Regina – A criança que eu fui

 

Com onze semanas de histórias, hoje, encerramos a Série a Criança que eu fui, trazendo o relato da querida amiga Regina do blog nacozinha.

 

“Venha para margem, disse a vida
Eles disseram: Temos medo
Venha para a margem, disse a vida.
Eles vieram. Ela os empurrou…e eles voaram.

Guillaume Apollinaire

 

foto gina

 

O sol batendo forte no rosto, nos obrigando a franzir os olhos… O calor era do interior do Rio de Janeiro. No quintal da casa onde nasci (literalmente, com parteira!) havia os coqueiros, todos plantados por meu pai. Três irmãos, em escadinha, diferença de um ano.

A imagem em preto e branco indicando que já lá se vão algumas décadas. Na foto, meu joelho machucado, resultado de ter prendido a perna numa ponte quebrada, guarda até hoje uma discreta marca.

 

irmaos_effect gina

 

Brincava muito de pique-esconde, de passa anel, “pera, uva ou maçã”, de pular amarelinha, de peteca, pular corda, 5 Marias. Os primos eram dezenas, não faltavam companheiros para as brincadeiras.

Com papel de seda, cola e bambu, ajudava a fazer pipa para o meu irmão “soltar”.

Lembranças são muitas, das idas para a praia distante, na caminhote lotada, a criançada na traseira feliz da vida. Das viagens de trem para Campos, coisa rara hoje em dia os trens de passageiros! Das viagens para o interior do Espírito Santo, que já tive a oportunidade de contar aqui, onde nem a distância, nem as dificuldades de acesso desanimavam nossa alegria infantil. Lá, podia subir nas árvores, mas um dia me dei mal. Escorregando de uma delas, não cheguei a cair, mas fiquei pendurada e tamanha foi a vergonha de ter ficado de cabeça para baixo, de vestido ou saia, já não me lembro! Acho que vem desse tempo meu gosto por viajar.

 Tímida, desde essa época, não gostava muito de fotografias. Nessa, meu irmão exibia uma bola, minha irmã uma gaiola e eu uma lata de azeite, sei lá o porquê! E eu me escondendo atrás dela…

 As marcas desse tempo, mais do que as físicas, como a do meu joelho, refletem em muito o que nos tornamos depois de adultos. Os valores que aprendemos em família nunca serão perdidos. Foi uma ótima etapa da minha vida, mas não sou saudosista demais. Acho que a vida é boa demais e cada fase deve ser valorizada.

 As lembranças são doces, mas é com um prato salgado que ilustro esse post, porque na vida é preciso um pouco de cada coisa e há lugar até para o amargo e o azedinho.

feijão_nordestino-naco

Sou filha de uma carioca com um pernambucano. É dessa mescla que trago o prato de hoje, o feijão à moda nordestina, feito com feijão “carioquinha”. Mas hoje não tem receita. Junte os legumes cozidos que lhe agradam ao feijão feito na panela de pressão e tempere. Nesse, usei abóbora, inhame, batata doce amarela e costela salgada. Com arroz e salada básica, não tem carinha bem familiar esse prato?

Quando era criança, havia essa planta em casa, a vermelha, que está por trás. Gostava de tirar as sementes dessa flor aveludada e espalhar no jardim.

A amarela é a Celosia argentea cristata, natural da América Tropical.

 

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 Norma,  grata por essa oportunidade de resgate da infância!

 

irmaos Gina

 

É na familia que  temos a construção da resiliência física, emocional e relacional através da confiança e do amor.  As histórias familiares são essenciais para o entendimento permamente de nós mesmos.  Quando percebemos que nossa vida é parte da dos outros  consequimos um novo poder sobre  ela.

Norma

 

 

Comments

  • Astrid Annabelle
    Responder

    Norma e Regina, bom dia!
    Aqui estou acompanhando mais uma história de vida. esta série eu amei. Conhecer um pouco mais dos blogueiros amigos é muito bom.
    Bela recordação Regina!
    Norma,
    Apesar de eu ter me concedido uns dias para descansar da rotina dos blogs, estou passando de casa em casa para deixar um beijo e desejar que o seu Natal seja do jeito que sonhou!!! Feliz Natal também para todos os seus!
    Antes do final do Ano estarei de volta!!!
    Inté lá!
    Um beijo grandão minha querida amiga!
    Astrid Annabelle

  • chica
    Responder

    Feliz em ler uma história tão legal e lembrar das doces e inocentes brincadeiras de crianças… Lindo,Adorei,parabéns às duas.

    Norma, fou um sucesso essa série e agradeço teu carinho de sempre.

    um beijo e que teu NATAL seja lindo, na simplicidade e verdadeiro! beijos,chica

  • Beth Q.
    Responder

    Que prazer ler por aqui as memórias da querida Gina!
    Ela parece-me até hoje uma menina simples, tímida e educada.
    Suas lembranças, talvez de uma mesma época que as minhas, fizeram-me retornar no tempo em que brincava com meus irmãos e as coisas simples ao nosso redor e convívio eram observadas, levadas para a brincadeira e nos faziam eternamente felizes.
    Adorei as memórias da Gina!
    Norma, parabéns, esta sua blogagem é muito linda!
    bjs cariocas

  • Lúcia Soares
    Responder

    Norma , a história da Gina prova que crianças criadas “lá atrás, no tempo”, foram melhor criadas. Ô tempo bom!
    No entanto nada me lembro da minha infância, acredita? Tudo está perdido na memória. Às vezes me incomoda, às vezes passa batido.
    Fotos, só tenho 3, todas muito apagadas, pequenas, sempre da mesma época, entre 2 e 3 anos de idade.
    Um dia mostro.
    Beijos para a Gina, que viveu plenamente sua infância.
    Beijo.

  • Glorinha Leão
    Responder

    Que linda a estória da Gina, me fez recordar minha infância, pois devemos ter mais ou menos a mesma idade! E, como não poderia deixar de ser, a Gina, com a lata de azeite me fez pensar nas escolhas da vida dela…ela afinal, não adora cozinha? Adorei tb sua conclusão Norma. Realmente a partir do momento em que nos damos conta de que os outros tb deixam uma parte deles em nós, somos muito mais felizes e nos aceitamos melhor. Essa série foi espetacular, vc está de parabéns pela ideia! Beijo grande para as duas!

  • orvalhodoceu
    Responder

    Olá, meninas!!!
    To viajando daqui um pouco mas passei por aqui para conferir…
    Interessante como somos diferentes uma da outra,basta ver nosso relato…
    E assim o mundo se torna colorido… cada um dos irmãos formando uma cor do arco íris…
    Bjm às duas e parabéns, minha querida Norma… vc é dez coma sua série…
    Vamos à adolescência???

    Ontem, Domingo, está postado o meu cartão virtual para você que me acompanha com tanto carinho e amizade nesse ano de 2010…
    Obrigado pela amizade e que Deus recompense seu incentivo ao meu Blog!!!
    BOAS FESTAS!!!
    Abraços e bjs festivos
    Roselia

  • Alexandre Mauj Imamura
    Responder

    Que bonita essas lembranças da Gina. Ela conservou até hoje esse espírito, da menina feliz, que se encanta com as coisas bonitas e simples da vida. Ou seja, é um espírito de sabedoria.
    muito boa essa proposta, da gente conhecer mais um pouco dessa gente boa e querida.
    bom dia!

  • Gina
    Responder

    Meninas,
    Grata por deixarem seus recadinhos carinhosos. É impossível não se deixar contagiar pelas memórias de um tempo que foi tão bom.
    Formamos uma família virtual, que aos poucos vai se conhecendo melhor e estreitando seus laços de amizade.
    Norma,
    Quando vi sua proposta, fiquei logo tentada a participar. Foi muito bom poder compartilhar com você e com todos que passam por aqui.
    Beijos a todos!

  • Neca
    Responder

    Regina,
    Linda a sua história. Com jeito, cheiro e gosto de infância.

    Norma,
    Mais uma vez, meus parabéns pela iniciativa!

    Bj a vocês duas!

  • Nilce
    Responder

    Oi meninas

    Adorei a história da Gina e como já a conheço pessoalmente então, ficou melhor ainda.
    Linda história de infância e acho que a lata de azeite na foto já dizia tudo. rsrs
    Parabéns às duas.
    Norma, esta série foi sensacional. Valeu muito ter conhecido as histórias de infância de pessoas que nos são tão queridas.

    Bjs no coração!

    Nilce

  • Norma Emiliano
    Responder

    Querida Regina obrigada por ter me confiado suas lembranças para partilhar com os amigos nesta Série. Você fez um fecho que nos constata como a percepção de cada um cria o seu próprio mundo.
    Transformou em arte o seu aprendizado infantil e nos brindou com um relato onde a mistura nos trouxe um novo paladar de sua história.

    Aproveito para convidar a todos que participaram direta ou indiretamente para comparecer aqui amanhã para
    o encerramento conjunto.
    bjs.com carinho

  • Giovanna Valfré
    Responder

    Fiqui encantada com esse post. A história da Gina passa uma alegria, uma felicidade que deveria ser permitida a todas as crianças. Adorei. Norma e Gina, parabéns às duas.

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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