Eterna Busca
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Manhã cinzenta e fria de um dia de inverno. Em seu quarto ele desperta para um novo dia. Não se levanta. Levantar para quê? Ao seu redor impera o silêncio da casa vazia e em seus pensamentos nada de tão valoroso o impele a se mexer. De uma vida plena ao vazio total. Perdeu-se. Os fios que entrelaçavam seus afetos foram se partindo, desde a separação conjugal até a morte da sua prima, com quem residia.
Foram tantas “traições e perdas” que o sentimento de desesperança tomou conta dos seus dias. Fez várias tentativas de aproximação dos filhos, mas as brigas familiares foram provocando o distanciamento físico e emocional culminando em acusações sentidas por ele como ingratidão. Em meio a tudo isso, a prima adoece e falece. Hoje, à base de remédios, perambula pela casa, sem ter nenhum sentido na vida.
De outra forma, encontra-se também abatido outro homem que chegara à beira da morte, mas que, como milagre ressuscitara. Sua vida foi estruturada por muitos anos com a esposa, filhos sadios e um bom emprego. No entanto, o crescer do vício, era alcoólico, levou-o ao fundo do poço: perdeu dinheiro, separou-se da família e certo dia acordou de um longo coma. Assim, deparou-se com a solidão.
Duas histórias, traçados diferentes, mas com um mesmo resultado: a perda de si mesmo, do significado de sua vida. As pessoas e os afetos constroem a rede de proteção humana e são os referenciais do cotidiano.
Os dias e a as noites se sucedem, uns de marés altas e cinzentas e outros de ondas mansas e claras. As circunstâncias impõem- se, mas sempre há várias formas de se relacionar com elas: submetendo-se, desafiando-se, reinterpretando-se ou recriando-se. Aqui fica uma pergunta no ar, como cada um desses homens irá superar sua perda?
A busca do sentido de vida faz parte do viver humano e nas palavras de Osho “ele não está fora (…), ele tem que ser criado (…), ele é um poema a ser composto, é uma canção a ser entoada, uma dança a ser dançada”.
Norma Emiliano
Qual a canção que entoa o seu sentido de vida?
Comments
Nilce
Oi Norma
É muito triste ver vidas se acabando por problemas familiares e vícios.
Já cheguei a quase perder o juízo com meu primeiro casamento, até o dia em que alguém chegou para mim e disse que a única pessoa que podia me tirar daquilo, era eu mesma.
Então tomei uma decisão e com certeza não apenas por mim, mas também pelos meus filhos que não tinham nada a ver com tudo aquilo.
Sofri mas venci. E hoje vejo o quanto valeu a pena.
Bjs no coração!
Nilce
Tati
Oi Norma, que texto incrível. Em primeiro lugar quero te agradecer todo o carinho, vou responder, por e-mail, mas senti vontade de passar por aqui, para prestigiá-la em textos que eu adoro. Gosto demais do seu blog.
É incrível como alguns acontecimentos podem mudar nossa visão de mundo, sacudir nossas certezas e aparente estabilidade e mudar tudo. Se reestruturar não é fácil. Eu estou em busca de música erudita para embalar meu sentido de vida, mas muitas vezes ainda ouço rock n´roll. Vou caminhando! Aliás, vamos todos, não é?
Beijos e mais uma vez obrigada por seu carinho e atenção.