Quando o amor transforma…

Retornar aquele lugar sempre lhe parecera sofrido. Adiou o quanto pode. Tinha tantas recordações de alegria e pertencimento que não queria confrontar com a dor que sentiria com a ausência dos que não mais estariam ali.

Soube pelo irmão que a fazenda seria vendida, pois o inventário chegara ao fim. Logo sua mente se voltara àquela paisagem e aos entes amados, e teve a certeza que não poderia adiar mais este contato íntimo com sua dor.

No final de semana, pediu ao irmão que a acompanhasse a propriedade que fora dos avós maternos. Precisava ir, nem que fosse a última vez.

Após uma viagem de três horas, chegaram a porteira, que de imediato foi aberta pelo administrador. Quanto mais se aproximavam do casarão as lembranças  a tomavam  e dos olhos lagrimas jorraram.

Precisou alguns minutos para poder se acalmar. Desceu, lentamente, e olhou tudo a sua volta.

No ar o perfume das árvores e o som dos pássaros lhe envolveram numa atmosfera de aconchego. Sentiu-se em paz.

Percorreu todo o casarão e tudo lhe tocava com energias que há muito não sentira. As horas passaram rapidamente e anoiteceu.

Não precisou pensar muito. No jantar disse ao irmão que iria transformar  a fazenda numa pousada,  bem no jeito como fora na época dos avós. Animada com suas idéias, adormeceu com a certeza que a sua dor se transformara no sentido, que a partir dali, daria à sua vida e à propriedade.

Grata por sua visita

Norma Emiliano

Comments

  • chica
    Responder

    Que lindo e emocionante conto e a certeza que os avós lá do alto, ficaram felizes com a decisão de continuar a ter vida por lá,onde tão felizes foram> Legal! bjs, chica

  • verena
    Responder

    Que lindo conto, Norma
    Adorei ler.
    Um beijinho carinhoso
    Verena.

  • Ailime
    Responder

    Bom dia Norma,
    Lindo conto em que a saudade e amor iriam dar continuidade a que a propriedade ficasse na família.
    Gostei muito.
    Um beijinho.
    Ailime

  • taislc
    Responder

    Realmente, certas lembranças trazem saudades muito lindas, lindo conto, Norma! Dei uma voltinha no meu passado, também. Tive infância, que bom foi o que vivi.
    Uma boa semana, Norma, com saúde e esperança.
    Beijo

  • Rosélia Bezerra
    Responder

    Querida amiga Norma!
    O Amor de fato transforma.
    Pena que há corações insensíveis que não se deixam amar!
    Sempre bonitas suas postagens.
    Tenha dias abençoados!
    Beijinhos carinhosos e fraternos

  • Fá menor
    Responder

    Dizem que voltamos sempre aos lugares onde fomos felizes…
    há lugares cativos no coração dos quais não nos podemos alhear.

    Beijinhos.

  • Fê blue bird
    Responder

    Norma,
    Há memórias tão especiais e únicas que têm que ser preservadas.
    Uma homenagem linda aos avós , preservar o seu espaço.
    Muito belo este seu texto.

    Um beijinho,

  • Ane
    Responder

    Que belo conto, gostei muito de ler. A casa de nossa infância tem um valor sentimental que nenhum dinheiro do mundo paga. O destino dado a fazenda foi perfeito! Boa semana!

  • toninhobira
    Responder

    Assim como certas canções cabem em nós, esta lembrança e saudade, cai em mim. Viajei nas casas que fizeram minha infância e que foram retiradas pela necessidade de expansão da mineração. Lindo este voltar com determinação e refazer o lugar e preservar lembranças. Conheço casos reais assim Norma.
    Belo conto e mutação das coisas.
    Há sempre uma saída honrosa.
    Beijo amiga.

  • Anete
    Responder

    Gostei de refletir agora com o seu conto tão bem escrito. A vida é assim, precisamos seguir em frente com sonhos e realizações que tragam contentamentos. As lembranças e saudades têm o seu lugar, mas não podem ser impedimentos ou amarras.
    Bj

  • rudynalva
    Responder

    Norma!
    Que história linda e comovente.
    Obrigada.
    cheirinhos
    Rudy

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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