Pausa poética

Sedução
A poesia me pega com sua roda dentada,
me força a escutar imóvel
o seu discurso esdrúxulo.
Me abraça detrás do muro, levanta
a saia pra eu ver, amorosa e doida.
Acontece a má coisa, eu lhe digo,
também sou filho de Deus,
me deixa desesperar.
Ela responde passando
a língua quente em meu pescoço,
fala pau pra me acalmar,
fala pedra, geometria,
se descuida e fica meiga,
aproveito pra me safar.
Eu corro ela corre mais,
eu grito ela grita mais,
sete demônios mais forte.
Me pega a ponta do pé
e vem até na cabeça,
fazendo sulcos profundos.
É de ferro a roda dentada dela.
Adélia Prado
Imagem Internet
Norma
Comments
chica
Adoro Adelia e suas poesias…Linda escolha!beijos, ótimo feriado!chica
ELIANA
MUITO BOA ESSA POESIA FALA BEM O QUE É A SEDUÇÃO! KKKKKK
josé cláudio – Cacá
é intensa, profunda e estridente a poesia da Adélia. E muito, muito bela. Abraços. Paz e bem.
manuel marques
Não tenho tempo algum,porque ser feliz me consome
Adélia Prado
Beijo.
Toninhobira
Uma pausa com elegancia ao trazer uma Adelia com sua alta inspiração sobre o fascinio e a sedução que a poesia se impõe sobre os iluminados da arte,como ela, como numa bela analogia a uma maquina com suas inumeras engrenagens.Muito lindo isto.Parabens Norma por este refinado gosto e generosidade. Abraço de paz e beijo de luz nos seus dias.
Giovanna
Adélia Prado, envolvente, sedutoramente linda, as palvras, o texto…Bjs