Vaso quebrado

 

Em conversa com amiga sobre traição, surgem fatos que a fazem refletir sobre vínculos significativos em sua história e sua entrega pessoal.

Lembra-se do cunhado que durante 17 anos fora admirado como pessoa íntegra e amorosa. Lembra-se também da sua decepção ao tomar conhecimento das amantes que ele começou a ter e da forma de tratamento (ofensiva e irresponsável), totalmente oposta da anterior que tivera com sua irmã (amorosa e cuidadora). Considerava-o como irmão e sofreu muito com todos os acontecimentos que se sucederam após vir à tona sua mudança radical.

Em seu casamento, fora traída, surpreendeu-se não com a traição, pois já vinha percebendo as mentiras, mas como os fatos aconteceram. Após 20 anos de casada soube que o marido já estava constituindo outra família paralela. Ela sempre priorizou o seu núcleo familiar e o viu atravessado e corroído.

Após divórcio, conheceu várias pessoas na mesma condição que a sua;  homens e mulheres em busca de amizades, companhias e/ou romance. Em um destes encontros, conheceu um homem que, ao longo do tempo, converteu-se numa pessoa muito próxima dela e dos filhos, um amigo de muitas horas. O afeto despertado foi de irmão, irmão que não tivera.

Contudo, certo dia, por motivos que soubera depois, encontrou- o num evento acompanhado da atual namorada e foi totalmente ignorada. Não conseguiu concatenar seus pensamentos sobre tal situação. Sabia do ciúme excessivo desta namorada, mas não via o porquê daquele comportamento dele.

Assim que teve oportunidade, expressou- lhe seus sentimentos que foram de total decepção e mágoa. A explicação de querer evitar conflitos pessoais com a namorada não foram entendidas por ela e a amizade se quebrou. Confiava naquele afeto que por questões defensivas não possibilitou o mínimo respeito.

Neste contar de histórias,  deu- se conta de que suas emoções antigas de perda da confiança somaram-se na reação com o amigo, de quem se afastou do convívio frequente e íntimo.

Juntando os cacos espalhados pelos vínculos partidos pelo desafeto, ampliou o olhar sobre a questão. Este entendimento não favoreceu o retomar da amizade nos moldes anteriores, pois a entrega pessoal foi interrompida, o vaso se quebrou, mas permitiu que  entendesse mais suas frustrações e mágoas.

Enfim, percebeu que nos seus laços extrafamiliares as sombras do amor incondicional paternos a envolveram, e que essas não permitiram que diferenciasse as especificidades de cada uma das pessoas. Por outro lado, também percebeu que essas sombras impediram que se estabelecesse laço de afeto mais real, em que as qualidades e defeitos pudessem ser devidamente reconhecidos e a sua confiança no outro se (re) constituísse.

Norma

Comments

  • Isadora
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    Norma, acho esse um assunto tão delicado e difícil. A traição seja entre marido e mulher, ou entre amigos é difícil de assimilar, de aceitar, de passar por cima. Até acredito que entre amigos, seja um pouco mais fácil dependendo da graduação, mas entre marido e mulher, ah, é difícil. Pode-se até passar por cima, deculpar, mas as cicatrizes abertas demoram muitos anos para fecharem. Se é que fecham.
    Um beijo

  • Norma Emiliano
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    Oi Isadora.
    Concordo que é dificil perdoar, mas aqui ressalto a importância de não deixar que sua alma fique impregnada da desconfiança. Importante que se consiga ver cada um daqueles que se aproximam em suas individualidades e não se aproximar já com preconceitos.
    bjs

  • josé cláudio – Cacá
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    Olha, Norma, eu consigo manter uma certa impassibililidade diante de vários desvios de condutas das pessoas, afinal as imperfeições nos povoam muito. Mas uma coisa que me abala profunda e inexoravelmente é a perda de confiança. Minha vida se estruturou muito em cima de aprendizados de credibilidade e retidão de caráter. Dái eu tenho esses valores como indispensáveis para a manutennção de boas relações , onde eu me entregue, me doe tranquilamente. A perda de confiança é algo para mim difícil de se emendar posteriormente. Meu abraço. Paz e bem.

  • Norma Emiliano
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    Concordo Caca. Quando o vaso se quebra não há como recompô-lo. Mas resalto que o não devemos transferir a todos a desconfiança, como preconceito.

  • manuel marques
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    A traição nunca triunfa. Qual o motivo? Porque, se triunfasse, ninguém mais ousaria chamá-la de traição …

    Abraço.

  • Tida
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    A traição é muito doída. Seja de marido ou amigo, balança a gente mesmo.
    Por algum tempo podemos até desconfiar de todo mundo, mas depois o melhor é ouvir o coração e se deixar levar pela vida.
    bjs

    Acredita que HOJE que eu me tornei sua seguidora? Eu não tinha percebido esta falta, vai ver era isto que me impedia de colocar seu link no meu blog. vou tentar hoje de novo.
    E bjs traveis.

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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