Privacidade

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Imagem google

Em uma roda de amigos, conversa – se sobre como se ter, hoje, o controle das informações de si mesmo, e principalmente do marketing dirigido à publicidade, que atormenta o cotidiano dos indivíduos através dos telefones e caixas eletrônicas.  A privacidade de cada um é invadida e sabemos que essa invasão vai muito além, pois nos espaços coletivos não encontramos entre as pessoas, comumente, a preocupação com o outro.

Em nossa civilização tecnológica, o homem tem sido identificado com a sua função social (atividade do homem ou de suas organizações, tendo em vista interesses que o ultrapassam), transformado em insignificante peça da complexa engrenagem industrial. Neste sentido, o anonimato do indivíduo tem gerado sentimento de desvalorização, impessoalidade e ausência de cuidado com o outro. Em contrapartida, a superação dessa sua mediocridade leva o indivíduo a permitir a exposição de sua vida à curiosidade e ao controle alheios por meio de banco de dados para diversos fins. De outra maneira, observa-se que a atuação sensacionalista da imprensa não mede a repercussão das notícias na vida e privacidade das pessoas, pois o que importa é a audiência.

Antes do século XVII não se conhecia o conceito de privacidade que só surgiu, quando as residências passaram a ter quartos privados. Em seu processo de evolução, a privacidade passa a ser senso coletivo e as pessoas afirmam a sua importância. No entanto, alguns comportamentos não confirmam tal preocupação, principalmente, nas redes sociais virtuais. Os meios atuais de comunicação veem favorecendo uma deformação do conceito da vida privada.

O homem, ser social, tem necessidade de estar com os outros e também de viver consigo mesmo.  As leis pessoais não são as mesmas para todos. Entre as pessoas, a noção de fronteiras pessoais varia de acordo com o contexto sócio-cultural e consequentemente com a referência familiar, ou seja, como os membros lidam uns com os outros, desde os pertences, compartimentos das residências até informações pessoais. Esses hábitos acabam sendo levados para as relações de trabalho, de vizinhança, de amizade e outras mais. Todavia, as leis sociais existem e não produzem os efeitos necessários deixando rastro devastador no cotidiano pessoal e relacional.  A ausência da privacidade pode levar à perda da autonomia, à dificuldade de se viver a própria vida e a não se ter relações interpessoais saudáveis.

O mundo e a vida giram. Homem e sociedade se interpenetram e se influenciam. Saberes científicos e os derivados da experiência do cotidiano definem e redefinem a cultura contemporânea. Quem sabe nas rodas de amigos encontremos a luz que nos permita uma existência em que o eu, você e o nós vá além de interesses tão mercenários e se transforme em mais humana?

2009

Norma Emiliano

Comments

  • chica
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    Privacidade é algo que tento preservar sempre. Nunca fomos de nos misturar em casas de praias, onde todos dormem amontoados ,apenas pra curtir, tudo vale …
    Pra nós não é assim.

    Se não posso ir à um hotel, não vamos!
    Nem na casa de filhos na praia ficamos, pra manter a nossa e respeitar a privacidade deles.

    Nos visitamos tudo isso, porém cada um em seu “quadrado”,rsrs.

    beijos,chica e lindo dia!

  • Valéria
    Responder

    Oi Norma!
    Cada vez mais os conceitos de público e privado vêm sendo descaracterizados, desvirtuados. Nossos dados pessoais circua mundo afora e são vendidos e repassados para mil empresas que nos bombardeiam com suas ofertas sem nem sequer as conhecê-las. Agora as mídias sociais vieram intensificar isso de forma que cada dia mais o mundo fica pequeno e é como se estivessemos em uma grande sala de estar.
    Excelente sua reflexão, pela data parece que foi escrito em 2009, e cada vez mais se torna atual! É um tema que me deixa sempre pensativa.rss
    Beijinhos!

  • Socorro Melo
    Responder

    Pois é, amiga, este é um problema sério mesmo. E com quanta deselegância e desrespeito a vida privada das pessoas, é assaltada por gente sem escúpulos, que visa os próprios interesses… Penso que só entre amigos, amigos de verdade, é que ainda podemos nos sentir seguros, e compartilhar os nossos assuntos de interesse pessoal.

    Grande abraço
    Socorro Melo

  • Toninho
    Responder

    Desde muito que venho sentindo esta degradação do conceito de privacidade pois as pessoas parecem não saber separar uma coisa da outra. No meu trabalho sempre percebia esta coisa quando no clube da empresa.Se não tiver cuidado e sabedoria as pessoas começam a confundir e toda relação pode se deteriorar, pois eu vi isto acontecer.Em suma quando se fala de redes sociais é que a coisa fica mais perigosa mesmo, talvez pelas pessoas não serem devidamene orientadas como se portar nelas.Eu tenho visto coisas que me assustam.
    Seu questionamento final é possivel num processo de muito estudo dos que nos cercam.
    Bela postagem para este momento que esta anda pelo fio da navalha.
    Meu abraço Norma.
    Minha admiração.
    Grato sempre pela partilha.

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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