Do verão ao outono

Folhas de outono

Março de 2020, confinamento, solitude que nos remeteu muito mais ao si mesmo, nunca antes  por mim experimentada, nos meus 72 anos. Há um ano quando o mundo parou houve a ilusão de que não seria tão prolongado.

Gerir o próprio dia sem as interações habituais tornou-se, além de evitar o contágio do vírus, um grande desafio.

Nos três primeiros meses surgiram várias possibilidades, na esfera virtual, de se tentar suprir o distanciamento social.  Lives sobre temas diversificados, cursos de muitas áreas, as comemorações familiares, interações entre amigos, grupos religiosos, grupos de trabalho, grupos de estudo, grupos de auto-ajuda, entre outras atividades. A residência passou a ser o espaço onde tudo acontecia (trabalho, estudo, lazer, entre outros) e  intermediado pelos eletrônicos. A esperança como combustível maior diante de tantas perdas.

Um ano se foi e, por incrível que nos possa parecer, o vírus não foi venccido, muito pelo contrário, tornou-se mais feroz.

Sentimentos ambíguos se expressam e as relações íntimas ficam numa areia movediça, ao sabor dos acontecimentos sociais e políticos.

Todos imersos num mesmo cenário, no qual as mortes diárias assustam muitos, alienam outros e a alguns enlouquecem!!!

Reivenção foi o lema de muito para  alentar  o sentido de vida.

A vacina chegou. E o  mundo se agita diante de uma mutação do vírus. Brasil  congelado nos problemas não consegue a evolução necessária ao combate. A mutação do virus aumenta o contágio, novas tentativas com lockdown são realizadas em diversas cidades E nesta balança seguimos  inseguros, indignados com  inconsciência, de muitos, sobre coletivo e recorrendo a tudo que traga energias positivas para podermos superar e seguir em frente.

 Folhas ao vento
  
 Há  lamentos
 Por todos os lados
 Dores incontidas
 Por choros  e temores.
 
 A morte é  certeza da vida
 
 La vem ela numa corrida
 Alucinante  de soma
 Paralisando o entorno.
  
 Sombras permeiam
 A tudo e a todos
 Desaparecem os risos
 E a alma emudece.
 
 De onde virá  a luz?
 
 As dores transbordam
 De perdas, de saudades
 De tudo e de todos
 Que se foram como
 Folhas outonais ao vento.
  
 Mas que tudo possa florescer
 Mesmo antes da Primavera chegar.


Grata por sua visita

Norma Emiliano

Comments

  • chica
    Responder

    Norma, falaste na introdução, muito bem sobre o que nos aconteceu desde março 2020! Incrível que ainda estejamos assim… Sim, temos vacinas, mas ainda não nos podemos liberar totalmente…

    Tua poesia linda e lembra que apesar de tudo, esperança temos que manter viva! Linda semana! beijos, chica

  • Fê blue bird
    Responder

    Norma,
    aqui já chegou a primavera, mas os receios são os mesmos.
    De onde virá a luz?
    A luz tem que vir de dentro para fora, mas sei que é mais fácil dizer que fazer, quando falta o pão na mesa, quando a morte está presente.
    Reinvenção, talvez seja a solução!
    Adorei o poema, atual e sentido.

    Um beijinho e tudo de bom para si e para os seus.

  • Rosélia Bezerra
    Responder

    Boa noite de paz, querida amiga Norma!
    Ah! Confinados só não na liberdade Interior.
    As mutações não podem matar nossa alma jamais .
    Vamos aproveitando brechas na estação tão linda outonal, pisando em tapetes de folhas e fazendo poesia. A sua está bela pela sua sensibilidade.
    Tenha toda paz que precisa, esteja protegida de todo mal!
    Beijinhos carinhosos e fraternos

  • toninhobira
    Responder

    Bem dito quando faz analogia com areia movediça, pois é o que sentimos, mesmo os vacinados estão em perigo constante diante da falta de sensação de segurança em meio ao povo. Roubaram o sonho do novo normal com uma variação viral e voltamos ao ponto de partida.
    Mas nada melhor que ler um poema assim tão lindo sobre uma folha que se arrasta pelo vento e se deposita num cantinho onde as coisas boas florescem e frutificam, um canto onde há amor e esperança em sintonia como nossas mais nobres alegrias.
    Vai passar como o Outono e vamos florir no inverno para explosão primaveril.
    Bela inspiração e analise critica da pandemia.
    Beijo e boa semana com fé esperança.

  • Anete
    Responder

    Postagem muito realista e reflexiva. Há dores, perplexidades e gemidos por todos os lados. Felizmente, há viva esperança e alegria “ainda que”… para boa parte da humanidade. Superação, sobrevivência e resignificação temos que buscar nestes dias tão sofridos e difíceis de atravessar. Até as vacinas não garantem ainda a espontaneidade de respirar livremente. Clamores e louvores Àquele que sempre será a razão de viver!
    Com carinho e grande amor…

  • verena
    Responder

    Texto muito bem escrito, Norma
    Vamos crer que dias melhores virão.
    Um beijinho carinhoso
    Verena.

  • Fá menor
    Responder

    A vida mudou, os tempos tornaram-na mais negra, mas a esperança é a última que morre!

    Beijos e que o outono floresça em primavera!

  • pedro luso
    Responder

    Boa noite, Norma,
    sua crônica aborda muito bem todo o tormento que nos causa o covid 19, bem como relata a situação em que vivemos em nossas casas com o pouco que temos para fazer e com muito que deixamos de fazer. Seu poema é um canto de tristeza diante da dura realidade. Gostei tanto da crônica como do poema!
    Uma boa semana,
    um abraço.

  • Ailime
    Responder

    Bom dia Norma,
    Uma reflexão excelente como tem sido nosso dia a dia nestes tempos difíceis que não imaginaríamos. Temos que nos reinventar para ir suportando cada dia.
    Chegou a vacina e com ela a esperança de por fim a este tormento.
    Seu poema, belíssimo, reflete bem nossos estados de alma.
    Um beijinho e ótimo dia, com saúde.
    Ailime

  • Marli Soares Borges
    Responder

    Boa pergunta, Norma: “De onde virá a luz?” Vamos aguardando… (Estou tentando voltar a blogar. Vamos ver se consigo, rs.) Beijos

  • rudynalva
    Responder

    Norma!
    Para mim o outono é a estação mais expressiva do ano.
    Adorei como sempre sua inspiração na história e no poema.
    cheirinhos
    Rudy

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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