Cada dia… Rosélia

Chegue !

Começamos hoje  lendo histórias que a vida nos conta através dos amigos que aceitaram meu convite para participar desta roda.  Sugeri a imagem abaixo como inspiração.

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Organizamos nossas vivências e memórias sob forma de narrativas, assim todos temos histórias a serem contadas. Elas constituem  representações de uma epoca e  nos dão oportunidade de rever e  refazer nossos próprios percursos.

Rosélia. do blog Espiritual Idade,  inicia esta série,   a cada dia uma história. Vamos ao que nos conta.

ANTÔNIA MARIA… a escuto e sinto a sua dor…

Bem, Antônia não poderia persistir numa existência na qual estava sendo levada a viver. Não queria ser peso à família. Alterou seu regime de vida para melhor.

Olhando nos olhos dos seus filhos e, especialmente, nos da sua filha, sentiu compreendê-la. Essa filha fora a subsistência dela durante dezoito anos. Sentiu bastante quando ela se casou. A falta dos seus cuidados, a filha sempre a colocava para cima, a chamava de MAMÃE QUERIDA. Mas, Antônia sabia bem que não podia ser dependente dos seus mimos porém  também necessitava de “descanso”. Em muitos pontos da sua vida difícil.

Os abraços que recebera na Rodoviária de onde saíra para não mais voltar (pensava ela) eram de embargar o coração de qualquer céptico.

Antônia percebeu como seria difícil “voltar a andar” sem os filhos que cresceram. Seus preciosos tesouros eram TUDO para ela.
Havia solidariedade e compreensão da parte deles naquela hora tão difícil! Ela reuniu todas as força para não se revoltar, sendo quase impossível que isso não acontecesse,  o   infortúnio a havia atingido. Lhe diziam uns que esse sofrimento era só dela como que zombando da sua dor da partida de um modo de vida ao outro por ela esperado também, mas que não fora o que ELE desejava à Antônia. Não naquela hora de dor (portanto ela não estava indiferente no coração: livre).

Amigos e parentes consolavam em vão aquela pobre mulher saudosa. E, desesperada de amor aos extremos, no coração e  na alma alma, parte…
Reconhecia a dedicação dos amigos e lhes era agradecida mas não podia expressar nada quase em meio a enorme dor de “luto”.
Ela compreendeu que na vida só há uma clareza: O DA COMPREENSÃO HUMANA.

Fez UMA LONGA VIAGEM COM MUITAS LÁGRIMAS A ROLAREM NA SUA FACE SOFRIDA… IMAGINAVA AS NOITES LONGAS E SOLITÁRIAS QUE IRIA VIVER.

A uma pessoa que se considera “normal” isso poderá parecer ridículo. Ela começou a registrar o que estava lhe ocorrendo como que para não esquecer.
Lançou-se a um novo aprendizado: trabalhava e aprendeu muitas coisas por lá, muito longe. O filho caçula foi logo se adiantando de que seu lugar de mãe estava garantido se não gostasse do novo espaço onde estava vivendo. A frase que ela ressalta é: SE NÃO ESTIVER FELIZ, VOLTE!!! Aquilo sossegou-a bastante mas precisava colocar em ordem seus assuntos e emoções.

Iniciou um treinamento mental, no sentido de bloquear qualquer sentimento de auto piedade. Teve muita angústia expressada até com dor física no peito. Em alternadas lutas interiores de sossego e tensão foi relaxando e tranquilizando seu espírito.
Se sentia vedada a tudo.

Procurou disfarçar o que lhe ia na alma: isolamento, lutas… Procurou dar distância à emancipação, à inatividade.  Isso a fazia sofrer muito. Sabia que tinha necessidade de alguém, de uma pessoa em concreto. Sua vida havia mudado violentamente mas achava que, quanto mais cedo se adaptasse à nova vida, seria bem melhor.

Dizia para si mesma: “JÁ CAÍ MUITAS VEZES. É SÓ MAIS UMA”. Sabia que estava com pena de si mesma e ficava transtornada e profundamente deprimida.

Já na despedida, a filha nem conseguiu olhar no seu rosto, de tanta dor para ambas. Teve no dia para ela mais fatal: EMANCIPAÇÃO DE APOIO. Estava realmente só e num país distante. Buscava a liberdade interior. Mas estava crendo condenada à gaiola da vida.

Eis uma história incompleta… certamente muito mudou na vida de Antônia desde a escrita desta parte real da sua vida… mas deixo espaço parra que os leitores da querida amiga Norma complemente de acordo com as suas perspectivas… (podendo ou não coincidir com o desfecho lindo que teve essa história… de  uma alma que ama amorosa e piedosamente)…

Deixo-vos, com muito carinho, um pensamento fraterno que descreve bem esse coração de Antônia:

“PIEDADE é a minha esperança e a integridade de vida é a minha segurança”…

Beijo de paz a todos os amigos queridos…
Rosélia


Comments

  • chica
    Responder

    História linda e profunda dessa mulher forte,Antônia que tanto passou…beijos às duas,linda semana!chica

  • Miriam
    Responder

    Olá Norma e Ro,

    Quantas Antônias nesse Brasil afora existem ??? Mulher de garra e determinação, que supera todos os obstáculos que a vida lhe apresenta…buscando Segurança e Paz Interior…

    Parabéns Antônia…

    Que a Nossa Semana Seja Prospera e Fraterna!!!
    1000 Beijokinhas para a Ro
    1000 Beijokinhas para a Norma

  • Rute
    Responder

    Oi meninas,
    Rô, Norma,
    cá estou para acompanhar as participações.

    A história de Antonia está muito bem escrita. Parabéns pela redação. Maravilhosa, rica de sentimentos e bem exemplificativa da solidão experiênciada por muitas pessoas na reta final de suas vidas, quando os filhos já são adultos e saem de casa dos pais para tocar sua própria vida para a frente.

    A colectiva iniciou em beleza.
    Beijinhos além-mar.
    Rute

  • Meri
    Responder

    Há sempre uma Antônia dentro de nós, não é mesmo?
    Beijinho e muita paz, queridas Norma e Rosélia.

  • Beth Q.
    Responder

    Antônia sofreu na pele a distância que se obrigou para crescimento espiritual e físico, mas pelo que percebi, ela teve e tem ainda, o amor de seus filhos, mesmo de longe e isso é o que talvez tenha lhe dado forças a sobrepor-se aos momentos difíceis. O apoio familiar é muito importante nestes momentos.
    um beijo grande, carioca

  • Élys
    Responder

    A vida faz a gente viver essas histórias. Os filhos crescem, muitas vezes partem para viverem as suas vidas. Devemos ter em nossos corações o grande desejo que eles consigam ser felizes.
    Uma historia escrita pela Rosélia que escreve de uma forma encantadora e emocionante.
    Beijos.

  • Valéria
    Responder

    Oi Norma!
    Que bela história de superação! Uma mulher de fibra que busca no dia-a-dia uma motivação maior para viver. Temos dentro de nós uma fortaleza preparada para as batalhas e receber os que partem e voltam.
    Que pena Norma não poder participar!
    Beijos para as duas e uma linda semana!

  • Maria Emília Xavier
    Responder

    “Nessa busca por reencontrar-se como pessoa, mulher, não mais só mãe, Antônia acabou por compreender que não era indo para longe, se afastando de tudo que amava e construíra que a daria o que tanto almejava. Nesse tempo em que se afastou costurou os pedaços de si mesma que foram ficando pela vida afora esquecidos ou voluntáriamente deixados de lado e se tornou uma MULHER inteira, independente, capaz de amar e de ser amada, respeitando seus desejos, suas necessidades e descobriu que era a melhor companhia para si mesma… Então, voltou… Agora uma pessoa diferente, com planos próprios, desejos a serem satisfeitos em sua vida… E acrescentou a tudo que havia conquistado – filhos… netos… – a nova Antônia, sem carências… ”
    Lindo Rosélia… Parabéns e obrigada pela oportunidade da “carona” em Texto tão bem elaborado e com tanta emoção.

  • Valéria
    Responder

    Oi Norma!
    Que bom! Vou tentar escrever então.
    Beijinhos!

  • Toninho
    Responder

    Uma bela e comovente historia de uma Antonia,que bem poderia ser as Marias,que fazem da vida uma especie de oração para levar a vida com garra e raça.Grato a Roselia e parabens por compartilhar e a voce Norma por mais uma brilhante ideia de abrir seu fantastico espaço, para estas historia.
    Meu abraço de toda paz e luz.
    Bju.

  • Roselia Bezerra
    Responder

    Olá, amigos queridos
    Graças a Deus, por aqui também tenho a “sorte” de me reunir às pessoas não sórdidas… gente de verdade que tem coração como eu e Antônia… ou Marias como disse o nosso amigo…
    Fico muito feliz por Deus me dar o Dom da escrita, segundo a importante opinião dessa gente querida e amiga: comovente, elaborado, encantador, emocionante… com redação bem escrita, RICA DE SENTIMENTO) um ítem importante para mim)…
    Agradeço o carinho e amizade de todos os que por aqui passaram (e vão passar) e faço votos de que nossa semana, com nova proposta da Norma (tão querida nossa pela criatividade e outros), seja abençoada e feliz!!!
    Bjm de paz e contem com a minha oração e lhes peço por mim desde já agradecendo.

  • Luzia
    Responder

    À medida que lia meu coração apertava e por momentos me senti Antônia, seguramente, prenúncios de um futuro e coincidência de forças…
    Fiquei encantada com a capacidade de me transpor a um sentimento desconhecido nessa dimensão mas seu talento me carregou até ele.

    Que maravilha! Encantador…
    abraços,
    Luzia

  • josé cláudio – Cacá
    Responder

    Parece que sempre falar é mais fácil do que a ação, mas eu continuo tentando adotar para minha vida o amor que liberta, que não amarra a ponto de nos causar tanto sofrimento diante de um rompimento (que não é por conflitos). A missão não é viver, reproduzir , ensinar, aprender e seguir em frente? Assim vou tentando, dando asas à minha prole e vendo-as (as duas) criarem sua vida independente, distantes, com amor e com liberdade. Não há como não sofrer, mas é preciso seguir. Abraços , paz e bem.

  • Socorro Melo
    Responder

    Olá, amigas (Rosélia e Norma)!

    É uma história triste, a da Antônia, mas, de superação. Gosto de pessoas determinadas, que mesmo sabendo que as mudanças podem causar transtornos em suas vidas, não desistem, e correm atrás do que lhes parece inovação, renovação, e aprendizado. Mudanças sempre trazem algo de bom, apesar das dificuldades impostas pelas circunstâncias.
    Entendi que Antônia cresceu, e que agregou valores à sua vida. Parabéns a ela!

    Meu abraço, com carinho
    Socorro Melo

  • Ana Karla -MIsturação
    Responder

    Assim como Antônia, eu sou muito saudosa.
    Em relação a chegar o tempo de ter que separar por que os filhos cresceram e cada um tomou seu rumo, não creio que seja necessário uma mudança brusca. Penso que podemos nos adaptar a uma vida diferente muito perto daqui.
    Linda essa história e essa é a minha continuação.
    Norma e Rosélia um xero grande para vocês.

  • Roselia Bezerra
    Responder

    Boa noite, amigos queridos deste espaço virtual tão acolhedor!!!
    Sigo lendo os comentários e me enriquecendo…
    Obrigado por verem um relato bem escrito (É Dom!!!)… que se faz envolvimento com o leitor… pelo voto de alento ao coração da protagonista da história… pela percepção das intenções retas de Antônia… com seus altos e baixos de quem vive em intensidade… pelos diversos pareceres enriquecedores para nós que escrevemos por amor…
    Sem os comentários, a nossa escrita se torna vã…
    Bjm de paz a todos.

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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