Poetando com
Vamos interagir? Compartilho dois poemas do autor abaixo…
Affonso Romano Sant’Anna, Escritor poeta brasileiro (Belo Horizonte), nascido 1937. Fonte
Poesias selecionadas
Silêncio amoroso "Preciso do teu silêncio cúmplice sobre minhas falhas. Não fale. Um sopro, a menor vogal pode me desamparar. O silêncio pode construir. É um modo denso tenso de coexistir. Calar, as vezes, é fina forma de amar." * Cena Familiar "Densa e doce paz na semiluz da sala. Na poltrona, enroscada e absorta, uma filha desenha patos e flores. Sobre o couro, no chão, a outra viaja silenciosa nas artimanhas do espião. Ao pé da lareira a mulher se ilumina numa gravura flamenga, desenhando, bordando pontos de paz. Da mesa as contemplo e anoto a felicidade que transborda da moldura do poema. A sopa fumegante sobre a mesa, vinhos e queijos, relembranças de viagens e a lareira acesa. Esta casa na neblina, ancorada entre pinheiros, é uma nave iluminada. Um oboé de Mozart torna densa a eternidade."
E você: diga nos comentários qual o poeta escolheria para compartilhar aqui ou no seu blog?
Se compartilhar no seu blog, avise-nos
Grata por sua visita
Norma Emiliano
Comments
chica
Adorei as tuas escolhas de poesias e poeta maravilhoso. Muito legal!
Deixo aqui, minha escolha desse queiro gaúcho Mario Quintana:
Canção do dia de sempre
Tão bom viver dia a dia…
A vida assim, jamais cansa…
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu…
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência… esperança…
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas…
Um poema lindo e tocante pois fala de vida, refletir como vivê-la …
Ótima semana! beijos, chica
Rosélia Bezerra
De longe te hei de amar
– da tranquila distância
em que o amor é saudade
e o desejo, constância.
Do divino lugar
onde o bem da existência
é ser eternidade
e parecer ausência.
Quem precisa explicar
o momento e a fragrância
da Rosa, que persuade
sem nenhuma arrogância?
E, no fundo do mar,
a Estrela, sem violência,
cumpre a sua verdade,
alheia à transparência.
Cecília Meireles
Boa tarde de nova semana, querida amiga Norma!
Parabéns pela inspiração!
Estamos mesmo precisando de um ânimo reforçado na BLOGOSFERA.
Gostei muito da sua iniciativa.
Tenha um anoitecer abençoado!
Beijinhos com carinho fraterno
Rosélia Bezerra
“Calar, as vezes,
é fina forma de amar.”
Adorei os versos das suas escolhas e compactuo com eles.
Obrigada pelas lindas partilhas de muito bom gosto.
Bjm
Ailime
Boa noite Norma,
Lindos os poemas que partilhou.
Aprecio muito a poetisa que abaixo refiro:
De: Sophia de Mello Breynner
O mar dos meus olhos
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens…
Há mulheres que são maré em noites de tardes…
Um beijinho e uma boa semana.
Ailime
toninhobira
Uma feliz semana com poesia Norma.
Lindos poemas que seria difícil escolher, mas sou atraído pelo primeiro.
Então deixo no meu blog um Drummond para você.
Gostei da ideia.
Beijo e paz amiga.
https://mineirinho-passaredo.blogspot.com/
toninhobira
Uma bela ideia atrai coisas lindas como partilharam a Chica, Rosélia e Ailime até o momento. Aplausos para elas na bela escolha.
Rosélia Bezerra
Obrigada, amigo Toninho, você sempre participante e gentil conosco. Uma honra para a BLOGOSFERA.
As amigas Chica e Ailime partilharam mesmo lindíssimos poemas.
Um bejinho aos quatro amigos.
Mais uma vez, Norma, parabéns pela iniciativa linda.
Verena
Bom dia, Norma
Lindos os seus poemas partilhados.
Gosto imenso de Cora Coralina.
Todas as Vidas
Vive dentro de mim
uma cabocla velha
de mau-olhado,
acocorada ao pé do borralho,
olhando para o fogo.
Benze quebranto.
Bota feitiço…
Ogum. Orixá.
Macumba, terreiro.
Ogã, pai de santo…
Vive dentro de mim
a lavadeira do Rio Vermelho.
Seu cheiro gostoso
d’água e sabão.
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa,
pedra de anil.
Sua coroa verde de são-caetano.
Vive dentro de mim
a mulher cozinheira.
Pimenta e cebola.
Quitute benfeito.
Panela de barro.
Taipa de lenha.
Cozinha antiga
toda pretinha.
Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda.
Cumbuco de coco.
Pisando alho-sal.
Vive dentro de mim
a mulher do povo.
Bem proletária.
Bem linguaruda,
desabusada, sem preconceitos,
de casca-grossa,
de chinelinha,
e filharada.
Vive dentro de mim
a mulher roceira.
– Enxerto da terra,
meio casmurra.
Trabalhadeira.
Madrugadeira.
Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem criadeira.
Seus doze filhos
Seus vinte netos.
Vive dentro de mim
a mulher da vida.
Minha irmãzinha…
Fingindo alegre seu triste fado.
Todas as vidas dentro de mim:
Na minha vida –
a vida mera das obscuras.
Todas as Vidas é dos poemas mais celebrados de Cora Coralina.
Lindo dia para tí, Norma
Beijinhos
Verena.
Norma Emiliano
Lindas partilhas estamos tendo aqui. Que as asas da poesia afugentem o caos que vivenciamos por aqui e pelo mundo.
rudynalva
Norma!
São tantos bons poetas, difícil escolher apenas um.
cheirinhos
Rudy
Marilene
Amei suas escolhas, bem como as de outros amigos. São tantas as poesias que nos encantam!!!!! Bjs.
Rosélia Bezerra
Boa tarde, queridas Norma e Verena!
O poema da Cora é muito rico de figuras lendárias das mulheres brasileiras.
Gosto da mulher roceira…
Tenham um abençoado final de semana!
Beijinhos
Ana Freire
Quintana ou Manoel de Barros… são dois universos poéticos que nunca me canso de descobrir um pouco mais!
Adorei ambos os poemas de um autor que não conhecia… e que tão bem descreveu, os encantos do quotidiano, com as suas cumplicidades tão especiais…
Um beijinho
Ana