Você sabia?

Impressionada com  profundidade  da  mensagem  expressa no poema Metanáuticos, que recebi de uma amiga,  fui pesquisar sobre a autoria.

O autor deste poema  é Geir Nuffer Campos. Ele nasceu em São José do Calçado (ES), 28 de fevereiro de 1924  e faleceu em  Niterói, 8 de maio de 1999.

Viveu parte da sua infância em Campos (RJ), parte no Rio de Janeiro. Em 1941, passou a residir em Niteroi (RJ).  Foi poeta, escritor, professor universitário, jornalista e tradutor brasileiro. Fonte

Imagem

A partir das suas imagens poéticas podemos refletir sobre a vida e as nossas experiências pessoais, singulares e intransferíveis. Por outro lado,  podemos, também,  pensar em nossos filhos e em nossas possibilidades e limitações em relação as  suas  próprias vidas.

Velhos Marinheiros

Imagem aqui

Metanáuticos

“Posso te dar a carta de Marinha.

Mas o traço que nela insinuasse

Um dentre tantos rumos…

Não !

Posso te dar as Tábuas de Marés

Mas a leve emoção de cavalgar

Onda e onda após onda…

Não !

Posso te dar os índices das águas,

Conforme as densidades.  Mas a branda

Flutuação do casco…

Não !

Posso te dar a Rosa e o timão

Mas o desequilíbrio concertante

Ao balanço de bordo…

Não !

Posso te dar exemplos de ancoragens.

Mas o galeio do barco seguro,

Retesando as amarras…

Não !

Posso te dar o longe no binóculo.

Mas acolá das lentes, a paisagem

Convidando à viagem…

Não !

Posso te dar notícia do mar calmo.

Mas o rumor das franjas no espelhado,

Junto à roda de proa…

Não !

Posso te dar o gorro marinheiro.

Mas a pressão do linho

Nos cabelos, enquanto sopra o vento…

Não !

Posso te dar a direção da chuva.

Mas o gosto da baga salitrada,

Escorrendo no rosto…

Não !

Posso te dar posturas de sextante.

Mas o fulgor da estrela observada,

Entre horizonte e prisma…

Não !

Posso te dar os nomes de alguns peixes.

Mas o espanto de vê-los acender

Fosforescente rastro…

Não !

Posso te dar frios conhecimentos.

Mas o que se acalenta no convívio amoroso do mar…”

Não !

Geir Campos


Poesia vencedora do II Torneio da Poesia Falada do DDC/RJ

Norma

Comments

  • Lisette Feijo
    Responder

    Muito interessante não conhecia, beijo Lisette.

  • chica
    Responder

    Li,reli e estou encantada com tanta verdade. Podemos dar tudo, mas não É TUDO! LINDO! beijos,chica

  • Teresinha Ferreira
    Responder

    Olá Norma,
    Que bacana esse poema. A doação de poder dar mais e mais. Acho que é por ai.
    Bom final de semana.
    Beijos mil

  • Fernanda
    Responder

    Amei conhecer esse autor.
    É um belo poema, muito interessante Norma.
    Um beijo amada ,e bom domingo.

  • Valéria
    Responder

    Oi Norma!
    Lindo e profundo!
    Podemos dar a primeira fagulha do sonho, do desejo, mas a conquista completa fica com cada um, não podemos dar tudo.
    Beijinhos e um lindo domingo!

  • TONINHO
    Responder

    Grata apresentação com labor.
    Um poema interessante Norma pode-se dar tudo que é materia, mas a emoção jamais,pois que esta é da pessoa.Eu posso dar o pão, mas o prazer de tocar a massa e fazer o pão não.Vou ler mais sobre ele.
    Grato pela generosidade.
    Belo fim de domingo a voce e que a semana nos seja leve e alegre.
    Carinhoso abraço.
    Bjo.

  • luma rosa
    Responder

    Quando leio obras tão esplendorosas fico pensando nas pessoas que morreram, se foram e pluft! Ninguém nunca mais viu, ninguém nunca mais falou… Fico imensamente grata por ter a oportunidade de ler um poema tão líquido e verdadeiro. Fiquei curiosa também e fui procurar o poema. Achei em uma homenagem da Cerimônia de 30 anaos de Entrada da Marinha do Brasil da turma Almirante Alexandrino de Alencar. Segue link http://www.alexandrino.org.br/30anoscn.htm
    Boa semana! Beijus,

  • Nina
    Responder

    Bonito mesmo Norma, existem coisas que nao podem mesmo ser dadas, só a vivência pode mostrar. Tbm nao conhecia o autor.

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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