Trajetória compartilhada

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“O parceiro não é nem salvador, nem inimigo, apenas companheiro” James Hollis

 

Carmem decide que vai pedir demissão do seu emprego para se unir ao namorado que reside em outra cidade. Em nome do amor interromperá sua carreira profissional. Não supõe quantos ressentimentos poderão surgir por abandonar um dos seus projetos, de ser uma mulher independente financeiramente.

 

Muitos direcionam – se para a vida a dois com a ilusão do amor romântico, ou seja, que encontraram a “alma gêmea” e que o amor manterá o relacionamento. Por que ilusão? Cada ser é único, e a alteridade, de forma inconsciente, atrai os parceiros como se o outro completasse o que não se tem. As projeções embaçam as lentes dos apaixonados, levando-os acreditar que encontraram  “o outro lado da maça”.  Porém, o que realmente existe é um ser humano comum, com sua bagagem pessoal  de crenças e valores.

A vida em comum desgasta as expectativas pela diversidade do Outro e mostra no cotidiano quem se é na realidade e, assim, vivencia-se a perda do que foi projetado, ocasionando frustrações, sentimento de abandono e de desamor. Para que a relação ultrapasse as diversas fases da vida conjugal, não termine, é preciso que se aprenda a amar a alteridade e investir na relação, tendo em mente que um mais um é igual a três.

É  frequente que se culpe o outro pela própria infelicidade, entretanto, quando há o desejo consciente do compartilhamento da jornada com outra pessoa, o caminhar lado a lado significa ter intimidade consigo próprio, com seu desenvolvimento pessoal (individuação) e crescer na relação.  Os filhos e o sexo servem de ponte, mas o fator de integração é sentir pelo outro o desejo de apoiar e ter compaixão.

Na atualidade, tanto para a mulher quanto para o homem há novas dimensões de comprometimentos, pois os papéis não são tão definidos como anteriormente exigindo de cada uma boa conexão consigo próprio. A mulher, hoje, tem mais possibilidades de escolher seus caminhos, entretanto ainda se sente limitada pelas exigências dos outros. O homem, normalmente, mantém-se alienado de si, envolvido pelo poder e posição social.

Neste sentido, há um crescente chamado feito ao homem para se conectar a si mesmo e descobrir o que realmente deseja diante as pressões sobre o desempenho dos antigos e novos papéis, ou seja, interiorizar seus próprios sentimentos. Percebe-se que alguns já o fazem em processos terapêuticos, seja individual, seja de casal.

Esta dança relacional obtém bons resultados quando ambos se desenvolvem (individualização) e crescem nos projetos comuns.

Norma Emiliano

Imagem google

Comments

  • chica
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    Lindo e reflexivo texto,Norma! Ambos caminham e bom quando olham pra mesma direção! Vi lá no blog do neno…Vamos tentar resolver..Obrigada pelo aviso! bjs, chica

  • Valéria
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    Perfeito texto, Norma…

    Infelizmente as pessoas sempre acham que se relacionar é se completar com o outro…e isso tem um alto preço…que cedo ou tarde, será duramente cobrado.

    Na verdade, viver com o outro, será tanto melhor, quanto mais soubermos bem conviver conosco mesmo.

    Beijos,
    Valéria

  • Ailime
    Responder

    Boa tarde Norma,
    Magnifico artigo sobre o tema.
    A vida a dois não é fácil e a relação tem que ser encarada com realismo não esquecendo que temos personalidades diferentes.O fogo da paixão passará e depois o que restará? Vidas destroçadas tantas vezes …
    Beijinhos,
    Ailime

  • toninhobira
    Responder

    Muito bom texto critico da relações e as falsas crenças do que se completa e realiza. Ninguém pode ser responsável por nossa felicidade desde que ela não imploda para vir à tona. No exemplo ilustrativo percebe-se uma certa desorientação em jogar no outro todos os sonhos num romantismo que não cabe nos dias atuais.A vida conjugal é um exercício que se reaprende todos os dias, desde que as partes estejam envolvidas.
    Gostei Normal.
    Bjs

  • Marina
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    Totalmente verdadeiro, Norma! O casal só poderá continuar junto e sem ressentimentos quando cada um deixar de responsabilizar o outro pela sua felicidade ou falta dela. Não somos duas metades que se completam, somos seres inteiros que escolhem viver juntos respeitando um ao outro.
    Gostei do texto!
    Abraços

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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