Felicidade

 feliz

 Imagem Laura Ribeiro

 

 O SER FELIZ

 

 

Casou-se muito jovem. Seu projeto maior era constituir uma grande família. Por trinta e dois anos, viveu com o sentimento de realização. Era feliz, tinha ao seu lado um marido atencioso e quatro filhos saudáveis e carinhosos.

Certa manhã, foi surpreendida pelo marido. Ele queria a separação. Atônita não conseguia entender o que lhe relatava. Só conseguia ouvir: você não merece que eu continue a lhe enganar.  Há anos seu marido tinha um outro relacionamento pelo qual, hoje, optara. Tinha consciência de que fora mãe dedicada, boa dona de casa, esposa e amiga.  Onde falhara?

Após várias conversas, ele se foi. Sentiu-se perdida. Os filhos casaram-se. De repente, viu-se sem as ocupações cotidianas, sem a companhia do homem a quem tanto se dedicara!  Assim, dia após dia, foi vendo seu corpo se transformar. A balança apontou-lhe trinta quilos a mais.

Não podia manter-se na inércia. Os amigos, todos em comum ao casal, já não lhe satisfaziam. Só lhe traziam recordações que desejava abandonar.  Agendou médico e terapia. Resolveu “dar a volta por cima”. Em quatro meses foi se reconhecendo, mas precisava conhecer pessoas, fazer novas amizades, construir um novo caminho.  Recomeçar.

Na dança de salão, conseguiu ir tecendo os seus fios. Cercada de pessoas de várias idades, foi recuperando a alegria de viver. Iniciou, também, curso de línguas. Contudo, sentia falta de uma companhia mais próxima, do afeto. Percebeu que tinha de virar uma outra página: a esperança do marido voltar. Queria encontrar novo parceiro.

Em um dos bailinhos, encontrou seu novo parceiro. A partir daí, sempre juntos, freqüentaram os salões de dança e foram se apoiando mutuamente.

Na passagem do tempo, algumas restrições surgiram.  Ao completar sessenta anos, mesmo após internação de quinze dias, quis fazer uma festa em sua homenagem.

Tudo foi detalhadamente programado. Reconectou-se com os amigos e contratou um DJ. Não queria deixar de usufruir tudo o que sentia ter direito. As dores da artrose, que não a largavam, não a impediriam de bailar. Sete meses sem ter podido quase caminhar. Sentia-se inchada, não estava tão bonita, mas nada disto seria obstáculo.

Em sua festa, muito alegre a todos recebeu. Cercada pelos filhos, netos, amigo e do atual parceiro, fazia uma grande celebração à vida. Quis de tudo usufruir. Culminou com a valsa a sua confirmação e demonstração do que é ser feliz

Norma Emiliano

 

No poema  abaixo, mais um olhar sobre  a felicidade.

 

Síntese da Felicidade
Carlos Drumond de Andrade
 
 
 Desejo a você…
 Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua Cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não Ter que ouvir a palavra não

 

 

Comments

  • Yoyo
    Responder

    Norma querida,
    Desculpe-me por não ter passado aqui antes.Fiquei a semana toda sem internet.
    Bjos

  • Astrid Annabelle
    Responder

    Olá Norma, boa noite!
    Um conto para fazer pensar…
    A partir do conceito que a mudança é a única realidade nessa vida…tudo é possível.
    Você escreve gostoso…tenho sempre a impressão que ouço você falando comigo!
    Beijo grande

  • Norma Emiliano
    Responder

    Olá queridas
    Yoyo e Astrid
    Fico feliz com a presença de vocês
    e de poder compartilhar meus pensamentos com vocês.
    beijos

  • Eu Mulher
    Responder

    Se essa mão é da própria pessoa da foto eu não sinto medo, mas se é de outra pessoa…tudo muda e eu já sinto um pouco de medo,rsrs.

    Volto com mais calma depois para ver todo o blog.

    Bjs

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