Família, tesouro a ser lapidado

images (3)

Ao nascermos, absorvemos séculos da existência através da nossa transgeracionalidade. Encontramos um solo já semeado e receberemos muitas expectativas decorrentes daqueles que nos geraram e dos demais membros próximos.

A família caminha através dos tempos atravessa várias fases e entrecruza as etapas dos seus membros;  é sempre um tesouro que nos constitui,  fornecendo raízes para podermos crescer e florescer. Nela estão, de forma visível ou invisível, os recursos, principalmente internos para  traçarmos um caminho que seja o almejado. Contudo, no traçado das interações contínuas entre os diversos membros há uma intrincada rede, que se não for percebida pode ser paralisante.

A inauguração de uma família (nuclear-pais e filhos) se dá com o nascimento dos filhos, seguindo  etapas do ciclo vital,  Entretanto, na contemporaneidade surge maior complexidade, tendo em vista as separações e recasamentos, pois a  formação desse novo casal não ocorre dentro do que se espera no Ciclo Vital e acarreta mais cruzamentos de histórias. Carter e McGoldrick (2001), explicam bem este fenômeno quando afirmam que um segundo casamento envolve o entrelaçamento de duas, três, quatro ou mais famílias. Assim sendo, passar do “nós” da primeira família para o “nós” da segunda é possível, mas não acontece de imediato, exige tempo.

Por outro lado, com a nova identidade familiar, os filhos podem ter conflitos de lealdade em relação aos pais biológicos. Isto implica, que cada cônjuge, unido com seu ex cônjuge, deve assumir a responsabilidade da educação e disciplina dos seus próprios filhos. Limites nem sempre muito fáceis, pois as referências pessoais (bagagem da família de origem) de cada um são colocadas em cena.

Portanto, nessas famílias, apresenta-se uma série de questões centrais que precisam ser negociadas pelas famílias recasadas, tais como: associação – “quem são os verdadeiros membros da família? Espaço – “qual é o meu espaço?” “A que lugar eu pertenço?” Autoridade – “quem realmente está no comando do dinheiro, das decisões?”, e de tempo, “a quem dedico meu tempo, quando e quanto recebo deles?” (Carter & McGoldrick, 2001).

No obstante, não se pode deixar a conjugalidade esquecida, em qualquer das configurações, a favor dos filhos e em prejuízo da intimidade.  Nas famílias recasadas,  o relacionamento do casal é mais recente e menos desenvolvido que a relação entre o pai ou a mãe biológica e os filhos, o que dificulta o fortalecimento da intimidade do casal (Carter & McGoldrick, 2001). São muitos os desafios, mas é vital encontrar tempo e energia necessários para nutrir o relacionamento, o espaço para o casal, caso contrário o recasamento esta destinado a falência.

Referência

McGoldrick, M. & Carter, B. (2001). Constituindo uma família recasada. In B. Carter & M. McGoldrick & cols., As mudanças no ciclo de vida da família: uma estrutura para a terapia familiar (pp. 344-369). Porto Alegre: Artmed

Grata por sua visita

Norma Emiliano

Comments

  • chica
    Responder

    Muito lúcido e lindo esse texto. A família é a coisa mais linda, mas sempre temos que ajeitar com amor a convivência de todos! E vale muito! bjs, chica

  • toninhobira
    Responder

    Boa noite Norma.
    O recasamento será sempre uma pedras complexa de ser lapidada como o belo texto exemplifica e tipifica. Reunir cabeças diferentes num só desejo e pensamento trás uma carga pesada de conscientização dos direitos e o desejo de fazer dar certo.
    Uma bela partilha Norma falar deste tesouro.
    Carinhoso abraço e feliz semana.
    Beijo amiga.

  • Roselia Bezerra
    Responder

    Boa Noite de paz, querida amiga Norma!
    A família´ nos ensina o bem e também o que não é família, muitas vezes.
    Muito bom quem pode ter uma bem unida.
    Minha infância me deu uma pauta do que era família.
    Lá fui muito feliz dentro de uma que tinha como minha… tive muitos tios e primos naquela época. Muito bom!
    Tenha uma noite abençoada e feliz!
    Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

  • taislc
    Responder

    Ótimo teu texto, muito difícil a nova família, uma vez que a família de origem já não vive em harmonia. Aparecem as culpas, as mágoas e os filhos precisam se adaptar ao novo membro, que na verdade, não sendo o biológico pode gerar uma traição na cabecinha das crianças.
    Beijo, boa semana!

  • Calu
    Responder

    Assunto muitíssimo importante e sempre atual. Inúmeras indagações se apresentam neste cenário reclamando atendimento e elucidações para a melhor convivência entre os muitos envolvidos.
    Um bom começo é apontado nos parágrafos: 4º e 5º do texto.
    O tempo aliado com empenho e ajuda profissional tende a dar bons resultados.

    Ótima abordagem, Norma.
    Bjos,
    Calu

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

%d blogueiros gostam disto: