Eterna espera

Eternamente lhe esperando

 Diariamente, Helena no final da tarde, postava-se na janela com olhos atentos na entrada da fazenda. Há um ano fora trazida para a casa dos avós pelos pais que lhe disseram que voltariam no final da próxima semana. Não ficara triste, pois adorava ficar com os avós e pela manhã acompanhá-los na caminhada até o curral. Estava acostumada a passar alguns dias de suas férias ali. Contudo, o momento da espera se alongava e sentia- se triste e saudosa dos pais. Os avós carinhosos e dedicados sofriam calados por não saber como dizer sobre o acidente que ocorrerá com seus pais. O pai falecera e a mãe continuava internada em coma. Tentavam dar diversos motivos para acalentar a neta que cada dia ia ficando mais triste.

Certo dia, receberam a visita da filha mais nova, que voltara do exterior  e não aprovava a atitude que os pais tomaram em relação ao segredo sobre o acidente. Tentou convencê-los do quanto a falta de transparência  da situação estava causando sérios problemas emocionais para Helena, apontando a questão do abandono, da autoestima e humor que estava se alterando entre agressividade e apatia.

Em conjunto resolveram buscar ajuda profissional que, no decorrer do processo,  foi ajudando-os a enfrentar a realidade e contar a neta o ocorrido.  Não fora simples para Helena saber da morte do pai e do estado da mãe, mas isto foi o ponto de partida para querer retomar sua vida,solicitando, inclusive aos avós que a  levassem em sua antiga moradia e para visitar a mãe. A partir dali percebeu que poderia olhar a janela não mais com tanta tristeza, mas com olhar de fé e esperança que sua mãe algum dia retornaria.

Comments

  • misturebasblog
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    Triste história essa e que bom que apareceu alguém que tomou a atitude de contar aos poucos a verdade.Helena precisava saber e a partir daí seguir sua vida… Esconder é pior, muito! bjs, chica

  • toninhobira
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    Bom dia Norma.
    Um conto perfeito para espelhar uma realidade que se faz presente todos os dias. A perda e de como cada pessoa possa receber e entender esta. Muitas vezes buscam conciliar com o tempo, o que parece um retardar de um problema que possa vir. É sempre uma situação delicada a mesma de explicar para uma criança como ela viera ao mundo busca-se sempre uma historinha e às vezes a criança já está preparada ou até já sabe devido a facilidade de informações de hoje. Aqui creio que a viajante recém chegada com uma mente mais acelerada teve a atitude correta e mais ainda na procura de apoio de um profissional. Tenho um caso recente da semana passada, quando um amigo com um filho de 4 anos, teve a infeliz ideia de suicidar com chumbinho(veneno para rato). Todos estavam preocupados de como explicar para o menino a perda do pai, que todos os dias mesmo em viagens constantes ligava e conversava com ele, ou mandava videos(selfies) engraçados para ele declarando todo amor e saudade.
    Enfim um bela partilha de sua bela profissão e misssão.
    Grato por esta sacudida e dica de ação.

    Bom domingo com meu carinhoso abraço.
    Bjs de paz.

  • Gracita
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    Essa história retrata a dor vivida pela criança por não compreender a ausência de seus amados pais. Por mais dolorosa e difícil a verdade deve prevalecer pois a partir da descoberta dos fatos trava-se uma batalha para encontrar o caminho mais suave para o enfrentamento da realidade.
    A sua partilha nos leva à uma profunda reflexão
    Uma ótima semana
    Beijos

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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