Momento poético
AMAR
“Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o cru,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave
de rapina.Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.”
Carlos Drummond de Andrade
Imagem google
Bom final de semana
Norma
Comments
chica
Lindíssimo!!! beijos,ótimo dia! chica
Yasmine Lemos
Aff isso sim é poesia..Deus!
Lindo,lindo
Bom findi Norma
beijão
Ilaine
Drummond… lindo demais!
Hoje, Você e eu, postamos flores azuis.
Bom domingo, amiga! Azulzinho…
Beijo
anne lieri
Norma,essa poesia é mesmo um arraso de tão linda!E a musica do Roupa Nova é uma poesia maravilhosa tb!Bem escolhido!bjs,