A separação e os filhos

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Ao se constituir a parceria conjugal, cada um traz seu modo de ser e ver o mundo, que se traduz nas atitudes e decisões cotidianas. O nascimento dos filhos inaugura a família nuclear.  Os filhos sofrem as influências dos valores dos pais tendo como norteador os seus comportamentos. Quando há muitas diferenças e poucas negociações, instala-se uma guerra de poder, na qual os filhos se confundem.

No momento em que surge a necessidade de separação do casal, a família se transforma em duas, as quais denominamos de uniparentais ou monoparentais, ou seja: mãe e filhos e pai e filhos.

Normalmente, encontramos jovens que têm dificuldade de afirmarem sua identidade, sofrendo por não poderem atender às expectativas paternas e não ter clareza dos seus desejos. Os filhos gostam dos seus pais e por mais aliança que tenham com um deles sentem-se presos ao sentimento de lealdade que se estabelece ao longo do desenvolvimento do ciclo familiar. Isto pode se agravar quando após a separação os pais mantêm rivalidades.

Na separação, a reorganização das relações é fator decisivo para o equilíbrio emocional de todos os membros, principalmente dos filhos. O estabelecimento das fronteiras, estar separado como homem e mulher e estar cooperando como pais, é crucial para que os filhos possam seguir em frente sem ter que estar entre os pais. É necessário abandonar a antiga estrutura e estabelecer outra mais funcional. Isto implica em superar os ressentimentos e, muitas vezes, abandonar a esperança de reunificar.

Ter duas casas pode ser uma coisa positiva para os filhos, na medida em que o pai e a mãe possam desenvolver relacionamentos independentes e definir regras e papéis claros e nítidos, sem disputas e atritos. Desta forma, facilitando aos filhos poderem ir e vir sem grandes problemas.

Os filhos anseiam por uma relação natural com o pai e a mãe e nada é mais pernicioso do que as críticas da outra parte. O filho em contato com cada um, sem a intervenção do outro, conseguirá construir a sua relação com cada um dos pais de forma saudável e ter equilíbrio para escolhas e decisões de caminhos.

Enfim, pesquisas demonstram que  os  efeitos do divórcio sobre os filhos variam  de acordo com a faixa etária destes na época da separação e tempo de casamento, no entanto o ajustamento dos filhos após a separação está relacionado ao ajustamento dos pais, ou seja, se os pais enfrentarem bem a situação o mesmo se dará com os filhos.

Norma Emiliano

Fonte:

Lita L. Schwartz e Florence W. Kaslow. As dinâmicas do divórcio, Uma perspectiva de ciclo vital, 1995.

Comments

  • toninhobira
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    Uma situação complexa e de difícil gerenciamento Norma. Todos temos exemplos desta frisura e os males que advêm. Claro que hoje estes rompimentos são melhores assistidos numa faixa da sociedade e em outras ela é terrivelmente perigosa, quando as partes resolvem em reconstruir um espaço. Dói ver a esperança dilacerada nas cabeças dos filhos, quando estes são mais novos advindo daí vários casos de desajustamento de comportamento. Alguns são levados para um dos profissionais da área voltados para o psíquico. Não tenho dados Norma, mas creio que tem sido crescente as separações e geralmente quando já se tem uma criança no seio familiar e com isso uma grande batalha de acesso e guarda, que cria um ambiente constrangedor para os filhos em meio a este tiroteio, que geralmente acontece nestas famílias. Assim vamos encontrar filhos vivendo nesta corda bamba, como bem ilustra a figura utilizada no texto.
    Valeu Norma esta partilha e provocação da reflexão.
    Meu abraço.
    Bjs.

  • misturebasblog
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    Tema importante! Em primeiro lugar tenho certeza que os pais devem saber que não devem deixar reflexos de seus desentendimentos de “presente” para as crianças, que não pediram pra nascer. Infelizmente é o que mais vemos:pais que pensam apenas em si: Colocam filhos no mundo e “outros” cuidam pra não vê-los sofrer. Que lástima! bjs, chica, linda semana!

  • jeannegeyer
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    fabuloso Norma, posso colocar no blog infantil com os créditos? bom domingo, bjs

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