Meu filho vai casar

 

Por isso DEIXA o homem pai e mãe…” (Gn 2:24a).

A relação dos filhos com os pais atravessa diversas etapas do ciclo de vida familiar. Nessas passagens, os diversos membros, mesmo sem muita consciência, reorganizam-se emocionalmente e em ações. A etapa da saída dos filhos, por casamento, mobiliza sentimentos entre os diversos membros, principalmente, entre os pais e os filhos. Esses sentimentos são ambíguos, alegria e tristeza envolvem os corações. A perda se faz presente, todavia, cada família tem suas especificidades e este momento é vivenciado de forma única por todos os envolvidos. Assim sendo, as facilidades e dificuldades do estabelecimento das fronteiras do casal entre si e com suas respectivas famílias estão estritamente ligadas às suas histórias familiares.

Na atualidade, o ritual do casamento, cerimônia e comemoração, é um investimento de grande escala, principalmente, nos centros urbanos; investimento financeiro e de tempo. Normalmente, um ano é o prazo que o casal leva planejando e contactando com as diversas empresas que se dedicam a cada item do evento (salão de festa, convite, cerimonial, buffet, ornamentação, doces etc). Hoje, não há regras fixas a seguir, as famílias podem colaborar em um comum acordo. Mas cabe frisar a importância de que o primeiro projeto do casal seja da sua responsabilidade. Esta primeira trajetória já expressa a forma como cada um dos parceiros lida com sua própria família.

O casamento é a união de duas identidades distintas, mas essas trazem uma bagagem inerente às suas famílias de origem e, portanto, esse evento marca o encontro de duas famílias. No casal, as influências são recíprocas e para o estabelecimento de uma relação sadia é necessário o sentimento de pertencimento.

O casamento é o símbolo da mudança no status de todos os membros familiares. O casal necessita construir seu próprio espaço para preservar a unidade; isso significa misturar suas culturas no projeto de vida conjugal. Os pais precisam estar atentos de que a sua contribuição nessa construção é imprescindível e, portanto, precisa facilitar as mudanças necessárias na relação pais-filhos. A convivência que era diária precisa ser cortada para facilitar o investimento do casal em sua nova fase, construção da parceria. A privacidade é imprescindível. A dependência dos pais precisa ser rompida nos aspectos emocional, geográfico e financeiro.

A privacidade impõe limites. Os pais precisam estar conscientes da nova realidade para que não surjam as competições entre as famílias e conflitos de lealdade. A moradia ajuda na construção desses limites, ou seja, não dividir espaço com as famílias de origem. Por outro lado, o casal necessita ficar responsável por suas despesas. Pais superprotetores bancam as despesas. O casal precisa ter condições financeiras para se autossustentar.

A percepção da dinâmica familiar amplia as possibilidades do entendimento de que o outro faz parte do nosso processo evolutivo inter relacional e a saída dos filhos para casar é um momento crucial de resignificação do sentido de vida.

Norma Emiliano

 

Comments

  • Nilce
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    Norma como eu gosto do seu trabalho.
    Este texto é muito bom, mas é tão difícil nos dias de hoje o casal assumir sozinho suas despesas e até seus problemas.
    Tentamos ficar isentos e ao mesmo tempo por perto, mas a busca por ajuda é frequente. Parece que não amadurecem o suficiente para assumir uma nova família e não adianta pedir para que esperem, tem pressa. Isso os torna impotentes diante de qualquer probleminha que apareça.
    No meu caso, não de despesas, mas até uma dor de cabeça, pode me acordar na madrugada. Juro que não sei o que fazer. Ao mesmo tempo, em problemas que poderia dar conselhos, não aceitam. Deixo-os passar por situações de decisão até difíceis, mas sou cobrada depois. Se tento ajudar, sou intrometida. Fazer o quê?

    Bjs no coração!

    Nilce

  • Norma Emiliano
    Responder

    Oi Nilce
    É assim como descreve. Porém, há momentos que se tem de ser dura, dar limites, mesmo sendo por eles criticada. Isto também é amor, mesmo que eles não consigam entender.
    Os pais não duram para sempre, a sociedade não aje como os pais e se eles não aprendem vão sofrer muito, muito mais. E como agirão com os filhos???
    Sou profissional e tenho de orientar e tenho que também por em prática, na minha família, aquilo em que acredito. É duro mas precisamos fazer.
    bjs

  • Nilce
    Responder

    Obrigada pelo seu carinho sempre, Norma.

    Bjs no coração!

    Nilce

  • josé cláudio – Cacá
    Responder

    Perfeito, Norma! A esperança é que as pessoas começam a voltar suas atenções mais sobre o significado responsável das uniões do que com o evento em si. O evento é de suma importancia como uma espécie de rito de passagem, mas a vida tem que continuar com seus ciclos onde os papéis devem ser assumidos com seus desdobramentos. Meu abraço. paz e bem.

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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