Encontro e desencontros
A Lenda do girassol
Esta é uma das várias lendas sobre o Girassol, mas todas falam sobre a flor que se move sobre seu caule de modo a estar sempre acompanhando seu amado diariamente, conservando eternamente o amor.
Nela não encontramos reciprocidade do amor dos que se cruzam: quando se ama não se é amado e quando se é amado não se ama.
A atração, seja ela física ou mental, é a disparadora do amor. Encontramos no ser humano diferentes estilos de amar. Na citada lenda podemos classificar:
O amor idealizado é aquele que se sonha; é o amor romântico que você crê que vai se completar na relação com outra pessoa; há a idealização do outro; mistura de ilusão e realidade.
O amor platônico é toda a relação afetuosa em que se abstrai o elemento sexual; é um amor à distância, não se aproxima, nem se toca.
“Havia na Grécia antiga, em Olimpio, um deus chamado, Apolo, muito bonito. Mas tanta beleza não lhe serviu de muito, pois nunca teve sorte nos amores. Algumas literalmente fugiram dele. Por exemplo, a ninfa Castália correu o quanto pôde, até transformar-se numa fonte cristalina e inspiradora, no Monte Parnaso, onde está correndo até hoje.
Apolo também perseguiu, a bela Dafne, mas esta implorou aos deuses que a transformassem num frondoso loureiro, antes que ele a alcançasse. Outras não recorreram à velocidade das pernas, mas usaram outros meios. Coronis ofendeu-o ao trocá-lo por outro, um simples mortal.
Cassandra, princesa de Tróia, enganou-o com promessas até que ele lhe desse o desejado dom da profecia. Depois de ter o que queria, dispensou-o com um sorriso e mandou-o contar navios.
Marpessa, foi disputada por Apolo e pelo príncipe da Messênia, foi ainda mais clara. Quando Zeus a mandou escolher entre os dois, ela preferiu o mortal.
Clíntia, ninfa das águas, nutria por Apolo um grande amor e embora tenha tido um breve romance logo se sentiu desprezada.
No entanto, viu-se tomada de tal paixão que perdeu a vontade de viver. Afastou se do convívio alegre das outras ninfas e foi sentar num lugar ermo. Ali, no raiar de cada manhã, ela esperava que Apolo apontasse no horizonte, dirigindo o carro do Sol, e dali mesmo ela seguia sua luminosa trajetória no azul do firmamento, até que o manto da Noite viesse cobrir o Universo.
Nove dias e noites ela ficou assim, imóvel, sem sentir fome nem sede, nutrida apenas pelo orvalho e pelas lágrimas que derramava – quando então os deuses, por piedade, transformaram-na no girassol, que até hoje acompanha nos céus a passagem de seu amado.”
O amor romântico, ilustrado pela figura do Girassol, ainda hoje, é fonte de inspiração de alguns filmes e telenovelas, mas o amor como construção social varia de forma, de significado e de valor.
Na contemporaneidade os relacionamentos são construídos “pelo que cada um pode ganhar e se continua apenas enquanto ambas as partes imaginem que estão proporcionando a cada uma, satisfações suficientes para permanecerem na relação.” (BAUMAN, 2004, p. 111).
Fonte
BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade das relações humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
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