Morada
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Os objetos só ganham significados com a presença humana.
Uma casa só ganha vida quando surgem os sons do afeto. Cada peça tem um sentido, uma história para aqueles que consideram a casa como o seu corpo, que precisa ser movimentado, porém cuidado.
Onde está o cuidado? No valor de cada peça? No uso cuidadoso compartilhado dos seus usuários?
Lembro-me da sala de jantar da casa da minha família de origem, uma grande mesa que reunia as pessoas a sua volta em várias situações: refeições, confecção de docinhos para os eventos festivos, jogos, estudos, entre outros. Podíamos dizer que aquele cômodo era o coração da casa. Lembro-me que gostava de ajudar minha mãe a ornamentá-la com vasos de plantas.
Quando visitamos museus de famílias imperiais, contemplamos os objetos e imaginamos as várias cenas ali ocorridas. Ás vezes, considero tristonhas essas visitas. Os móveis retratam uma época. Contudo, faltam o seres com suas risadas, conversas, choros, reclamações, carícias enfim os sons.
Visitar nossas antigas moradas, reportam-nos a outros tempos e trazem saudades.
Fala- se do “ninho vazio” que é um boa simbologia para pensarmos e repensarmos nossa morada em cada fase da vida familiar.
Norma Emiliano
Comments
chica
Belo texto e faz refletir! Vale sempre! bjs, chica
Lúcia Soares
Verdade, Norma. Uma casa tem que refletir quem são seus moradores.
As pessoas é que dão vida à casa, transformando-a em lar.
As boas lembranças sempre remetem a pessoas, raríssimas nos remetem a objetos como importantes sozinhos.
Você sempre associa um objeto a uma pessoa que ali habitou.
Agora vivemos eu e marido, como começamos, e esse “ninho vazio”, se não bem cuidado, acolhendo os agora apenas visitantes, não sobreviveria se não houvesse aqui muitas lembranças, de pessoas e de objetos que partilhamos.
Beijo, Norma.
Toninho
Uma bela reflexão Norma.
Quando vou a Minas eu vivo muito esta coisa em particular, em casa de minha família, cada objeto me liga a uma pessoa e vem uma saudade daquelas. Em especial, um oratório onde minha mãe colocava seus santos e onde sempre parava para uma curta oração. Um moinho de ferro preso numa porta da cozinha, que quando criança eu e meu irmão disputávamos quem moía mais café. Com esta postagem fiz agora uma viagem e andei pela minha casa, que guarda um pouco de mim.
Quando comecei a ler pensei ser um texto de Rubem, que bem escrevia sobre esta relação. Tem uma que fala da cozinha como a parte mais interessante da casa.
Muito boa postagem.
Beijos