Nossas histórias

Forças invisíveis

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“Não podemos viver sem histórias, para que nos digam o que é real e importante, para saber quem somos, onde estamos, o que estamos fazendo e por quê.”

Diante de um antigo álbum, Paula revisita um tempo em que os sonhos eram tudo o que tinha de melhor. Vivia com seu pai e a madrasta. Com oito anos, sua maior distração era estar no colégio e no recreio brincar com os amiguinhos, Na volta encontrava as tarefas diárias que lhe esperavam: varrer a casa, lavar suas roupas, alimentar os animais e fazer seu dever escolar. A noite, após a janta, todos se recolhiam e ela ficava a olhar pela janela o céu estrelado.

Desde os 5 anos, após o falecimento da mãe seu cotidiano ficou sombrio apenas iluminado pelas estrelas e sonhos de conhecer outros lugares e, principalmente,  ver o mar.

O tempo passou, terminou seus estudos em sua pequena cidade e seu pai decidiu enviá-la par Natal, casa de uma de suas irmãs, para ela poder continuar seu aprendizado,  cursando uma faculdade. Aí um novo capítulo de sua história se iniciou. Não precisava mais sonhar, lá estava o mar e uma cidade linda para conhecer. Quis virar a página dos dias tristonhos que viveu até aquele momento, porém não sabia porque todas as noites sentia-se triste. Assim os dias, meses e anos se passaram e a felicidade almejada não chegou. Teve sucesso nos estudos, conheceu novas pessoas, a tia a tratava com muito carinho, o que lhe faltava?

De acordo com Nietzsche, “somos um fracasso” e  somos “uma ponte”.  O desejo da criança é agarrar-se  a algo seguro e  evitar o mundo desconhecido.  Assim sendo, o maior obstáculo de Paula é a sua própria restrição histórica que a mantém presa à experiência passada, sem conseguir se reimaginar para que possa viver no presente.

Norma Emiliano

Comments

  • chica
    Responder

    Peguei o post quentinho, saindo do forno…

    Assim como Paula, tantas outras pessoas que buscam a felicidade, mas não tratam de se entender melhor…Então, nunca a alcancarão completamente,ainda que tenham realizados sonhos… Gostei! bjs praianos,chica

  • toninhobira
    Responder

    Interessante como a falta de repaginar-se deixa tudo como antes. Reinventar historias se permitir sonhar e criar possibilidades e se lançar numa nova página, é muitas vezes uma ação abortada sob a pressão do medo ou mesmo por desconhecer que há um novo.
    Beleza de partilha Norma.
    Abraços.
    Bjs.

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