Meu melhor momento – Denise / Luma

Estamos chegando a reta final, contando, com  a participação das amigas queridas, Denise, do blog Tecendo Ideias e Luma, do blog luzdeluma. Um belo encontro de afetos contidos na memória transposto à vida.

No tocar a alma do outro se faz o grande encontro da vida


Meu melhor momento-denise

Meu melhor momento?  Pensando sobre isso, considerei uma hipótese razoável  – comum a quem acredita em possibilidades e não cerra nenhuma porta – a de que ele pode estar por acontecer, posso ainda não tê-lo vivido. Entretanto, suponho que a proposta seja compartilhar de um momento inesquecível, que marcou minha existência. Tarefa difícil eleger “o melhor”, destacar um, dentre os tantos que vivi…

O melhor não necessariamente é o mais importante ou grandioso, certo? Parto dessa premissa para encontrá-lo, pois ainda não sei qual vou escolher.

A memória seletiva está se manifestando, desfilando cenas que remontam minha história desde há muitos anos, como se a me recordar dos inúmeros motivos a agradecer, por ter experimentado emoções tão incríveis.  Foram estes momentos, seguramente, que deram sentido e vida, à vida.

Em contato com estas memórias, percebo que reluto pela escolha isolada, sobrepondo a um fato, outro mais significativo, não conseguindo determinar um, apenas.

Vou desconsiderar os momentos especialíssimos, e tudo que os envolve, como o primeiro beijo, o casamento, o nascimento dos filhos, do neto, a colação de grau. São incomparáveis, impossível optar por um.

Como uma imagem insiste em voltar, enquanto o corpo reage ao reeditar o momento, concluo que foi o próprio momento quem propôs evidência, talvez confirmando o que está muito presente na minha vida nos tempos recentes: a simplicidade do sentir, do vivenciar a vida.

O melhor momento foi aquele em que a cabeça tocou um ombro amigo, amoroso, acolhedor – e ficou assim, no compasso de uma mesma respiração. Olhos fechados, apenas sentindo o apoio, a calmaria que reinava naquele hiato de tempo roubado da vida cotidiana, tão acelerada que anda esquecida do valor sublime de um gesto (tão simples!) de carinho. O breve aconchego compartilhado naquele instante preencheu, ainda que transitoriamente, as fendas deixadas pelas desconstruções da vida.

Um momento de amparo, próprio dos que têm intimidade, que agasalhou minha alma; o melhor que poderia ter – neste agora.

Denise

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“Minha mais cara lembrança”


“Para domesticar alguém, basta partilhar um sofá e um jornal de fim de semana”. Assim dizia pablito e agora chegando o dia dos pais, penso… Nas árvores do meu Pai…

arvore de romã

Cada vez que vejo cortada uma árvore, penso no meu Pai. O meu Pai plantava árvores nas horas vagas. Mamãe conta essas histórias porque quando ele morreu, eu tinha 5 anos. Era assim: Pensava nas árvores que iria plantar enquanto ia plantando outras que também queria plantar. Mamãe até desconfiava dessa sua parte do cérebro sempre ocupada e preocupada com as suas árvores. Estudava a composição de solos, quantidades de água… comprava algumas novas, outras desenraizadas de outros locais; como algumas, que nunca deram frutos, pois eram “experimento”. Viajava e trazia uma árvore, com a devida autorização: “sabe que aquela ali tem mais de mil anos?”. Não é extraordinário pensar que lá na fazenda um dia terá uma árvore de mais de mil anos? Isso, se algum infeliz não arrancá-la antes. Penso nessa eternidade das árvores, esse mistério da longevidade, esse silêncio do passar dos séculos, a guarda do encanto e da beleza do verde, a imponência e sobriedade, estão lá! E quando ando por entre elas, respiro fundo, penso partilhar o mesmo ar com meu pai. Quando vejo uma árvore cortada ou uma mata queimada, penso que poderiam ser as árvores do meu pai. Penso, como alguém que as pode amar dessa forma, com a mesma alegria que o meu Pai, em toda a vida, passou à família. [Pausa: E todos os anos, todos os anos, todos os anos, o homem desmata. Cortam mais e mais ardem no fogo] Papai pensava nas árvores, mas se matava. No final da noite saía despejando os cinzeiros na lixeira e depois me levava para para a varanda, num estalo de calor estagnado e parado da noite e eu morrendo de medo das rãs voadoras. Nessa hora, sentávamos na varanda para a última cigarrilha e pegávamos pedrinhas para atirar nas rãs… Pinga as lembranças. Ele não esta mais aqui, nem os cigarros e nem as rãs. … E hoje, o vento assobia e dança e assola as janelas do meu quarto andar, o mar que avisto da janela não tem a preguiça de um abraço depois de um domingo de pescarias. Só sinto a doçura que chega com o piar dos pardais.
Luma
Lindas imagens de  afetos e intimidades  traçadas no percurso da vida que nos enterneçe  e nos  envolve. Grata queridas amigas por terem coroado nossa ciranda com  sentimentos profundos e gestos simples de AMOR À VIDA.

Comments

  • chica
    Responder

    Adorei as participações.

    Denise escolheu o momento do amparo, do carinho e Luma, foi buscar nas lembranças do pai e dos momentos com ele vividos…

    beijos,linda semana às três,chica

  • C.
    Responder

    Momentos de amparo como tao bem a Denise colocou sao realmente momentos marcantes, em que deveríamos lembrar sempre, e nao dos momentos ruins.

    O texto da Luma serviria para o dia dos pais, bem linda lembrança, daquelas que viram momentos eternizados.

  • josé cláudio – Cacá
    Responder

    Denise, de fato é impossível uma escolha que não seja eliminatória de tantas outras, mas o amparo, o afeto é sem dúvida, pilar para quaisquer momentos vindouros. Adorei!

    Luma, outro dia eu disse que sou meio idealista como planta. Acho que plantas também tem ideais: crescer, frutificar e fornecer oxigênio, simbolizado em troca com o mundo exterior. Essa imagem que seu pai lhe legou é um sentimento nobre por demais e muito belo. Adorei também.

    Meu abraços e todas e ótima semana.

  • Valéria
    Responder

    OI Norma!
    Escolher momento é tão difícil quanto escolher qual melhor participação aqui. Noooossa, tantas vivências e memórias lindas, seja em prosa ou poesia!
    Hoje, a Denise e a Luma tocaram naquelas memórias mais afetivas, do encontro com o outro, da sua proteção e carinho, seja no amigo que ampara, seja no pai que protege. Lindas!

    Parabéns e beijos em todas! Boa semana!

  • Ana Karla Misturação-Misturão
    Responder

    As boas lembranças citadas por Denise e Luma são sem dúvida grandes momentos.
    Luma sensibilizou com a leveza da história de seu pai.
    Xeros

  • Maria Emilia Xavier
    Responder

    Lindíssimos depoimentos que relatados dessa forma se transformaram em Obras dignas de serem impressas , exatamente porque Denise e Luma são excelentes Escritoras. Parabéns Denise, Parabéns Luma. Obrigada, mais uma vez, Norma pela semana extraordinária onde você reuniu depoimentos que nos levaram a refletir, encantaram os olhos e na mente ainda pululam palavras, opiniões e o melhor…RECORDAÇÔES.

  • Gina
    Responder

    Ainda ontem comentava sobre a dificuldade de escolher um só momento.
    Ando tão reflexiva, que me identifiquei muito com esses dois depoimentos, sobretudo porque hoje recebi um abraço e um beijo calorosos. Estava precisando mesmo e aquele momento foi bom demais!
    Temos tantos motivos para ser gratos por nossa vida não passar em branco!
    Denise e Luma foram muito felizes em seus relatos. Quanto lirismo e simplicidade!

    E você, Norma, está conseguindo unir os relatos similares com maestria.
    Beijos!

  • Élys
    Responder

    Dois momentos, tanto o da Denise como o da Luma ….Encantadores.
    Ambas colocam seus momentos de forma maravilhosa. Nos dois casos uma sublime emoção vibra no ar quando estamos lendo estas bonitas narrativas.
    Parabéns as duas.
    Beijos.

  • Toninhobira
    Responder

    Belas apresentações em forma de lembranças e afetividades, que fizeram momentos importantes na vida das amigas, e aqui sentimos a dificuldade de eleger um momento sem a exclusão de outro. Parabens às amigas por esta partilha.
    Uma boa semana nesta festa de aniversario com tão belos relatos.
    Um abraço de toda paz.
    Minha terna admiração.
    Bju.

  • Responder

    oi Norma,

    recebi o convite com muita alegria,
    e amanhã estarei aqui…
    beijinhos

  • Socorro Melo
    Responder

    Olá, gente!

    Achei incrível o momento de amparo relatado pela Denise. Nada se compara ao bem estar que um aconchego, de um ombro amigo, nos faz.
    As lembranças da Luma, a lição de amor à natureza deixada por seu pai, são belíssimas.
    Parabéns, meninas!

    Beijos, Norma!
    Socorro Melo

  • Beth Q.
    Responder

    Nossa, que lindas e tocantes participações da Denise e Lumita!
    um beijo grande a todas vocês.

  • Roselia Bezerra
    Responder

    Olá, queridas amiga
    Fiquei encantada com o penúltimo parágrafo da amiga Denise… espetacular!!!
    E não é assim tão fácil de se encontrar ao longo da vida com gratuidade…
    O seu relato, Luma, vem bem de encontro com meu post de ontem sobre as florestas…
    Meu encontro diário com meus melhores momentos tem sido na sua série, Norma…. e tem valido à pena!!!
    Sejamos todos cercados de bons momentos que juntando como numa colcha de retalhos… nos dará um produto no final na nossa existência por aqui de MELHOR MOMENTO… o vivido com toda plenitude do nosso ser… de coração a coração…
    Bjs de paz a todos e amanhã a grande festa…

  • Rute
    Responder

    Nossa! Quanta sensibilidade nos dois testemunhos. Norma você tem uma habilidade fantástica para juntar empatias…

    Relatos lindissimos, recheados de emotividade. Memórias simples mas poderosas. Mexeram connosco.

    Muito lindo este momento proporcionado a quem visita o PensandoEmFamilia.
    Parabéns Denise, Parabéns Luma, Parabéns Norma.
    Beijinhos.
    Rute

  • Denise
    Responder

    Norma, fico feliz por estar aqui, interagindo com as pessoas que gostam de compartilhar, que compreendem teu gesto e fazem de uma ideia feliz, uma oportunidade ótima de troca e partilha.

    Meu agradecimento para Chica, Cris, Cacá, Valéria, Ana Karla, Maria Emília, Gina, Élys, Toninho, Socorro e Beth pelo carinho de suas observações, e em especial a você Norma, pelo espaço que abre agregando pessoas e ideias, sentimentos e momentos especiais.

    Adorei teu texto Luma, dividir com vc o espaço foi uma gostosa experiência, principalmente pelo teor de tua mais cara lembrança, pela mensagem linda que carrega e pelo significado perfeito desse amor que soube admirar um homem que deixou valores desta natureza a sua filha. Emocionante e infinitamente belo!

    Um grande abraço a todos, minha admiração e emoção Luma e minha gratidão Norma!

  • Norma Emiliano
    Responder

    Queridos amigos

    Vocês têm mantido, por oito dias, essa ciranda repleta de lindos recortes de vida. ” Relatos lindissimos, recheados de emotividade. Memórias simples, mas poderosas”, nas palavras da Rute e belas apresentações em forma de lembranças e afetividade, nas de Toninho. Os que chegam em comentários ampliam a nossa rede.
    Vamos celebrando e reafirmando a dádiva do VIVER. Como Denise nos assinalou é uma felicidade ser rodeada de “as pessoas que gostam de compartilhar, que compreendem teu gesto e fazem de uma ideia feliz, uma oportunidade ótima de troca e partilha”. É tão intensa a troca que vocês comentam entre si como se estivéssemos numa conversa.
    Confirmo os dizeres da Rosélia que “sejamos todos cercados de bons momentos que juntando como numa colcha de retalhos… nos dará um produto no final na nossa existência por aqui de MELHOR MOMENTO… o vivido com toda plenitude do nosso ser… de coração a coração…”
    Amanhã, em festa, encerramos os relatos com a amiga Macá.
    bjs,

  • Denise
    Responder

    Gostaria de complementar os agradecimentos, incluindo as amigas Rosélia e Rute, que comentaram após eu ter deixado meu recadinho anterior.

    Imagino que com Macá, o fecho seja de ouro!
    Até amanhã, um beijo!

  • Regina Rozenbaum
    Responder

    Olá Norma!
    Vim do blog da, irmigamada, Dê ler esses momentos. Parabéns pelo aniversário e pela ideia… bacanérrima!
    Beijuuss n.a.

  • Lizete Ferraz
    Responder

    Lindos os momentos escolhidos…Denise ao escolher o compartilhar afeto, amor e carinho…

    E Luma, ao escolher um momento de lembranças vivido tão carinhosamente com o pai… momentos que não esquecemos jamais…

    Estou chegando atrasadinha, mas não poderia faltar…
    Beijos, Norma!

  • luma
    Responder

    Grande momento, Denise!! Algo que todos deveriam sentir em algum momento na vida: PAZ, associada a aconchego e segurança; amparo que assegura que não estamos sozinhos nessa jornada!!
    Norma, obrigada pela companhia perfeita que encontrou para dividir comigo o seu espaço.
    Obrigada à todos pelos comentários animadores!!
    Beijus,

  • Odele Souza
    Responder

    Dois belos textos os de Denise e Luma. Afeto de amigo, afeto de pai. Afetos. E o encontro deles. É muito bom pra nossa alma.

    Beijos Denise, beijos Luminha.

  • Astrid Annabelle
    Responder

    Venho acompanhando aos poucos todos os relatos e fico encantada Norma. São textos de pura emoção.
    Parabéns às duas Denise e Luma… dois momentos excelentes dessa festa.
    beijão para todos.
    Astrid Annabelle

  • Glorinha Leão
    Responder

    Que lindas recordações. Emocionantes mesmo! A Denise tocando no afeto, no prazer do do aconchego, do ombro com que se pode contar e a Luma com uma lembrança linda, comovente de seu pai…Figura forte que nunca esquecemos, né, Lumita? Parabéns às três meninas pelas doces palavras e o doce compartilhar, beijos,

  • Denise
    Responder

    Voltei para agradecer o carinho da Regina, minha amada, Lizete, a Luma – minha parceira – Odete, Astrid (que bom te rever aqui!) e a Glorinha.
    Encantada com este afeto e as observações carinhosas.

    A responsável é vc, Norma.
    Grata e feliz, deixo para todos um beijo!

Grata por sua visita sempre bem-vinda.

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