Envelhescência

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“Voltar a pensar e sonhar”-

crise como poesia

O programa Café Filosófico da TV Cultura sempre instiga a refletir sobre temáticas significativas para a sociedade. Assim sendo,   já ocorreram diversos programas direcionados ao envelhecimento,  caracterizando a importância desta etapa para o mundo contemporâneo, no qual as pessoas estão mais longevas.

Ontem, 10/09, Velhice: potência de vida ou sinônimo de “lixo  social, foi abordado pela psicóloga Ruth Lopes,. Em  suas palavras este é um tema ainda como muitas  designações negativas, porém  parodiando Arnaldo Antunes, na música Envelhecer, afirma que:  “A coisa mais moderna que existe nesta vida é envelhecer.”

Esta especialista aponta que os velhos sempre existiram, mas hoje em dia, há uma velhice peculiar, específica, velhos  desejantes, que não atendem as expectativas do que é ser velho. Há uma velhice criativa.  Portanto, é preciso ao se pensar, levar  em conta o contexto social em que está inserida;  o sujeito, sua cultura e economia, que são essenciais para as políticas públicas. Há uma velhice múltipla e  há necessidade de políticas públicas múltiplas.

A ideologia da negação da morte no mundo ocidental é uma característica impeditiva de elaboração para se viver o envelhecimento e a finitude.

É preciso  inventar outras formas de amparar essa nova velhice que se diversifica em muitos aspectos, inclusive na sua subjetividade e consequentemente em seu  comportamento. “Pessoa em trânsito psíquico”.

“O que é melhor? Ser respeitado ou ser desejado?
Velhice é quando a gente começa a ser tratado como “objeto de respeito” e não como “objeto de desejo”. Mas o que quero não é ser olhado com respeito, mas com desejo…(…) Sugiro um nome diferente para essa idade, que não é ironia, mas poesia: “Pessoas portadoras de crepúsculos no seu olhar…”.Rubem Alves

Rota da Colisão
“De quem é esta pele
que cobre a minha mão
como uma luva?
Que vento é este
que sopra sem soprar
encrespando a sensível superfície?
Por fora a alheia casca
dentro a polpa
e a distância entre as duas
que me atropela.
Pensei entrar na velhice
por inteiro
como um barco
ou um cavalo.
Mas me surpreendo
jovem velha e madura
ao mesmo tempo.
E ainda aprendo a viver
enquanto avanço
na rota em cujo fim
a vida
colide com a morte.”

In: COLASANTI, Marina. Rota de colisão. Rio de Janeiro: Rocco, 1993

Comments

  • chica
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    Um tema muito interessante em bela abordagem por aqui! Precisamos saber envelhecer ,aceitar perdas físicas,compensá-las com outras coisas agradáveis…beijos, linda semana,chica

  • AILIME
    Responder

    Boa noite Norma, muito boas essas reflexões que se debruçam sobre o envelhecimento um tema tão actual em que, embora haja uma velhice criativa, por outro lado há uma quantidade enorme de idosos sem os cuidados essenciais.
    Beijinhos e boa semana.
    Ailime

  • Zizi Santos
    Responder

    Concordo com o tema proposto de que existem múltiplas velhices e suas transições . Além do amparo físico há de existir o amparo psíquico para enfrentar esse novo caminho.
    A poesia é ótima !
    bjs

  • Valéria
    Responder

    Tema que precisa ser muio falado, até porque precisa-se ter o envelhecimento, verdadeiramente acolhido… pois se hoje em dia, se faz possível se viver muito mais, que o seja na forma de um bem viver de fato.
    Se não se morre, infalivelmente, se envelhece…que o seja do melhor modo possível, que haja vida, intensidade em cada um dos nossos dias… envelhecer, literalmente é um grande aprendizado…
    Beijos,
    Valéria

  • Diná
    Responder

    Muito bom expor este tema que tantos sentem temor em aceitar, saber envelhecer é uma dádíva, a velhice deve ser desconfortável para quem se amofina e acha que é realmente um “lixo”, há que se ter desejos de continuar a vida,criando algo , participando interagindo, do contrário o Alemão chega perto e te condena a vegetar. Há tantas coisa para fazer, aprender, estudar, ler muito, ir ao cinema, viajar, conversar com os jovens de cabeças sadias e por ai vai, é prioridade inovar!

    Boa noite ,adorei o que li!
    bjs,
    Diná

  • Calu
    Responder

    Excelentes colocações. O assunto precisa ser cada vez mais exposto e debatido em todas as searas da sociedade. A população da terceira idade já aí está e formada por cidadãos contribuintes e ativos, em sua maioria.
    Em questão individual, vejo muita gente se aprimorando no autoconhecimento para envelhescência e redescobrindo que pode muito, que pode e deve realizar projetos, criar novas perspectivas, viver inovações aproveitando o tempo livre…

    Adorei a partilha, Norma.
    Bjo,
    Calu

  • toninhobira
    Responder

    Mais uma bela contribuição para este tema do envelhecer-se, cada vez mais discutido e ainda pouco eficientes os programas e iniciativas, que possam auxiliar nesta transição que dentro das condições sociais chegam a ser degradantes mesmo Norma. As inserções de pensamentos perfeitas que exploram bem esta busca de leveza, mas que a realidade vem como uma faca afiada.
    Muito boa postagem para reflexões.
    Valeu sua partilha bem como dica de programa a ser visto.
    Bjs.
    Compartilho.

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