Subjetividade e profissão

subir-na-carreiraImagem Net

 

 

 

Repensando a minha trajetória profissional, surgiu este texto que resolvi compartilhar com meus leitores do pensandoemfamilia.

Desde a minha graduação,  nos anos 70, em Serviço Social, exerço a profissão concernente ao curso, considerando como objeto de trabalho o homem e as suas questões.

De 2006 a 2008, fiz mestrado em Serviço Social, aproximando-me do novo direcionamento da área em políticas públicas. Fiz um boa dissertação, articulando avaliações de políticas públicas com o olhar sobre as relações (sociabilidades) e a saúde do trabalhador nas universidades. A realização deste trabalho foi possível, graças à orientadora que captou meu interesse e me ajudou a otimizá-lo.

É estranho quando você escolhe uma profissão identificada com suas funções e, com as transformações das políticas internas da categoria, depara-se com uma outra realidade. Sempre me identifiquei com minha área de trabalho e busquei ter prazer com a prática.  Tive e tenho a possibilidade de me manter atuando dentro desta perspectiva por estar lotada no setor público, numa área propícia que acompanha os servidores afastados por doença.

 No entanto, sei que, se fosse hoje a opção, não encontraria sentido nesta profissão.  O Serviço Social tinha uma grade curricular que capacitava tanto à parte teórica, quanto à prática. Os atendimentos, no período de estágios em caso, grupo e comunidade, através das entrevistas, reuniões e abordagens e respectivos relatórios, forneciam instrumentos para a prática. Tudo isto configurava um método de trabalho e que foi abolido da academia.

 Tive, portanto, um rico conteúdo que somei a uma formação, Terapia Familiar Sistêmica, que me permite manter o rumo profissional na direção da minha opção de objeto de trabalho, o homem e suas questões.

 Considero que realizei encontros e conforme Félix Guattari, (1992, p.33) A única finalidade aceitável das atividades humanas é a produção de uma subjetividade que enriqueça de modo contínuo sua relação com o mundo,” e eu acrescento: relação também consigo mesmo.

 A atividade profissional é um fazer, sendo o que se é. Portanto, é preciso que haja um bom encontro entre quem se é e a profissão que se exerce.

 Norma Emiliano

 

 

Comments

  • chica
    Responder

    Esse encontro entre a profissão e o que se é, é importantíssimo!
    Tu sempre bem consciente de tudo ! beijos,linda semana,chica

  • Adao Braga
    Responder

    Não foi apenas nesta área Norma que se retiraram parte do conteúdo. Pior, modificaram muitos conteúdos, muitas grades, com a intenção de “democratizar” o ensino, melhorar e facilitar o aprendizado, e temos cada dia mais, jovens se formando em diversas áreas com carências básicas de língua pátria, conceitos elementares e básicos de lógica, matemática, geografia, história.

  • Toninho
    Responder

    Muito boa esta sua postagem a cerca de sua profissão e função. Um bom profissional depende um pouco da escola, mas o que pesa mesmo é esta sua integração com o que faz, é o se jogar na função de alma e corpo, descobrindo todos seus cantinhos e aplicando todas as potencialidades. Eu sinto que estamos ficando meio carentes de profissionais deste tipo, parece que não há uma preparação um treinamento vocacional para exercício em toda sua extensão. Lembro que meu primeiro contato numa empresa para ser admitido foi com uma SS como eram chamadas naquela época e conhecia o trabalho delas e a devida importância que tinham. Mas de repente eras foram excluídas paulatinamente quando a empresa se preparava para o processo de privatização do FHC. Achei lamentável.
    Salvei sua dissertação para uma leitura.
    Uma bela semana minha amiga.
    Meu carinhoso abraço.
    Beijo.

  • BethLilás
    Responder

    Norma,
    Nos dias atuais muita gente formada também se encontra nesta situação como você, muitos se formam e exercem outro tipo de atividade, acho até uma coisa normal para o nosso país.
    Como você bem enfatizou ao final, “é preciso que haja um bom encontro entre quem se é e a profissão que se exerce.”
    um abraço carioca

  • Lúcia Soares
    Responder

    Sem dúvida, Norma, a frase final resume tudo. Formei-me no curso de magistério, o que me habilitava a dar aulas da 1ª a 4ª série do antigo “Curso Primário”. Dei aulas por 2 anos e vi tanta coisa “errada”, tanta coisa que me tirava a condição de educadora e me colocava na condição, apenas, de repassadora de regras, não deixando espaço para a qualidade do ensino. A vida mudou meu rumo e acabei largando tudo, mas adoraria ter sido uma educadora, no sentido real da palavra.
    Abraçar uma carreira por amor é muito difícil, feliz de quem o consegue.
    Beijo.

  • Marli Soares Borges
    Responder

    Oi, Norma!
    Muito boa sua dissertação de mestrado, aliás ótima. Li e reli pois esse assunto me interessa de perto. Trabalho com entidades assistenciais na área (jurídica) da conquista e manutenção da filantropia e traço diretrizes para as assistentes sociais sobre a confecção e encaminhamento dos projetos sociais, principalmente na área da saúde. E hoje em dia todas essas atividades sociais assumiram novos contornos legais e constitucionais, com milhares de exigências na prestação dos serviços. Acredito que tais mudanças — estruturais e conceituais — são as grandes responsáveis pela aparente “falta de sentido” na profissão. A par disso, temos o bacharelado em saúde coletiva que investiga e trabalha exatamente na saúde pública. Então, tem muita coisa rolando por aí. Se é bom ou se é ruim, só o tempo dirá! Em todo o caso, e no seu caso específico, ainda bem que tudo deu certo, mas tem muita gente por aí que ainda não sabe muito bem o que fazer com a profissão, no meio de tanta mudança.
    Beijos
    Marli
    Blog da Marli

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

%d blogueiros gostam disto: