Sempre Família- 3

Neste inicio de semana vamos refletir com a Calu

 

 

0,,47110133,00Conversando sobre a família

 Como é de meu feitio buscar nos contos e fábulas uma ponte para algumas questões cotidianas, fui na fonte, porque afinal, as histórias clássicas servem bem como espelho refletor para muitas delas e, uma das que mais me chama a atenção é a do “Patinho Feio“.Em todo o contexto prevalece a ideia do estranho no ninho, do diferente, do excluído, mas também há neste cenário a ideia do desigual, alguém que não se assemelha aos demais, portanto não pode fazer parte do grupo no qual se encontra, mesmo que este grupo seja identificado como uma família, no caso, a dos patos.

 Publicada pela primeira vez em 1845, a história mostra com detalhamento a visão cristalizada por séculos e, que confinou o conceito de família a uma série de regras pré-estabelecidas por controles sociais rígidos sem levar em consideração os sentimentos, a afeição.O ser incomum ao meio era afastado, inferiorizado em sua diferença aos demais.Os laços seriam consanguíneos e somente assim, entre seus iguais se daria a nomeação a um grupo familiar.A racionalidade dominante desprezava qualquer outra forma de agrupamento familiar, desconhecendo e até segregando quem tivesse o topete de desobedecer as ditas regras sociais.

Para pertencer a uma família teria de ser semelhante aos membros que a compunham, qualquer outra circunstância era inaceitável gerando desprezo e isolamento social,ou de todo o grupo ou do “patinho feio” em questão. O inaceitável era exilado sem chance de defesa e pior condenado em sua inocência,a sua simples e natural existência.A fantasia da perfeição familiar era levada às últimas consequências, não importando os esforços feitos para sua realização.E assim o eram.

 A cultura da semelhança acima de tudo forçava as pessoas mais ousadas a se refugiarem em estereótipos absurdos ou simplesmente a abandonarem suas famílias de origem por não conseguirem se enquadrar conforme mandava o figurino; ditado velhusco, porém, apropriado.Sim, porque era com bases em moldes rígidos, frígidos e vestais que muitas famílias penduravam em seus brasões de lata a rejeição a tudo que não estivesse condizente com o desenho exigido.

 Ser/fazer parte duma família extrapola aparência, vai muito além do fazer bonito, do acertar sempre,da perfeição a qualquer custo, esta é uma visão ultrapassada, ainda bem que assim o é, porém, serviu de lição para muitas famílias refletirem sobre a importância de cada pessoa e do grupo familiar como um todo, com suas discrepâncias, suas idiossincrasias e tudo o mais que mistura neste conjunto o amor-maior, o respeito mútuo, o cuidado, o apoio e a união que lhe confere com louvor a nomeação de Família.

Calu

Na roda

Quais as peculiaridades o fazem se sentir pertencente ao seu grupo familiar?

Comments

  • chica
    Responder

    O texto da Calu é lindo, reflexivo! E respondendo tua pergunta, acho que nas famílias as desigualdades somam. Um aprende a ser um pouco do jeito do outro..E isso acrescenta! beijos, linda semana, lindo setembro! chica

  • Toninho
    Responder

    Eu gostei muito da inspiração da Calu, quando da sua ótima participação na festa, tendo como base uma estória, que bem reflete de como uma família se comporta. Eu desde que me entendi como pessoa, encontrei um meio afetuoso, que inspirava a viver e sentir feliz naquele meio, sem me sentir em estranho ninho, apesar de ser um dos últimos da série, gozei de toda atenção que se possa esperar de uma família. A participação dos membros no sentido de ajudar na criação e educação me fez crescer num ambiente seguro, que me fez dar sequencia no que veio depois e assim solidificar gradativamente minha formação de família. Por isso creio, que hoje sou um pouco de cada um e estamos sempre em sintonia independente do espaço e tempo de cada um, graças aos pais que sempre pregaram o lema dos escoteiros e ou dos Três Mosqueteiros. Então todos os patinhos são iguais e se cooperam apesar das diferenças de pensamentos, ideias. Nesta família temos um membro por adoção, que por uma deficiência mental não conseguiu trilhar os caminhos da escola, ainda mais naquele tempo de inexistência de escolas especializadas para tais, mesmo assim os irmãos sem nenhuma discriminação empenharam em dedicação na missão de torna-lo útil exercendo uma função e integrando normalmente a sociedade na cadeia produtiva.
    Parabéns Calu pela nuvem colocada para que pudéssemos ler e tirar nossas reflexões sobre família.
    Parabéns Norma pela cutucada e pela pagina que busca sempre nos levar a pensar e entender a família.
    Uma linda semana.
    Abraços.
    Beijo

  • Roselia Bezerra
    Responder

    Olá, queridas Norma e Calu

    Lado materno:
    As peculiaridades que me fazem sentir peculiar aos familiares consaguíneos:
    -lutadora (mulheres de fibra tive como exemplo desde a minha avó)…
    -prendada ( fazem de tudo em termos de lar…)

    Lado paterno:
    -carinhosa (chameguentos demais são os nordestinos)
    -‘escrivinhadora’… (pai poeta e declamador de muita emoção)

    Sou a ‘Patinha feia’ junto a com outra ‘prima preta’ (cor negra) que tenho…
    Mas eu vivo feliz que só vendo!!! Agradecida a Deus por ser a ‘Patinha Feia’ da família…
    Bjm fraterno às duas
    P.S. Citei algumas marcantes que me definem…

  • Roselia Bezerra
    Responder

    Voltei pra dizer o principal: parabéns, Calu por seu brilhante texto!!!
    Disse-o no dia da postagem, foi um dos mais lindos que li na Série… Bjm

  • Anne Lieri
    Responder

    Oi Norma! A Calu tem o dom de dizer as coisas mais dificeis de uma maneira leve e gostosa de ler. A gente entende o que ela diz e adoro suas cronicas! Em minha família o que nos une é o amor incondicional. Acho que isso me faz sentir pertencente ao grupo familiar. bjs,

  • Calu
    Responder

    Pra mim fica meio óbvio confirmar meu pertencimento já que sou a formadora de meu núcleo familiar , assim sendo meu pertencimento é simbiótico, empenhado na promoção dos entrelaçamentos entre cada pertencente embasado no amor nutrido e presente entre nós e em nós.

    Agradeço a todos que aqui vieram contribuir para a continuidade desta roda interativa que tanto acrescenta à reflexão deste e de outros temas altamente importantes nas relações humanas.

    Obrigada Norma por favorecer estas salutares e instigantes conversas.
    Uma linda semana a todos:D

    Bjinhus,
    Calu

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

%d blogueiros gostam disto: