Quem são os escolhidos?

 

A importância de estarmos com outras pessoas, de  interagirmos, dos afetos  têm sido a tônica de muitos artigos que se dirigem à qualidade da vida psicológica e social, bem como ao uso descomedidos dos eletrônicos e do virtual. Neste sentido, começo a repensar sobre como, hoje, as pessoas escolhem aqueles com quem desejam compartilhar, seja passeios, trabalhos, conversas, enfim afetos; quais os valores que permeiam essas escolhas?

Eu gosto de me reportar ao tempo da minha família extensa, da vizinhança solidária, das conversas nas calçadas das casas, das crianças brincando nas ruas,  experiências que nos constituíram como sujeitos coletivos. Não é ser saudosista, nem considerar que tudo antes era melhor e que hoje é tudo ruim. Porém, temos que considerar que são diferentes. Aqueles que vivenciam a atualidade nem saberiam dimensionar, pois para  eles esta é a realidade.

Estudos (fonte) mostram que as pessoas buscam relacionamentos motivadas por necessidades e preocupações vigentes em cada estágio da vida. Weiss e Lowenthal (1975) observam que “as funções básicas da amizade surgem cedo e permanecem ao longo da vida.”

De acordo com estudiosos do assunto a partir da fonte  (Bukowski et al., 1996; Hartup, 1989),  “amizade infantil caracteriza-se por afeto, divertimento e reciprocidades: mútua consideração, cooperação, bom manejo de conflito, benefícios equivalentes em trocas sociais; gostar um do outro.(…)  As amizades de crianças mais velhas e adolescentes incluem lealdade, confiança e intimidade, requerem interesses comuns e comprometimento, tanto para manter os amigos como para formar novas amizades.”

Em relação as amizades adultas, os estudos as caracterizam como:  por homogeneidade de traços de personalidade, interesses, sexo, idade, estado civil, religião, status ocupacional, etnia, renda, escolaridade, gênero, número de amigos, duração da amizade e tipos (Bell, 1981; Blieszner & Adams, 1992; Fehr, 1996). Aponta-se também que a  entrada no mercado de trabalho, o casamento e os filhos tomam um tempo que antes era dedicado às amizades (Carbery & Buhrmester, 1998; Koh et al., 2003; Monsour, 2002; Rawlins, 1992; Weiss e Lowenthal, 1975). Fonte

Ressalta-se que alguma condições na etapa do envelhecimento, o tempo livre pós-aposentadoria, a saída dos filhos de casa e as condições de saúde física e mental, finanças e moradia são aspectos cruciais à qualidade de vida  (Castro, 2004), interferindo na formação e manutenção das amizades (Souza, 2004).  Neste período, ocorre  uma menor interação e com encontros mais breves (Adams, Blieszner & deVries, 2000). Entretanto o  cultivo de amizades entre idosos tem se mostrado essencial para a felicidade das pessoas dessa categoria, especialmente através da vivência diária em condomínios “segregados” (fechados) específicos para esta faixa etária (Debert, 1999). Há um significado diferente entre as amizades mais antiga, procuradas para troca de confidências, aconselhamento e relembrança de eventos passados em conjunto, das mais novas que oferecerem “um ponto de vista diferente” (Shea, Thompson & Blieszner, 1988, p. 91). Fonte

Temos que considerar também que a sociedade contemporânea tem novas formas de relacionamento social, como as amizades  a partir de redes sociais e outras tecnologias de comunicação.

Atualmente, observo que após o período crítico da Pandemia Covid-19 as relações sofreram certo distanciamento e mudanças de comportamento, principalmente entre os adultos; alguns se acomodaram e permanecem muito mais tempo em suas residências com atividades mais isoladas e outros se distanciaram dos grupos de amizades. 

Independentemente da forma como se dá a relação, ela acaba sendo determinante,  inserindo o indivíduo  numa forma específica de ver, sentir, conhecer,  compartilhar, bem como de estar no mundo.

 

 

Grata por sua visita e comentários sempre bem-vindos.

Norma Emiliano

 

Comments

Grata por sua visita sempre bem-vinda.