Felicidade é um direito?

 

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Desde os primórdios da humanidade a busca pela felicidade é uma mola mestre a estudar, a trabalhar,  a realizar coisas, formar vínculos afetivos  e continuar agir com as novas necessidades. Entretanto, o mundo contemporâneo  perpetua um ideal ilusório de completude, levando as pessoas a  se portarem como se fossem  sempre felizes. 

 

Cresci ouvindo dos familiares que eu era esforçada. Até certa fase da vida, esta crença não foi boa, pois considerava que para tudo tinha que fazer muito esforço e ter persistência; não confiava na minha inteligência e intuição. Contudo, na contemporaneidade ressignifico  esta crença, tendo em vista que a educação tem partido do princípio do patrimônio da felicidade, ou seja , os pais dão tudo aos filhos e estes crescem na ilusão de que a vida é fácil e ignoram que a vida é uma construção.

Esta geração extremamente protegida pelos pais de frustrações sente-se descompromissada e vai para o mundo considerando-o uma extensão de sua família e com a crença da felicidade constante;  desconhece as limitações  e a fragilidade humana. Mas nada é completo e a relação familiar se constrói sobre uma ilusão e falta de intimidade que com o tempo leva ao adoecimento.  O sofrimento é inerente a vida e este não é  enfrentado.  Filósofos, Platão, Aristóteles e Shopenhauer, entre outros, atribuíam à vida desafios de diversas ordens que  confronta o homem com a frustração, sofrimento e decepção a partir do momento do nascimento, deixando cicatrizes que são impossíveis de apagar,

A realidade do viver é traçada nas adversidades que a natureza, o corpo e as relações interpessoais nos impõem e é  a inquietude  que estas originam que  proporcionam  à raça humana o movimento de busca de melhoria individual e coletiva. Portanto, para se ter um lugar ao solo é necessário que se  lute e se persevere.

Na educação tanto o sim quanto o não criam os alicerces necessários para se enfrentar o viver.  “Seja Feliz! Terrível mandamento ao qual é mais difícil subtrair-se porquanto ele pretende nosso bem […] por dever de felicidade […] esta atribuição da euforia que relega à vergonha ou à enfermidade aqueles que não se adéquam” (BRUKNER apud GOROSTIZA,  2009).

Referência bibliográfica

GOROSTIZA, Leonardo. Felicidade ou Alegria: Opção Lacaniana, n.54. São Paulo: Eolia, p.3-7,Maio, 2009.

Norma Emiliano

Comments

  • jeannegeyer
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    bah, Norma, o título até me assustou, pensei que era uma afirmação, embora esteja formulado como pergunta. Perfeita tua crônica, concordo com tudo, temos que parar com essa fuga doentia da realidade buscando uma felicidade que não existe. sou totalmente existencialista embora Cristã. Sei e pratico a responsabilidade pelos meus atos e exorto a quem eu possa influenciar a fazer o mesmo. bjs

    http://deolhonoarcoiris.blogspot.com.br/

  • toninhobira
    Responder

    Olá Norma, que bom que normalizou por aqui.
    A felicidade que tantos cantam em versos e prosas e nunca se chega a uma definição perfeita assim com a saudade. Muito se ouve ainda esta expressão de esforçado e eu sempre dedicado já a ouvi pela vida. Viver é estar nesta busca da felicidade e pelos caminhos encontramos todos os tipos de sofrimentos e que muitos vezes parecem maiores do que nós, principalmente quando não se tem um alicerce, a casa cai e o ser sofre muito além do grau.
    Muito boa postagem amiga.
    Meu terno abraço.
    Bjs de paz

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