Celebridade, para quem?
“Bem com os homens e mal consigo mesmo” (ASSIS, 1997, p. 27),
– Quisera ser aplaudido pelo que faço e ter meu nome citado por muitos.
– Sou competente, sinto-me gratificado com o retorno do meu trabalho.
Nessas frases, o desejo do sucesso e o reconhecimento pessoal do seu próprio trabalho, faces do tema celebridade.
Do efêmero à eternidade variam as nuances da celebridade. O que é ser célebre? Observamos na atualidade um frenesi no desejo de ser célebre. Há o fascínio pela fama. Mas qual o passaporte para que se ocupe esse “status”? Quais os passos a serem percorridos entre o desejo e a realização? Na sociedade atual a mídia é parte integrante desse processo, pois interfere intensamente na construção da fama.
Ao trilhar por esse caminho, deparamo-nos com um grande perigo: as histórias de vidas atuam como modelos e invadem os lares através da mídia, principalmente através da televisão que acaba iniciando a socialização das crianças, antes das escolas. Esse fator vem alterando as relações entre pais e filhos: o que era do domínio dos pais é desvelado pela mídia, diminuindo a autoridade paterna. As escolhas pessoais e profissionais são cercadas de dúvidas: O que ser e como ser?
A orientação da educação voltada para o mercado, para aquilo que se pode aprender para vencer, é um canal com objetivos de expansão do capital (valores de troca) e não para os valores humanos.
A busca do sucesso, os caminhos da fama trazem muitos obstáculos e desafios. Muitos autores dizem que a chave do sucesso é ter clareza dos seus objetivos, mas alguns indivíduos sacrificam seu modo de ser na tentativa de sobressair. Outros a conseguem, ficam deslumbrados e não sabem mantê-la. Temos provas contundentes, através das histórias privadas narradas pela mídia, de alguns jogadores que no esplendor da glória perderam sua base emocional e vivenciaram o desmoronamento do império e a fama acabou.
Na realidade obter sucesso é um caminhar contínuo que começa com a educação e dedicação e se mantém através dessas. No entanto, ser célebre é deixar algum legado. Muitos são os anônimos que fizeram parte da história da humanidade e deixaram legados preciosos através de modelos enquanto pais, avós, profissionais, favorecendo a introjeção de atitudes e valores humanos. Esses foram e serão pais-heróis daqueles que cruzaram suas vidas.
Norma Emiliano
Comments
Tati
Oi Norma, texto brilhante! Esta é nossa principal inversão de valores. Aliás, aí reside esta inversão. O que é, nos dias de hoje, uma pessoa bem sucedida? Quem somos nós diante de nossas escolhas?
Estou sempre me questionando sobre isso, mas me sinto nadando contra a correnteza. E muitas vezes o que passo para meu filho é totalmente contrário ao que ele encontra no dia a dia, seja em desenhos e pior, comerciais, ou entre amigos da escola. Como a gente dosa esta exposição sem colocá-los em redomas?
Beijos.
Norma Emiliano
Não há como colocar nossos filhos em redomas. Os valores que os pais passam se enraizam , mesmo que não sentidos de imediato. O seu olhar sobre vc mesma, suas atitudes , bem como do seu marido, são fundamentais para o filho.Hoje, penso que numa grande parte das famílias há uma inversão dos valores e isto é grave para o futuro das famílias.
bjs
Toninbo
Norma adorei este texto, um tema muito polemico e desvirtuado de nossa sociedade. E voce com muita categoria o dissecou belamente.O titulo diz tudo. Valores precisam serem melhores analisados e cantados nesta sociedade.Um abração.
Mara Emilia xavier
Essa procura desenfreada não só por fama, mas beleza e outros tantos adjetivos(?), está apedrejando nossa sociedade, transformando conceitos, num estalar de dedos. Feliz o tema que escolheu e perfeita, clara e objetiva sua colocação.