Formas de amar – Denise

Encerrando a Série, temos a participação da amiga Denise, do blog Tecendo idéias, que nos traz com suas teceturas a forma como o amor chega ao seu SER.

Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil.” (Clarice Lispector)

O amor que sentem pela gente é visível [quase] sempre, mas ele também aparece em situações  inesperadas, na surpresa que nos colhe um gesto – que fica ainda melhor se vier acompanhado de um sorriso, um abraço ou uma flor.

Quando um esforço meu é reconhecido, sinto a presença do amor, do mesmo jeitinho que um afago quando triste ou no silêncio de um olhar que me acaricia, enquanto me diz coisas que só meu coração entende.

Me sinto amada nos dias em que tudo dá errado e meus lamentos são ouvidos com um meio sorriso cúmplice – de quem sabe que vai cessar o desatino e o sorriso vai voltar.

Vejo o amor refletido no rosto infantil e risonho diante do meu, ou na vozinha gostosa que mostra a confiança que sente, a alegria simples de estar, de aprender com a vovó. Esse amor ultrapassa qualquer fronteira, transborda nos olhos vivos da criança amada, e o sinto derramado nesse olhar e na boca pequena quando pronuncia meu nome.

Sinto o amor na mais simples manifestação de carinho,  num bilhete, um cartão, o telefonema “só pra saber se você tá bem”, um toque sutil,  uma delicadeza.

Me sinto amada quando posso contar com um amigo, quando um simples pedido é atendido, ou quando uma frase dita na hora certa, conserta o [meu] mundo.

Me sinto amada quando sou amável, me sinto amada quando doo amor. Quando um filho aceita uma limitação que eu tenha ou se me cobra uma iniciativa – porque sabe que eu posso!

Me sinto amada quando vejo nos olhos de minha mãe nuvens de alguma tristeza que lhe causei, mas, mesmo assim, não deserta. Me sinto amada quando sinto ao meu lado a presença constante que me ampara, ou quando sou envolvida num abraço apertado que parece não ter fim de tão bom!

Ao receber o perdão esperado sinto a extensão do amor, assim como quando encontro ouvidos atentos para meus pensamentos e tenho a sonhada acolhida aos meus sentimentos.

Me sinto amada quando me debruço sobre uma dor e um afago mudo mistura-nos num só sentimento.  E também quando os laços unem, não apertam,  não prendem, não acorrentam, mas aconchegam.

Sei que me amam quando me resgatam do naufrágio sem medir esforços, quando a crítica é para construir, quando é compartilhado o peso que me aflige – antes da devastação que me destruiria.

Sei que sou amada até quando não vejo, não ouço, não falo – os outros, nessa hora, são meus sentidos que sinto por instinto.

Sou amada quando não correspondo àquelas expectativas e, mesmo assim, não desistem de mim. Sou amada quando vejo o inverno na alma e sinto o calor de um verão aquecer-me o coração – o gelo derrete e me (re)faço outra vez!

Já aprendi nesta vida que pra sermos amados só é preciso que um coração bata – e eu amo quando esse tum-tum ecoa em mim.

E quando o amor se manifesta, já entendi, nada detém o fluxo da vida que nos leva. Por isso amar e ser amado é essencial.

Aprendi ainda, que o amor também se encontra onde nem sempre espero, e nesses momentos, sinto sobre mim a mão de Deus…

Denise Araujo

Amiga grata por sua participação,  trazendo nos,  através do seu sentir,  a amplitude de veredas do amar  e ser amada, bem como   as surpresas que a vida pode nos reservar.

Norma