Blogagem Coletiva – Sentimentos e Emoções

 

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MEDO

Hoje tem início  a  Blogagem Coletiva sobre sentimentos e emoções organizada por Glorinha do blog Café com bolo  e esta  é a minha participação.

 

Recuperar nosso passado é iluminar o caminho do encontro do si mesmo.

Medo é uma  pergunta. Do que você tem medo e por quê. Nossos medos se os analisarmos são casas de tesouros cheias de sabedoria”   Marilyn Ferguson

Procuramos, ao longo da nossa trajetória, evitar o que nos ameaça, na ilusão de que aquilo que não sabemos não possa nos magoar.

Os medos cotidianos são facilmente identificados ( de insetos, assaltos, de voar, tempestade entre outros). Mas existem aqueles que negamos, não reconhecidos, inconscientes, que como fantasmas nos perseguem e nos paralisam. Entre estes podemos citar: fracasso,  rejeição, amar intensamente,  perder a identidade, estar errado.

Muitos pensam que ter medo é sinal de fraqueza e que se o demonstrar  podem ser rejeitados e, assim, o nega. No entanto, para poder superá-lo é necessário confrontá-lo e compreendê-lo.  O confronto provoca dor emocional que se expressa fisicamente em diferentes formas, de pessoa para  pessoa: peso no peito, nó na garganta, dor no estômago, entre outras.

É desagradável sentir dor.  Contudo, ela pode ser uma fonte de sabedoria.  De acordo com Frederick Perls “a dor é a forma como a natureza chama a tenção para aquilo que precisa de atenção”. Desta forma, podemos entender a dor física não como um sinal de problema,  mas como a uma experiência de aprendizado (dor emocional) .  É  o preço para adquirirmos o autoconhecimento.

É na infância que se inica a dificuldade em lidar de forma construtiva com a dor. Os pais superprotegem seus filhos de realidades ruins, como por  exemplo, a morte de pessoa da família,  e não possibilitam o aprendizado de lidar com  a dor e limita a consciência ( a percepção dos fatos). Vamos,  assim, empregando imensos esforços para não sentir ou ter  a percepção dos nossos sentimentos, atrofiando nossas sensibilidades. Calamos nossa reações interiores para não sentirmos dor e buscamos intelectualmente o que sentimos, em vez de sentir o que sentimos.

“Sim, assombrosa é a sagacidade do homem:
Por ela, atinge cumes
Por ela, também caí.
Na confiança de seu poder, tropeça;
Na obstinação de sua vontade, é derrotado.
Sófocles, Antígona

Superar o medo é um longo processo,   pois envolve estar consciente do medo, disposto a encará-lo, confrontá- lo (falar sobre e compreenê-lo) e testá – lo.  Se não desaparecer totalmente, tê-lo enfrentado aumenta a autoconfiança e dá coragem para enfrentar novos medos.

 

“Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou,
já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns,
outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade…
Já tive medo do escuro, hoje no escuro “me acho, me agacho, fico ali”.
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de “amigo” e descobri que não eram…
Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas,

das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
– E daí?  EU ADORO VOAR!”.

Clarice Lispector

Bibliografia            
Alexander Lowen – Medo da Vida
Jordan& Margaret Paul- Terapia do Amor

 

Comments

  • Alexandre Mauj Imamura
    Responder

    Excelente post. Realmente é muito tênue a linha protetora/opressora do medo.
    O medo nos protege, de certa maneira. O problema é a dosagem, que nos impede de seguirmos em frente.

    Boa sexta

  • Sonia Beth
    Responder

    Bom dia, lindíssima Norma. Um excelente dia pra voce.

    Muito rico este seu texto, e eu fico com a citação da Marilyn Ferguson, escritora do livro A Conspiração Aquariana : “Medo é uma pergunta. Do que você tem medo e por quê. Nossos medos se os analisarmos são casas de tesouros cheias de sabedoria”.

    Em Astrologia, quando estudamos Saturno e a casa onde se encontra, procuramos evidenciar justamente isto : a riqueza que o medo encobre.

    Obrigada lindinha

    beijins

  • Isadora
    Responder

    Oi Norma, difícil lidar com o medo. Na verdade acredito que o mais difícil seja lidar com o medo emocional. Compreendê-lo já é um passo e tanto, mas te digo que ainda assim é difícil combatê-lo. Muitas vezes somos vencidos, em outra saimos vencedores, mas é uma luta de todos os dias.
    Um grande beijo

  • Meru Sami
    Responder

    Clarice Lispector dispensa comentários, não amiga?
    Sua postagem leva á reflexão, tem profundidade.
    Eu preciso refletir muito no final do dia de hoje,…Hehehe.

    Beijos.

  • Manuela Freitas
    Responder

    Olá amiga Norma,
    O seu post está excelente, a exposição é profunda, o texto de Clarice enriquece o post especialmente. Parabéns! Levo daqui muita coisa para reflectir, grande parte do meu post foi a brincar com os «medinhos»!…
    Beijinhos e bom fim-de-semana,
    Manú

  • Tati
    Responder

    Norma, que bela participação!! Muito bom seu texto. E finaliza brilhantemente com este texto.
    Muitas vezes já tive medo de meus medos. Já tive medo de enfrentar meus sentimentos, não aqueles que pareciam ser, mas o que eram. Estes, aqueles que a subjetividade esconde, são os que dão mais mede de enfrentar! Alguns já consegui, outros não.
    Beijos.

  • Nilce
    Responder

    Oi, Norma

    Muita reflexão no seu post.
    Os medos nos são impostos desde a infância. Mas, se trabalhados não causam grandes consequências. O lado emocional acho que é mais forte. Esse tipo de medo é capaz de transformar as pessoas.

    Bjs no coração!

    Nilce

  • Glorinha Leão
    Responder

    Oi Norma, ao ler seu texto me lembrei do avestruz que enfia a cara no buraco pensando que assim está escondido ou do bebê que ao brincar coloca as mãozinhas no rosto, pensando que como ele não vê, ninguém o vê tb. Assim fazemos com nossos medos ao não enfrentá-los.
    É difícil, é doído, muitas vezes não vamos conseguir, mas a tentaiva de passar por cima deles, enfrentá-los é que fazem parte e enriquecem o grande desfio que é viver. Bela participação.
    Bjs.

  • Astrid Annabelle
    Responder

    Maravilha de participação Norma!
    Lindo texto..Clarisse é Clarisse!
    Medos todos temos.
    Encará-los que é o desafio.
    Minha pergunta hoje para o medo começa sempre com “PARA QUE?”, e aí a resposta vem na hora.
    Adorei…
    Beijos querida
    Astrid Annabelle

  • Crica Viegas
    Responder

    Oi Norma
    nem sabia dessa coletiva mas tava desde ontem pensando e m escrever sobre o transtorno do pânico , que tenho desde 2006. Aí resolvi postar algo. Gostei muito da parte em que vc diz que devemos confrontar o medo e não termos medo de mostrá-lo. Isso tem sido um exercício pra mim.
    BJS

  • Giovanna
    Responder

    Norma acho que enfrentar o medo só nos enriquece. Obrigada pelo comentário carinhoso no meu blog. bjs

  • José Cláudio (Cacá)
    Responder

    Olá, Norma! Excelente a sua abordagem, pra variar, né? Eu sou meio estóico tanto com relação ao aspecto físico, como emocional. Acho que o momento da dor, apesar do sofrimento é um teste mesmo para as nossas capacidades de enfrentamento e superação. Na próxima vez que se repete um evento em nossa vida a gente se sente mais confiante no enfrentamento. Adorei! Meu abraço. Paz e bem.

  • Tetê
    Responder

    Norma… um post maravilhoso! A gente sempre tenta fugir das coisas e situações que nos amedrontam, mas só vencemos nossos medos quando os enfrentamos! Obrigada pela visita! Bjks e bom final de semana! Tetê

  • Lúcia Soares
    Responder

    Norma, muito bom o texto todo e a parte da Clarice Lispector é uma beleza. Quanta verdade encerra. Acho que a gente tem tantos medos que até somos impedidos de viver na plenitude.
    Será que devíamos confiar mais e temer menos?
    Pode ser um caminho.
    Beijo e bom fim de semana.

  • Beth Q.
    Responder

    Ola Norma!
    Belo texto! Quantos medos temos que vencer nesta vida, acho que não conheço ninguém que diga que nunca sentiu algum, principalmente depois que conhece o amor verdadeiro, pois aí sim, o medo da morte aumenta ou das doenças, ou da perda de algum ente querido.
    O medo é um sentimento que irá sempre existir dentro de nós e faz parte da nossa humanidade.
    beijinhos cariocas

  • manuel marques
    Responder

    Prometemos conforme as esperanças e agimos conforme os medos .

    óptimo texto.

    Abraço.

  • Macá
    Responder

    Norma
    Todos nós sentimos algum tipo de medo, não tem jeito. Mas acho que sempre temos que tentar com que ele não nos domine. Eu por exemplo morro de medo do mar, mas já viajei de barco, de lancha, de navio (sempre morrendo de medo) e também vou muito à praia com a água até a cintura, mas não deixo de ir.
    beijos

  • Lianara
    Responder

    Olá Norma!

    Vim agradecer sua visita e o carinhoso comentário no meu post sobre o MEDO!

    Sua postagem está maravilhosa! Uma reflexão bastante atual e finalizando com Clarice Lispector! Perfeito!

    Abraços
    Lia
    Blog Reticências…

  • Norma Emiliano
    Responder

    Meus agradecimentos a todos que aqui estiveram lendo, compartilhando e enriquecendo esta minha participação no primeiro tema de nossa blogagem coletiva- sentimentos e emoções.

    bjs,

  • Socorro Melo
    Responder

    Olá, Norma!

    Esta é a minha primeira visita ao seu Blog, que gostei, e vou voltar.
    Seu post, interessantíssimo, nos dar uma lição de como enfentarmos os medos, e nos conscientiza de que mesmo não nos livrando totalmente, após o enfrentamento, com certeza é um processo que aumenta nossa confiança, e nos prepara para enfrentar novos medos.

    Um beijo procê.
    Socorro Melo

  • marli soares borges
    Responder

    Oi Norma,
    Ótima reflexão. E esse poema de Clarice, fantástic! Parabéns. Bjsss

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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