Sobre a morte
A morte é a única certeza da vida, difícil de se falar e de se compreender.
Minha primeira experiência na infância foi quando meu avô paterno faleceu. Não me lembro de ninguém me explicando sobre a morte. Não entendia muito bem o que estava acontecendo, mas naquela época o corpo era velado em casa e todos participavam do ritual. Contudo, a minha lembrança sobre meu avô não é deste dia, mas dele sentado em sua cadeira de balanço na varanda. O curioso desta etapa da minha vida é que gostava de ir com minha avó aos enterros de seus amigos. Havia sempre muita gente conversando e comendo. Portanto, medo de funerais não tive.
Morte significa cessação da vida, fim, destruição, ruína, pesar profundo (Ferreira, 2011). Von Hohendorff e Melo (2009) afirmam que o ser humano tem contato com as perdas desde a infância. Assim, a criança sofre com as perdas desde seu nascimento, como, por exemplo, a perda da vida uterina, a mudança de cuidadores, entre outras.
Como as crianças enfrentam a morte? Este é um processo lento. Até aos 5 anos de idade, a morte não é entendida como irreversível. Nos primeiros anos de escolaridade as crianças começam a entender a morte como um processo externo e inevitável e após os 10 anos, a morte é compreendida como um processo interno, permanente e universal.
A forma com os pais ou responsáveis enfrentam e assimilam a morte influencia diretamente as crianças. É importante se falar sobre ela de forma simples e natural e de acordo com a idade. Deve-se dizer que faz parte do ciclo da vida, que é inevitável. Deve- se considerar a pergunta da criança sem aprofundar muito na resposta.
Esconder a morte de um ente querido leva aos sintomas (físicos ou emocionais). A tristeza faz parte do processo de viver e os pais não precisam esconder de seus filhos o seu luto; esta é uma experiência importante para que a criança possa desenvolver de forma singular o seu processo de luto e não criar culpa nem traumas.
Em relação ao funeral é importante respeitar o desejo da criança. Existe na literatura livros que podem auxiliar nesta tarefa: A Formiguinha e a Neve, A Montanha Encantada dos Gansos Selvagens de Rubem Alves de Wolf Erlich Erlbruch e Menina Lili de Ziraldo, entre outros. O vídeo abaixo é um bom exemplo.
O vídeo do canal “De criança para criança”
“O casulo e a Borboleta”.
Referência bibliográfica
Ferreira, A. B. de H. Aurélio Júnior: dicionário escolar de língua portuguesa. 2. ed. Curitiba: Positivo, 2011.
Von Hohendorff, J. & Melo, W. V. de. Compreensão da morte e desenvolvimento humano: contribuições à psicologia hospitalar. 2011
Comments
misturebasblog
Um tema a ser pensado e enfrentado e estar junto às crianças nesses momentos é preciso. Adorei o vídeo, emocionante! beijos, chica
Toninho
Que bonito vídeo Norma!
Pois bem, sobre morte declaro minha convivência com ela deste bem pequeno. E no interior do interior morte era coisa que causava medo, medo do defunto, medo da alma que perambulava por sete dias, os medos das crendices e lendas da época.Menino curioso enfrentava a morte e morria de medo quando a noite chegava. Naquela época no interior o caixão era feito na própria casa, então acompanhava todo o processo até o sepultamento feito a pé com muitas rezas. O defunto ficava em casa numa cama da casa e com o rosto coberto por um lençol. Os adultos nos indicavam rezar aos pés do defunto pedindo que levasse nosso medo e assim se procedia a cada defunto e nada do medo ir embora. Mas o velório era sempre animado nem parecia morte, com muitas piadas pela noite e contos de assombrações e muita comida, café e cachaça pela noite,
Creio que deve já cedo levar a criança a entender este processo de partida, para que ao tê-la de perto possa melhor assimilar. Enfim com os avanços da psicologia e outras áreas afins, deve-se junto à escola trabalhar neste assunto e a família melhor se preparar para cooperar/colaborar com este ensinamento.
Vixe falei muito Norma, mas quis primeiro colocar minha experiencia com a morte.
Um abração com carinho.
Bjs e bom fim de semana.