Você pergunta

Eu respondo

Este post faz parte de um projeto, assim sendo dirijo-me a pessoa responsável pela pergunta,  mas de forma a trazer reflexão para outras pessoas que poderão se interessar e ler .

Como ajudar a uma sobrinha adolescente que está em um dilema sofrido acerca de sua sexualidade?  Ela não conta com o apoio dos pais que são  muito voltados para si mesmos e muito ausentes e foi criada pela avó, hoje sem condições de cuidá-la. Tenho medo  que ela venha a ter comprometida sua maturidade emocional e daqui a uns anos sair por ai desorientada e abalada.

A adolescência é um momento de conflitos e a sexualidade é um deles. Para os pais ainda é muito dificil aceitar a homossexualidade dos filhos  e para alguém com características rígidas é muito pior.

Seu dilema de querer ajudar e não saber como  agrava-se  pelo fato dela morar com os pais  e  estes não terem  estrutura para dar suporte à filha. Por outro lado, o  fato de sua sobrinha  não consequir falar sobre o assunto  dificulta o diálogo e o suporte que você pretende lhe dar.

Você precisará abrir um canal de comunicação sem invadir, mostrar interesse por ela, orientar à leitura e à  assistir filmes sobre a temática, bem como orientar sobre os cuidados necessários,  pois se ela tiver relações sexuais vai precisar se auto proteger como todos que a iniciam. O adolescente precisa saber que tem um porto seguro ( certeza do amor) para seus confrontos pessoais.

Ser homosexual não é uma doença física ou psíquica.

A adolescência é uma etapa crucial na formação da identidade e a sexualidade é um dos importantes aspectos desta identidade. É um período que envolve vários conflitos.

Estudiosos,  desta área, relatam que a aparente falta de interesse pelo sexo oposto  não é, necessáriamente, um sinal de homossexualidade e que muitos adolescentes experimentam o contato sexual com uma pessoa do mesmo sexo, sem que isso implique uma orientação pelo homoerotismo. Não há um sinal que identifique a orientação sexual dos indivíduos.

De acordo com pesquisador Dr. Alfred Kinsey, “há diversos graus de aspectos homossexuais na maioria dos seres humanos, isto é, homo e hetero não são categorias separadas.” Todas as pessoas nascem com um corpo masculino ou feminino (machos e fêmeas), mas a identidade sexual é algo construido que depende de vários fatores.

O reconhecimento da homosexualidade é diferente de indivíduo para indivíduo. Alguns podem saber cedo, outros não reconhecerão sua sexualidade até a vida adulta. Há casos de pessoas que casam, têm filho e só depois conseguem se definir.

A percepção de aspectos homo em si mesmo e reconhecê – los plenamente são situações diferentes. A tomada da consciência da sua homossexualidade não é um processo  simples e sua complexidade é agravada pela   dificuldade que todos os adolescentes têm de entender e expressar claramente seus sentimentos.

A aceitação da família é fundamental,  todo indivíduo precisa se sentir amado, aceito, apoiado e acompanhado, para que não perder suas referências identitárias. A  manutenção do segredo pode atrapalhar severamente o desenvolvimento da identidade e abalar a autoestima. Não há terapia capaz de reverter a opção sexual.

Norma

Comments

  • Manuel Marques
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    Paz e harmonia e compreensão: eis a verdadeira riqueza de uma família.

    Beijo e bom fim de semana.

  • chica
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    Nas famílias sempre há problemas.E esses devem ser encarados de frente. Pelo menos tentar.beijos,chica e lindo fds!

  • Toninho
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    Este assunto é mesmo complexo para administrar Norma.Recentemente uma amiga me ligou desesperada, pelo filho ter confessado a ela sua opção sexual. A relação apodreceu entre eles e ainda o irmão mais velho, passou a recusar a sair com o irmão,com medo de ser discriminado pelas ruas,pois são de cidade do interior,onde a coisa fica mais séria. De fora a gente sempre fala que deve haver compreenção,que o amor deve prevalecer e creio que seja assim, pois foi meu conselho na epoca, que não deveriam abandona-lo,pois ele já se sentia isolado pela opção. O fato que apos 1 ano eles voltaram a comunicação, mas claro com algumas exigencias de comportamentos.
    Uma boa postagem Norma desta série, que as vezes poderia ser ainda mais comentada, com exemplos vivos de vivencias com esta situação.
    Parabens e grato amiga por nos trazer estes casos, que podem muitas vezes nos orientar ou ajudar.
    Meu terno abraço a voce.
    Bju de luz nos seus dias.

  • Norma Emiliano
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    Oi Toninho
    Concordo que se houvese maior partilha entre as pessoas que comentam a série ficaria muito mais rica, mas as pessoas não gostam de se expor e, muitas vezes, isto é compreensível, pois as interpretações de outros podem ser danosas para quem se expôs. Inclusive, este é um dos post que poucos comentam, mas como faço por solicitação de ajuda, o mantenho, até porque nas estatística tenho o retorno da leitura, e isto é gratificante, saber que há interesse em ler.

    Agradeço muito a sua excelente participação ilustrando com experiência de pessoas com quem se relaciona ou se relacionou.A comunicação truncada como vc citou é lamentável pois causa mal estar entre todos e não se chega ao real sentido que seria a convivência familiar e o desenvolvimento dos indivíduos.

  • josé cláudio – Cacá
    Responder

    Norma, seu blog é excelente e esta seção eu acho uma das melhores , pelos temas que aborda, pela competência com que conduz os assuntos. Obrigado por poder nos ajudar a ver um pouco melhor esta complexidade de situações cotidianas que atravessam no nosso caminho e muitas vezes ficamos meio à devira. Um abraço. Paz e bem.

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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