Eu mudei, e você?

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A indústria cultural reproduz o que já existe nas relações sociais superenfatizando determinados aspectos das práticas sociais através da “hiper-ritualização.” Goffman,

Ao longo da evolução da humanidade, a forma de se considerar a construção e evolução da parceria conjugal veio sofrendo, paulatinamente, mudanças, sobretudo no decorrer do século XX.  A revolução sexual e a entrada da mulher no mercado de trabalho influenciaram sua forma de estar no mundo e na sua relação conjugal. Muitos casamentos entraram em crise pela dificuldade de alguns homens renovarem seus paradigmas.

Os papéis rigidamente construídos, nos quais a mulher cuidava do lar e da educação do filho, enquanto o homem provia a família com os recursos financeiros, foram abalados. A oportunidade de trabalhar favoreceu as mulheres a acreditarem em outras competências antes não vislumbradas.

A esfera familiar trouxe ao gênero feminino a possibilidade de desenvolver práticas e construir um conjunto de conhecimentos que se transformaram em instrumentos valiosos para enfrentar o mercado de trabalho. A administração empresarial ganha muito com a capacidade de organização, sensibilidade, diversidade e assertividade da mulher.

 Por outro lado, gerar renda significa ter igualdade de poder na parceria. Para muitos homens, esta igualdade acarretou sentimentos contraditórios de admiração e de rejeição em relação ao cônjuge. Eles não se sentem mais reconhecidos nos papéis anteriormente valorizados; vêem-se abandonados e cobrados por suas mulheres ao compartilharem novas funções.

A mulher ganha espaço na sociedade capitalista, busca novos conhecimentos e diversifica, cada vez mais, suas competências. Contudo, há o estigma de que ela é a cuidadora da família e, em função disto, ainda há uma sobrecarga em suas funções.

Na família nuclear, hoje, já se encontra nas novas parceiras, uma divisão de tarefas em relação à administração da casa e ao cuidado com os filhos. Entretanto, em relação às suas famílias de origem, ainda é forte a missão da mulher como cuidadora exclusiva dos pais.

“Não somos mais uma geração de jovens”. O envelhecimento populacional já é visível e já foi constatado estatisticamente. O cuidado com os pais idosos envolve muitas tarefas e absorve o tempo. Contudo, nem a família nem as organizações empresariais estão atentas e, possivelmente, em bem pouco tempo, esta questão se transformará em crise.

As diversas parcerias são construídas tendo por base afinidades e diferenças. As diferenças sempre existiram e sempre existirão, não só entre os gêneros, mas de pessoa para pessoa. As mudanças tecnológicas, científicas e culturais vêm trazendo mudanças de atitudes na mulher e em contrapartida no homem, mas esta visão precisa ser ampliada para além da esfera doméstica. A sociedade precisa encontrar uma forma de conciliação das funções de forma que a afetividade familiar não fique comprometida e o desempenho profissional não fique prejudicado.

Norma Emiliano

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