Diálogos

 imagem-post-dialogosImagem Net

A entrevista da escritora Licia Manzo,  autora da novela 7 vidas,  instigou-me a fazer este post, tendo em vista que  fala do seu processo criativo, cujo o foco é a relação familiar, frisando que  seus personagens não são rotulados de bons ou maus.

Assim, explica   “A família é a matriz de todos nós. O indivíduo só pode ser compreendido no seu contexto familiar. É ali que vai delinear suas primeiras relações com o mundo. O ser humano é tão complexo que acho que ele mesmo alterna o vilão, a pessoa mais nobre, a mais burra, a mais iluminada e momentos de baixeza e mesquinhez com momentos de generosidade. Essa mistura é o ser humano e é tão mais rico dramaturgicamente se valer dessa paleta para desenhar um grupo de personagens, em vez de enfiar uma seta neles: ‘esse é bom, esse é mau.”  Desta forma, aposta nos conflitos e diálogos.

Saindo das novelas, da ficção e enveredando pelo processo terapêutico, destaco a importância  da matriz familiar para nós, terapeutas sistêmicos, na compreensão do indivíduo que solicita ajuda.  Por outro lado, também pontuo o   olhar sem rótulos para podermos adentrar pelas questões e dificuldades que os pacientes trazem. É conhecendo as histórias e como foram se configurando o estilo de vida, os padrões relacionais, a visão do si mesmo e do mundo que montamos a base sobre a qual podemos caminhar com o paciente em direção a recuperação do seu bem estar.

No momento em que o paciente sai das queixas e  se abre para examinar os conflitos e para o diálogo interno, reconhecendo suas responsabilidades frente as questões que o afligem,  as possibilidades de mudanças se iniciam.

Não há ajuda terapêutica se o profissional se basear em suas próprias referências e julgar. A escuta terapêutica propicia também o diálogo interno do terapeuta que necessita se reconhecer para evitar identificações, ou seja,  ter o afastamento necessário para construir um espaço de acolhida e respeito para lidar com as dificuldades e  formas de sofrimentos, propiciando crescimento pessoal  e interpessoal.

Considero que este diálogo consigo mesmo  apreendido através do processo terapêutico proporciona a abertura para o diálogo com o outro, facilitando as relações interpessoais.

Norma Emiliano

Comments

  • chica
    Responder

    Família é muito importante pra nossas relações fora dela. E família não é fácil…Mas é lindo! Manter ativas todas as relações ,diálogos nela requer equilíbrio! Temos os filhos, depois chegam os seus parceiros, cada um com uma cabeça, um tipo de família e querendo ou não a família matriz aparece…

    bjs, chica

  • Toninho
    Responder

    Muito bom este olhar sobre a família com todas as suas variações internas.
    Bonito trabalho Norma baseado na ficção mas que se aproxima muito do real da família. Vejo a Terapia como uma ciência muito difícil justamente pelas suas considerações e reflexões de como não se envolver para um tratamento eficiente. Parece que numa destas novelas uma terapeuta acabou por se envolver com um paciente devido a problemas vividos por ela em família. Muito interessante esta questão tão comum nas famílias da rotulagem esquecendo de ver como parte de um todo. Família é uma reunião de complexidades e só mesmo com muita sabedoria e ciência para torna-la sólida e indestructível.
    Grato Norma por mais esta bela partilha que nos faz olhar para dentro da família.
    Abraços com carinho.
    Bju.

  • Néia Lambert
    Responder

    Um bonito e importante texto, precisamos dessa reflexão sempre!
    Beijos

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

%d blogueiros gostam disto: