Em Silêncio
Em agosto de 2009 iniciei este blog com este texto. Estava ainda penetrando no mundo da blogosfera e, como podem observar, não houve nenhum comentário. Hoje o republico.
“Os que esperam no Senhor renovarão as suas forças; subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; andarão, e não se fatigarão.” Salmos 40:31
O amanhecer traz consigo o frescor e o azul há muito não percebidos. Ao fundo a correnteza do rio embala as folhas que se deixam levar. Numa sintonia perfeita o voo da borboleta; a relva verdejante oferece seu leito. Quanta paz! Nos pensamentos os ruídos das vozes familiares; imagens perdidas no passado distante. Pessoas que povoam a memória e trazem a história. De voz em voz, de imagem em imagem, um pedaço da vida. Menina marota e travessa; jovem faceira perdida em sonhos. Entre sim e não encontram-se as imagens paternas, farfalhar das roupas, risos fluidos, muitas festas. O som do afeto contido nos sim e não.
Em meio à paisagem, a vida em sua permanência. Não importa quantos se foram ou quantos ainda virão. O ser misturado à paisagem no momento presente traz à memória recortes de vida. Permanência repleta de impermanências. A música rompe o silêncio e espalha aos ares o som de melodias inesquecíveis. Entre os demais ritmos, o bolero remete aos romances. Rostos colados, olhos brilhantes e sorrisos fartos.
O vento e no ar o perfume da relva trazem muitas recordações. Flashes que ficaram gravados: crianças correm, mulheres gesticulam, homens falam ruidosamente. O vento também leva para longe estas imagens e traz a paisagem em relva. Quanta paz! Surpreendentemente, a vida desperta com o som da violência que sorrateira espalha-se, ceifando vidas e sonhos. No turbilhão dos acontecimentos o vento traz imagens de dor e angústia.
Misturam-se o ontem e o hoje contidos em vozes passadas, entretanto tão presentes. Reter doces lembranças nos ajuda a manter o sonho da paz. Romper o silêncio da angústia, abrir o peito para vida percebida e sentida na relva, no voo da borboleta e no vento. Na harmonia da natureza o Ser debruça em choro de alegria e tristeza. Tudo em volta anuncia a sincronicidade da vida, que teima em trazer, no som silencioso das vozes, a esperança de dias melhores. Dias nos quais a humanidade brote no Ser como as flores brotam no pantanal e o rio corre para o mar.
O anoitecer traz consigo o céu pontilhado de estrelas. O dia entra pela noite e reflete a seqüência da cadência do tempo. A vida traz bons e maus momentos e no silêncio a presença do viver.
Norma Emiliano
2009
Imagem Net
Comments
taislc
E naquela época você já tinha poesia na veia!! Lindo texto poético falando de vida, dando várias nuances! Texto tranquilo e com profundidade, parabéns, amiga!!
Um beijo e uma semana feliz e sem muitos ruídos para dar a você a oportunidade da boa escrita, reflexiva.
chica
Que lindo texto,Norma.Tão profundo e verdadeiro! Interessante ver como textos lá do início nada de comentários tinham.Bom ver o progresso! beijos, chica
Anete
O versículo é lindo e o seu texto também, Norma.
Esperar no Senhor é bom e é o melhor! Ele renova as novas forças e caminhamos sem vacilar…
Um abraço
Roselia Bezerra
Olá, querida amiga Norma!
Temos o mesmo tempo de blog e como é lindo recordar o início tão feliz para nós com um novo descortinar de emoções e amizades…
Iniciou belamente e adorei encontrar o referido salmo como entrada no seu mundo virtual.
Seja muito feliz e abençoada junto aos seus amados!
Bjm de paz e bem!
Ailime
Boa tarde Norma,
Iniciou seu Blogue com a Palavra do Senhor e um texto maravilhoso e muito profundo.
Merecia muitos comentários, mas de inicio é assim, ninguém comenta;))!!
Um beijinho e boa semana.
Ailime
toninhobira
Engraçado Norma esta coisa de uma postagem não ter comentários. Às vezes eu volto no tempo e vejo textos que gostei com um número irrisório de comentários e me vem esta vontade de reedita-los. Fez muito bem amiga, nesta data eu nem pensava em blogar embora já o tivesse. Mas somente em 2010 Junho iniciei na Copa da Africa. Aqui fui lendo este belo texto e fui criando as imagens e me vi numa serra contemplando o vale, passei pelos rios, lagoas e entrei nos pomares com todos os cantos de passarinhos e assim ouvi a cantoria quando o Sol de escondia na serra e a Lua chegava com seu brilho, então eu senti a paz, o encantamento, para namorar a noite e me deixar numa cama para os sonhos.
Um belo texto com certeza tinha que sair do ostracismos.
Beijo