A Influência do Serviço Social na Terapia Familiar
A profissão do assistente social desenvolveu-se no final do século XIX, a partir dos movimentos de caridade na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos. Naquela época, como agora, os assistentes sociais dedicavam-se a melhorar a condição dos pobres e desprivilegiados da sociedade. Além de atender as necessidades básicas de alimentos, vestuário e habitação, os assistentes sociais também tentavam aliviar a angústia emocional nas famílias de seus clientes e encaminhá-los às entidades sociais responsáveis pelos extremos de pobreza e privilégios. O visitador solidário era um assistente social que visitava os clientes em suas casas para avaliar suas necessidades e oferecer ajuda. Tirando os profissionais de seus escritórios e os levando até as casas das pessoas carentes, essas visitas serviram para derrubar a artificialidade do modelo médico-paciente que prevaleceu durante tanto tempo.
Os visitadores solidários estavam diretamente envolvidos no tratamento de problemas de casamentos conturbados e dificuldades na educação dos filhos. Os profissionais das casas de assistência social ofereciam serviços sociais, não apenas aos indivíduos, mas também aos grupos familiares. A assistência social familiar foi provavelmente o foco mais importante do treinamento inicial em serviço Social. Na verdade, o primeiro curso ministrado pela primeira escola de Serviço Social dos Estados Unidos intitulava-se “O Tratamento das Famílias Carentes em Suas Próprias Casas” (Siporin, 1980). Os profissionais aprendiam a importância de entrevistar pai e mãe ao mesmo tempo para obter um quadro completo e preciso dos problemas de uma família, isto em uma época em que as mães eram consideradas responsáveis pela vida familiar, e muito antes dos profissionais tradicionais de saúde mental terem começado a experimentar a realização de sessões familiares conjuntas. Estes estudiosos da assistência social familiar da virada do século estavam bastante conscientes de algo que a psiquiatria demorou mais 50 anos para descobrir que as famílias devem ser consideradas como unidades. Assim, por exemplo, Mary Reymond (1917), em seu texto clássico Social Diagnoses, prescreveu o tratamento de “toda a família” e advertiu contra o isolamento dos membros da família de seu contexto natural.
O conceito de Richmond de coesão familiar tinha um toque incrivelmente moderno, antecipando, como realmente o fez, os trabalhos posteriores das teorias do papel, a pesquisa de dinâmica de grupo e, é claro, a terapia da família estrutural. Segundo Richmond, o grau de vínculo emocional entre os membros da família era um determinante fundamental da sua capacidade de sobreviver e florescer. Richmond também previu desenvolvimentos com os quais a terapia familiar passou a se preocupar na década de 1980, encarando as famílias como sistemas dentro de sistemas. Como observaram Bardhill e Sauders (1989 no livro Marital conflict and psychoanytic ): Ela (Richmond) reconheceu que as famílias não são conjuntos isolados (sistemas fechados), mas existem em um contexto social particular, que influencia interativamente e é influenciado por seu funcionamento (isto é, são abertos). Descreveu graficamente esta situação, usando um conjunto de círculos concêntricos para representar vários níveis sistêmicos, desde o individual até o cultural. Sua abordagem à prática foi considerar o efeito potencial de todas as intervenções em todo o nível sistêmico, e compreender e usar a interação recíproca da hierarquia sistêmica para propósitos terapêuticos. Ela realmente assumiu uma visão sistêmica da angustia humana. (p. 319). Ironicamente, os primeiros assistentes sociais a encararem a família como a unidade de intervenção, recuaram para uma visão mais tradicional da abordagem indivíduo-como-paciente quando ficaram sob a influência da psiquiatria na década de 1920.
Os assistentes sociais do ramo da saúde mental foram fortemente influenciados pelo modelo psicanalítico prevalecente, que enfatizava os indivíduos, não as famílias. Quando o movimento da terapia familiar foi iniciado, os assistentes sociais estavam entre seus mais numerosos e mais importantes colaboradores. Entre os líderes da terapia familiar que são assistentes sociais estavam: Virginia Satir, Ray Bardhill, Peggy Papp, Lynn Hoffman, Froma Walsh, Insoo Berg, Jay Lappin, Richard Stuart, Harry Aponte, Michael White, Doug Breunlin, Olga Silverstein, Lois Braverman, Steve de Shazer, Peggy Penn, Betty Carter, Braulio Montalvo e Monica McGoldrick. A propósito, mesmo começar uma lista dessas é difícil, porque, a menos que escrevêssemos páginas e páginas de nomes, seria inevitável a omissão de muitos nomes importantes.
Texto extraído do Livro: TERAPIA FAMILIAR Conceitos e Métodos – Nichols, M. P. & Schwartz, R. C. – Artmed – 1998 ( p. 34-35)
Comments
Parabéns Norma!
Bom Dia Norma!
Estava pesquisando sobre a família, e me deparei com o teu site, e logo gostei de ler e visitei bastante, li muitas postagens! E posso dizer que, o teu material é maravilhoso!
Sou acadêmico em serviço Social, termino o curso este ano. Estou trabalhando meu Tcc, e uma das categorias é: Família. Meu abraço! Parabéns pelo belo trabalho!
Daniel Cavalcanti.
Meu email é: danielcavalcantisilva@hotmail.com
marilene maciel
boa noite.
estou fichando, debrucei e adorei o texto, faço pós em seso e trabalho com failias.
abraços
AS marilene
Carmen Déa
boa noite, parabéns pelo excelente material didático, estou no 7 período do Serviço Social e consegui compreender totalmente o assunto.
Abraços. Carmen.