Autoconhecimento / olhar do outro

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Constituímo-nos através do outro, dos olhares e das interações. Você já refletiu sobre a importância do autoconhecimento? É certo que ninguém se conhece plenamente, mas a busca sobre o si mesmo ajuda para que não sejamos tão vulneráveis ao olhar do outro cujo referencial é a sua própria subjetividade.

 Refletindo sobre o olhar do outro, surgiram algumas vozes que me falavam do egocentrismo.  Em relação a esta caracterização, parto do pressuposto que se submeter à vontade alheia sem perceber a si mesmo pode ser ausência de amor próprio e de insegurança.

 Assim sendo, é importante se levantar alguns conceitos para melhor entendimento do exposto.

A palavra egocentrismo tem origem no grego, sendo a junção de egôn e kêntron, que significa “eu no centro“. Portanto, uma pessoa egocêntrica se caracteriza por se sentir o centro do mundo, pensar que tudo gira em torno das suas vontades; ignora os sentimento e vontades dos outros. Diante desta definição, não se pode atribuir esta caracterização a alguém que tem na construção da sua subjetividade a diversificação de papéis e busca do equilíbrio entre estes e o seu SER (desejos e prioridades).

Na perspectiva de Jean Piaget, grande estudioso do desenvolvimento infantil, o egocentrismo é uma característica natural nas crianças que se encontram na segunda infância (entre os 3 e 6 anos), tendo em vista que nesta idade, as crianças não são capazes de entender que os outros indivíduos possuem crenças, opiniões e pensamentos diferentes dos seus.

Em contrapartida, penso que os julgamentos sobre o outro estão associados às referências, desejos e prioridades daquele que julga e que, por sua vez, não teve sua vontade satisfeita, ficando frustrado, definindo o outro como egocêntrico.

Pode-se também confundir egocentrismo com o egoísmo, que é o sentimento ou maneira de ser dos indivíduos que só se preocupam com o interesse próprio, com o que lhes diz respeito, dificilmente reconhecendo o que se faz por ele, considerando uma obrigação. Este indivíduo pode agir em benefício próprio, mesmo que isso possa prejudicar alguém.

Assim, podemos concluir que essas palavras são parecidas, mas o uso delas refere-se a perfis bem distintos.  O egocêntrico não olha para os lados, ele não quer saber como os outros estão se sentindo; já o egoísta preocupa-se em tirar o melhor proveito da situação conforme ela se apresenta.

De tudo o que foi mencionado, há que se ficar atento para o fato de não se ter receio de ser caracterizado de egocêntrico ou egoísta e sempre ceder aos interesses e vontades alheias.  No autoconhecimento existem as possibilidades de se dançar a própria música e compartilhar dos passos com aqueles que se aproximam sem sermos pisados e/ou pisar nos passos alheios.

Norma Emiliano

Comments

  • chica
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    Muito bom esse tema e reflexão,Norma!

    O egoísmo é horrível, feio mesmo.Conjugar verbos apenas na 1ª pessoa do singular… Se o EU está bem, dane-se o resto.Abominável…
    Porém , agir de forma diferente apenas pra não ser considerado egoísta ou egocêntrico, perde o valor;; Há que se saber circular, colocar NOSSAS vontades, gostos, pensares, dividindo com os outros… bjs, lindo dia! chica

  • Toninho
    Responder

    Um belo trabalho sobre este comportamento do ser, julgar livremente sem se importar da fragilidade e perigo do seu julgamento. Já havia lido a muitos anos atrás, de quem a gente acaba sendo aquilo que os outros pensa de nós. Confesso que fiquei encucado com esta afirmativa. Que poderes tem o outro para moldar meu modo de ser? E vejo que muitas vezes pode sim um olhar nos tornar melhor do que já somos, não saberia se tem um misto de vaidade ou alegria pessoal. Se as pessoas passam a dizer que somos bons, caridosos, solidários, pode isto nos fazer ser ainda mais? Se pelo contrario nos julgam ruins, aparecidos ou coisa parecida, a gente vai se tornar isto? Logo penso que se para o bem, a gente recebe e integra como incentivo. E por fim, esta confusão entre o egoísmo e egocentrismo torna-se uma casa de banana no chão, que aqui neste texto ficou esclarecida claramente.
    Ótimo texto Norma e que saibamos sempre trilhar entre os julgamentos sem nos deixar levar.

    Um abração.
    Beijo.

  • Roselia Bezerra
    Responder

    Olá, querida Norma
    Um excelente post!!!
    Para não ser egoísta (valor não cristão)… me deixei afetar no emocional para deixar outros agirem comigo de forma tão ruim… Sofri muito…
    Um dia, acordei pro mundo… a resiliência aconteceu para mim… agora, não digo: danem-se! Apesar de ter todos os motivos pra isso mas digo: perdoai-os , Senhor, pois eles não merecem o meu convívio…
    Me dou valor e vivo muito feliz…
    O autoconhecimento foi decisivo para minha formação e, agora, sou eu que os compreendo (quem desejar minha companhia, senão… paciência e amém! Não fico mais mendigando afeto… como outrora…
    Me amo na medida certa e sou amada da mesma forma…
    O autoconhecimento proporciona o nariz no lugar certo: nem empinado nem prostrado ao pescoço…
    A maturidade do ser humano é isso e descobri pelo auconhecimento… a maturidade espiritual também aconteceu, paralelamente…
    Parabéns por postar algo que nos acrescenta, Norma!!!
    Bjm fraterno

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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