustações.  A magia e a atração das histórias pode despertar emoções e valorizar sentimentos adormecidos. Dizem que os fatos falam por si, mas quem dá foco às cenas é o autor.

Hoje, Beth do blog Maegaia nos traz

Um conto

O seio familiar guarda o que de mais sagrado e necessário ao indivíduo pode haver – a segurança do lar – e ela vem através do amor entre cada um, do ato de se doar, participar, oferecer, entregar, dividir e tantos outros verbos que se conjugam juntos, unidos ou facilitando uns aos outros para que sejam felizes e possam realizar sonhos que poderão ser vividos através do compartilhamento e das estórias contadas.

Por esta razão, viajar e voltar pra casa, para os nossos, para o aconchego é, talvez, melhor do que tudo de lindo que vemos pelo mundo.

E foi assim, que o casal pode viajar juntos por alguns dias, contando com o apoio e proteção da família para aqueles que ficaram.  Na volta, compartilharam as fotos e reviveram momentos deliciosos com todos aqueles que aqui deixaram e que esperavam alegres pelos detalhes.

E foi assim:

A manhã não nasceu ensolarada, mas não seria um céu nublado que impediria o casal de ir para as ruas de Sevilha, encantadora cidade andaluza do século XIII AC, tão linda e cheirando à laranjas que se espalham pelo emaranhado de calles. A árvore oficial de Sevilha é a laranjeira.

Um imenso laranjal forma as ruas desta antiga cidade, mesclada de torres mouras e góticas, lampiões e casarios brancos com sacadas avarandadas bem cuidadas, com vasinhos coloridos debruçados e se mostrando aos turistas alvoroçados em descobrir os meandros de história e romantismo a cada dobra de esquina, a cada praça no final das ruelas. Alegria, religiosidade, cavalos e charretes, igrejas, flamenco, dança, antigo e moderno, tudo misturado perpetuará  para sempre na memória daquele casal visitante.

O charmoso e silencioso trem de superfície urbano, elétrico e colorido, deslizava e contrastava com o tempo das diversas construções seculares, como a imponente  Catedral e sua torre – a Giralda – que já tinha sido o minarete de uma antiga mesquita.

Tantas ruelas a descobrir sempre adornadas de laranjas.

As laranjeiras de Sevilha, lindas e impossíveis de se comer, dizem são amargas, mas enfeitam de modo extraordinário e inesquecível aquela cidade que tem um compasso diferente, sem pressa, feita para se aproveitar em todos os sentidos.

Atravessaram a ponte de Triana sobre o Rio Guadalquivir e se encantaram com suas águas límpidas e calmas, deixando escorrer por elas, dezenas de patos brancos e azulados.

Sobre a ponte, amarrados ao gradil de ferro, cadeados entrelaçados, anunciavam o amor eterno de casais apaixonados.

O casal passou o dia, entrando e saindo destas ruelas e a cada esquina uma descoberta surpreendente. Restaurantes, pequenas lojas de regalos, igrejas, capelas, lojinhas, bares de tapas, parreiras verdes cruzando de um lado para o outro das vielas com varandas forjadas a ferro ou louça, sempre dando para alguma praça com cheiro cítrico.

De repente anoitecia e os lampiões deram um outro colorido aquele centro histórico. Tudo ficou dourado, assim como as laranjas. Uma chuva fina molhava a cidade e tornava-a mais romântica, como num filme de Woody Allen.

O magnífico palácio de Alcázar parecia saído das Mil e Uma Noites, e suas torres ganharam um outro brilho e perspectiva com a luz dos lampiões e a chuva fina tal qual um véu transparente caia sobre ele, tudo e todos. Em algum lugar a dança flamenca tocava e atraia as pessoas.

Sevilha revelava-se com a noite que caía. Os restaurantes de tapas começavam a encher e uma explosão de agradáveis sons e aromas enchiam o ar.

Há tanto tempo o casal não se molhava na chuva. Naquele momento, sem guarda-chuvas e no afã de continuarem sua aventura, deixaram a marquise que os acolhia e, saltitando entre os pingos, atravessaram a imensa Plaza Del Triunfo, molhados e felizes riam e si mesmos e seguiram na noite dourada e cheia de magia que Sevilha ainda tinha a lhes oferecer.

Beth Q

Comments

  • chica
    Responder

    Que lindo e esse casal pode contar com o apoio da família pra fazer esse lindo passeio entre os dourados das laranjas, uma chuvinha e tanta coisinha mais! Adorei! beijos, às duas!chica

  • Lizete Ferraz
    Responder

    Que lindo conto da Beteh! e viajar é sempre muito bom…

    Norma, não deu tempo mesmo de participar, me perdoe! vce nem imagina como esta uma correria minha vida. Além do trabalho, ainda estou ajudando minha mãe arrumar mudança para Curitiba! na próxima, participo, com certeza!
    Beijos com carinho e com muita vontade de ter participado…

  • Roselia Bezerra
    Responder

    Olá, queridas amigas
    Lindo depoimento de amor!!!
    Sim, porque o amor se consolida nas palavras também… a gente percebe na sutileza de cada frase… ele é perceptível e nos faz “viajar” também…
    Obrigada por nos enriquecer, querida Beth e à Norma, um incentivo a prosseguir em 2012 pois a net merece gente inteligente e que busque o Bem tão somente…
    Vamos nos ocupar com coisas boas e de paz?!
    Bjm fraternos às duas doces meninas desvirtualizadas (que bênção!!!) e aos seus estimados leitores…

  • Socorro Melo
    Responder

    Queridas Norma e Beth,

    Que delícia de Série!

    Viajei na história da Beth. Vi-me percorendo as ruas estreitas e românticas de Sevilha. Lembrei-me de um lugar tão lindo quanto o descrito, que conheci há poucos dias. Quanta coisa boa aprendemos com essas viagens, com as descobertas, com o confronto do antigo e do moderno, com o romantismo dessas cidades antigas que encantam os turistas… Maravilha!
    Mas, de tudo, o que há de mais sublime, é poder voltar pro seio da família, contar o que se viu, distribuir os presentinhos, e reviver cada momento com os olhos grudados nas fotografias. Adorei, Beth!

    Aquele abraço
    Socorro Melo

  • Ana Karla -MIsturação
    Responder

    Uma história encantada com apoio da família.
    Viajar, passear sabendo que quando voltar tem todo o acolhimento.
    Beth sempre nos transporta a contos incríveis.
    Xeros

  • Valéria
    Responder

    Oi Norma!
    Que lindo e mágico conto, este da Beth!
    Nos deixou viajar por aquelas ruelas como o casal apaixonado que ela tão lindamente retratou. Adorei!
    Beijinhos para as duas!

  • marcela
    Responder

    Adorei o conto!
    bjs

  • Toninho
    Responder

    Quanta emoção a Beth colocou neste belo conto,como se ela fosse a personagem e assim viajei pelas ruelas,sentindo cheiro e maravilhando com as cores e me deixei nesta chuva fina,como em criança fazia sem medo de nada.Linda descrição Beth esta sua partilha bela.
    Parabens amiga Beth, otima sua participação.
    Norma sempre meu incentivo para suas series com bons frutos.
    Grato sempre pelo espaço.
    Meu abraço.
    Bju.

  • Maria Emília Xavier
    Responder

    Eu não conheço Sevilha e agora essa Cidade passou a fazer parte da minha “caixinha” onde guardo meus sonhos imediatos e a curto prazo, lá fica também meu imaginário. Beth você foi perfeita, andei de mãos dadas com suas palavras, acentos e pontuação por cada linha desse rico e belo relato. Aplausos.

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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