Eu sou o centro
“Quando a nossa necessidade de manter as crianças felizes e amorosas é muito compulsiva, achamos impossível negar-lhes algo”. (Samalin; Jablow)
A consciência do “eu” é um processo de reflexão sobre si mesmo, surgindo a partir da distinção entre a própria perspectiva e a dos outros. Ao pensarmos sobre isto e caminharmos através da dança relacional, deparamo-nos com situações que podem nos surpreender.
Certos casais entram em conflito pelo fato de não conseguirem captar a diferença entre eles na forma de pensar. Ao considerar que o outro é a sua extensão criam atritos até quando o outro não sabe o que deseja mesmo quando não é explícito.
Por outro lado, nem sempre o dar e o receber atingem o patamar de igualdade entre os indivíduos. Isso é de certa forma compreensível, pois a subjetividade cria uma escala diferenciada entre as pessoas na percepção de valor, dificultando o reconhecimento da doação. No entanto, quando alguém só recebe e nunca se disponibiliza para os outros, essa atitude pode sinalizar o egocentrismo e o consequente egoísmo (amor próprio excessivo).
O egocentrismo, natural nos primeiros anos, deve diminuir ao longo das diversas etapas do ciclo de vida do ser humano. O egoísta quer sempre se destacar, o que importa são seus desejos. Esta pessoa é extremamente vulnerável, pois não aprende com a dor e sofrimento, Sua escolhas são voltadas para seu próprio ego e não é capaz de desenvolver sentimentos como a solidariedade e humildade.
São as interações familiares, que aos poucos, podem ir substituindo o egocentrismo pelo amor/compaixão. Nas palavras de Zagury “a criança que não aprende a ter limite cresce com uma deformação na percepção do outro. Para ela só importa o seu querer, o seu bem-estar, o seu prazer”.
Desta forma, nem todos atingem a mesma maturidade emocional (expressão e autocontrole das emoções) e social (superação do egocentrismo infantil, na contribuição para o bem-estar social. O conhecimento é fator significativo para se viver como ser humano pleno. Isso consiste em conhecer a si próprio, estar aberto ao diálogo, à alteridade e às mudanças que se fizerem necessárias ao longo da vida.
Referência bibliográfica
SAMALIN, N. e JABLOW, M. M. Amar seu filho não basta: uma nova visão da disciplina infantil. 10ª ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
ZAGURY, T. Limites sem trauma. 57. ed. Rio de Janeiro: Record, 2003. (Construindo Cidadãos).
Norma Emiliano
Comments
Beth Q.
Esse assunto é bem interessante também, principalmente quando se tem filho único que vez ou outra você precisa chamar a atenção do mesmo para que perceba que tem mais gente em torno dele.
Noutro dia eu cheguei em casa, depois das compras de supermercado, com muitos sucos e o filho ajudou-me a desempacotar as coisas. Daí, vira-se pra mim e diz ‘Porque trouxe suco de laranja, não gosto!” – respondi-lhe na lata para ver se acordava “Acontece que eu e teu pai gostamos, trouxe para nós também.”
Ele se tocou naquele instante, precisava ser acordado para aquilo.
Acho que muitas vezes a pessoa egocêntrica realmente não se percebe de algumas coisas e é preciso reagir, falar, mostrar a ele sua posição no mundo para aprender a olhar pros lados.
Boa matéria!
bjs cariocas
chica
Quem não se abre às mudanças está “ralado”…Elas se apresentam e simplesmente temos que agir ou emburrar,rsr beijos,linda mensagem!chica
Yasmine Lemos
Norma, acabei de enviar o texto com imagem para seu email
bjs
Nilce
Este assunto é muito sério Norma.
Não há limites por culpas, para compensar faltas, e muitos pais sabem o que há de acontecer mais tarde.
Bjs no coração!
Nilce
Toninhobira
Bela apresentação desta deturpação Norma, e se bem entendi, a palavras chave é o limite.Daí a arte em saber como administra-lo numa criança. Seus temas são espetaculares e creio que são de imensa utilidade para os pimeiros passos no sentido da amenização e ou erradicação da anomalia. São bem orientivos,embora eu creia que para ceros caso é fundamental a ajuda de um mprofissional desta área.
Muito bom.
Meu sempre terno abraço de admiração.
Bju de luz nos seus dais de altas reflexões e generosidade aflorada. Grato.