Uma premissa

Em meus atendimentos no consultório quando a queixa inicial é sobre comportamento infantil, minha postura é de convocar toda a família. Contudo, em minhas caminhadas também  encontro objetos de observação e reflexões.Assim sendo,  ao olhar um bebe adormecido,  em seu carrinho, constatei a expressão de total tranquilidade e me  motivou a escrever sobre esta significativa etapa da vida humana.

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Partindo  de Donald Winnicott, médico  inglês, estudioso do “desenvolvimento emocional primitivo”, o período da infância é o momento em que o sistema nervoso está se estruturando e as vivências são de extrema importância para a formação da identidade do indivíduo. Aqueles que tiveram vivências muito negativas na primeira infância podem  criar uma identidade adulta precoce, assumindo uma postura extremamente rígida que dificultara seu amadurecimento.  É fundamental que saibamos conviver com nossa própria infantilidade.

Para Winnicott  muitos problemas da fase adulta estariam vinculados a disfunções ocorridas entre a criança e o “ambiente”, representado geralmente pela mãe. Ele se concentrou na investigação da relação mãe-bebê. Também atribuiu importância a herança, potencial trazido pelo ser humano ao nascer, tanto físico como emocional. Desta forma, afirma que a raiz da delinquência e da criminalidade está na experiência vivida pela criança durante a relação com os primeiros cuidadores(Winnicott, 1956)

O ambiente familiar, assim, torna-se de suma relevância no desenvolvimento psicológico da criança, Desde o inicio precisa ser cuidada, é totalmente dependente do adulto, e ao longo do  seu desenvolvimento as relações estabelecidas devem propiciar a construção de sentimento de segurança e  esteio, onde pode se expressar .

“A criança normal, ajudada nos estágios iniciais pelo seu próprio lar, desenvolve a capacidade para controlar-se. Desenvolve o que é denominado, por vezes, “ambiente interno”, com uma tendência para descobrir um bom meio. A criança anti-social, doente, não tendo tido a oportunidade de criar um bom “ambiente interno”, necessita absolutamente de um controle externo se quiser ser feliz e capaz de brincar ou trabalhar.” (Winnicott, 1946:123). Portanto, é a segurança propiciada pela família que  permite a criança a brincar e a usufruir todas as suas habilidades, contribuindo com o mundo social (Winnicott 1945).

Esta é uma das  vertentes teóricas  sobre o desenvolvimento psicológico do ser humano;  um  ponto de partida para muitas reflexões

Referências

WINNICOTT, D. W. (1945). De novo em casa. Em: Privação e delinqüência. Rio de Janeiro. Martins Fontes, 1994, 2ª ed., p.53-57.

WINNICOTT, D. W. (1946). Alguns aspectos psicológicos da delinqüência juvenil. Em: Privação e delinqüência. Rio de Janeiro. Martins Fontes, 1994, 2ª ed., p.119-125. WINNICOTT, D. W. (1948). Carta para Anna Freud. Em: O gesto espontâneo. Rio de Janeiro. Martins Fontes, 1990.

WINNICOTT, D. W. (1956). A tendência anti-social. Em: Privação e delinqüência. Rio de Janeiro. Martins Fontes, 1994, 2ª ed., p.127-137.

Norma Emiliano

Comments

  • misturebasblog
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    O Mínimo que uma criança( que não pediu pra nascer) merece é a paz e tranquilidade no ambiente em que vive:respeito, carinho e até limites com amor! bjs, chica, lindo dia!

  • Anete
    Responder

    Um texto muito bom, Norma.
    A família bem estruturada traz um crescimento saudável, certamente. Também um bom ambiente favorece a criança a ser feliz e, mais tarde, um adulto c suas emoções firmes e tranquilas.
    Um abraço

  • AILIME
    Responder

    Boa noite Norma, excelente este artigo e sua reflexão.
    É na infância que são vinculados aspectos que vão estruturar a maturidade e equilíbrio de cada indivíduo.
    Um beijinho e continuação de boa semana.
    Ailime

  • toninhobira
    Responder

    Boa noite Norma, muito boa e interessante abordagem esta suas experiencia e o pensamento de outro especialista dedicado. A base será sempre a premissa a ser considerada e no seio da família bem estruturada onde há esta dedicação come este envolvimento amoroso pode sim ser fundamental neste desenvolvimento psicológico.Com nosso olhar mais simples a gente vê por aí estes exemplos.
    Gostei de mais esta partilha de sua especialidade.
    Meu terno abraço de paz para um já final de semana com alegria.
    Bjs.

  • Majo Dutra
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    Sabia que as condições que envolvem a primeira fase infantil influenciam uma vida…
    Gostei muito da perspetiva que apresentou e de conhecer o estudo de DWinnicott.
    Bom fim de semana, Norms.
    Abraço.
    ~~~

  • Vera Lúcia Duarte
    Responder

    Olá Norma,
    O artigo é bem interessante e vem corroborar um entendimento mais ou menos comum, ou seja, de que esta fase da criança é fundamental para o seu desenvolvimento e equilíbrio emocional. Um lar bem estruturado, onde a criança recebe amor e segurança, por certo, terá uma influência positiva para a sua saúde emocional. A relação mãe-bebê é de extrema importância e poderá ditar as questões de ajuste ou não da criança em outras fases de sua vida.
    Ótimo final de semana!
    Beijo.

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