Poetando

Entre O Sono E Sonho

 

Entre o sono e sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim.

Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.

Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.

E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre –
Esse rio sem fim.

Fernando Pessoa

Comments

  • Yasmine Lemos
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    Que o rio leve e lave nossas angústias e traga viagens e sonhos bons
    um ótimo fds Norma
    beijos

  • josé cláudio – Cacá
    Responder

    Há uns poetas com quem a gente cria uma identificação mais do que com outros, a despeito de toda a beleza que possam produzir em poesia. No meu caso é esse gênio do Pessoa e um outro não menos gênio, Drummond! Abração, Norma, ótimo final de semana. Paz e bem.

  • Joe-Ant
    Responder

    Esta vai ser a primeira vez que comento neste sítio.
    Pelos textos lidos, na revisão que fiz neste seu blogue, fiquei
    a saber que é sítio para vir e voltar, no mínimo semanalmente.
    Hoje, com esta inserção, fez-me recordar um dos poemas que
    mais gosto da obra Pessoana. Tomei a devida nota e talvez um
    dia o vá também inserir no meu blogue.
    O meu blogue não é só meu. Não sou muitos “escrevinhador”.
    Por vezes, quando encontro coisas que me dizem “algo”, insiro-as
    no meu blogue, com a respetiva menção a creditar a origem.
    Espero que, se por acaso aquilo surgir sem autorização prévia,
    me seja dada autorização tácita.
    Quando insiro sem pedir autorização, no próprio momento informo
    que o fiz.

    Desejo as melhores venturas e bom trabalho.
    Obrigado pela a atenção que me vier a dispensar.

  • Toninhobira
    Responder

    Sempre muito bom ler/reler Pessoa, com sua magnifica inspiração e sabedoria. Aqui esta bela inspiração num rio, que passa dentro da gente e faz belas reflexões.Lindo Norma.Feliz fim de semana com meu abraço de admiração.

  • manuel marques
    Responder

    Grato pela partilha.

    A braço.

  • Mara Emilia xavier
    Responder

    Norma escolha perfeita do Poeta e do Poema. É exatamente assim a vida…tão dificíl às vezes reconhecer…aceitar que o presente é apenas um instante que a cada minuto que se vai, se torna passado. E nós nessa vida acompanhamos esse ciclo de mudanças, não só físicas. AH, adorei!

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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